
Ele não foi levado a sério, quando o seu nome despontou como o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos.
Muitos julgavam-no simplório e despreparado, mas Ronald Reagan acabou impedindo o presidente Jimmy Carter de conquistar um segundo mandato, usando uma linguagem simples, que tratava dos anseios do americano médio.
Sua frase: ''Você está melhor agora do que estava há quatro anos?'' usada no final de um debate presidencial contra Carter representou uma virada de jogo contra o líder americano que, na ocasião, ainda liderava as pesquisas.
O ex-governador da Califórnia compensou o fato de não conhecer muitos temas a fundo com um grande carisma e um talento natural para os debates e as câmeras – herança de sua longa passagem como astro hollywoodiano.
Reagan veio a se tornar um dos mais populares presidentes americanos, um dos artífices do colapso do império soviético e um líder identificado com um período de opulência e prosperidade na história de seu país.
Olhando para trás, é fácil ver resquícios de Reagan na candidata a vice-presidente na chapa de John McCain, a governadora Sarah Palin.
Ela também foi apontada como simplória e despreparada, mas mostrou-se capaz de eletrizar a base de seu partido, com grande carisma, opiniões conservadoras e um talento natural para as câmeras.
Essas qualidades foram todas exibidas por Sarah Palin no debate de quinta-feira à noite.
Quando todos acreditavam que ela seria arrasada pelo experiente Joe Biden, a governadora compensou sua escassa experiência com seu dom de cativar o americano médio.
E, vale lembrar, não parece ter sido mera coincidência que a governadora do Alasca tenha feito três referências a Ronald Reagan em sua participação no debate de ontem à noite.
Inclusive, reproduzindo, quase que literalmente, uma frase dita por Reagan em um debate contra Carter: ''Lá vai você de novo, Joe'', tanto a frase original como a de ontem foram menções a referências insistentes dos rivais a temas que os dois republicanos preferiam ignorar.
Pode ser que Sarah Palin, ao final desta campanha, volte pura e simplesmente a ser a governadora do Alasca.
Mas se John McCain não chegar à Casa Branca e Barack Obama não cumprir as enormes expectativas em torno dele, pode ser que nós voltemos a nos deparar, nos próximos quatro anos, com a linguagem simples e franca de Sarah Palin.
E, mais importante, com seu dom natural diante das câmeras.
(Bruno Garcez, 03/10 - BBC Brasil)
Na imagem: Ronald Reagan por Andy Warhol e Sarah Palin na Convenção Republicana. Para a mídia americana, a moça já havia perdido o debate antes mesmo dele começar. Como no de John McCain contra Barack Obama, não foi bem assim.
Thales Azevedo.
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