
O patrício era o Vieira.
"O rapaz chorava agora", escreve Coutinho numa das crônicas. "De alegria, mas chorava. Então o livreiro, Vieira de nome e português de origem, tomou o rapaz nos braços. Providenciou um banho quente, uma sopa. Roupa lavada."
Os anos passam e a história, como se sabe, não costuma se repetir. Numa de suas primeiras viagens a São Paulo, Coutinho, hoje com 32 anos de idade, teve o computador roubado pouco depois de desembarcar, à mão armada e num lobby de hotel. Mas seu encontro com o Brasil não foi menos bem-sucedido que o de Oliveira Dias.
Desde 2005 colunista da Folha Online, mais tarde também colaborador da Ilustrada, o jornalista verá ser lançado no país, na próxima sexta, esse seu "Av. Paulista", publicado em Portugal há dois anos, e que reúne textos produzidos originalmente para a ex-colônia.
Foi Coutinho quem tomou a iniciativa da aproximação, por se dizer admirador da imprensa brasileira.
"Conheço o jornalismo brasileiro por influência paterna. O meu avô era leitor dos clássicos brasileiros, como Machado de Assis, Graciliano Ramos e o teatro do Nelson Rodrigues. E lembro-me de o ver ler imprensa brasileira, que eu também comecei a consumir, encontrando no jornalismo brasileiro um texto curto, enxuto, pouco adjetivado. Ou seja, exatamente o contrário da tradição europeia e continental. Foi amor à primeira vista."
O colunista se define como "um conservador, com uma costela libertária e anárquica", diz que "utopia é conversa de gente politicamente analfabeta", e é o mais bem-humorado integrante da vaga recente de colunistas da "nova direita" --o que lhe rende reações, para o bem ou para o mal, bastante apaixonadas.
O encontro deve perdurar. E ele diz ver futuro também para o país. "Sobretudo por contraposição a uma Europa econômica, política e demograficamente envelhecida. Eu próprio não excluo, no espaço de uns anos, viver no Brasil."
Thales Azevedo.
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