quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Graphic Novel, Tirinhas e Toddy

“Watchmen leva ao extremo a narrativa por imagens, mostrando que a HQ talvez seja o melhor veículo para esse exercício, o que fala a favor da dimensão do romance gráfico. O cinema é rápido demais e a literatura, sem parecer pedante e hermética, não pode reproduzir o efeito na mesma intensidade.” (Roberto de Sousa)

Isso resume rapidamente o objetivo do meu post. A importância dos quadrinhos na cultura pop.

Watchmen foi escrito por Alan Moore (o mesmo que fez o genial “V de Vingança”) e Dave Gibbons. Trata-se de uma ficção científica vivida em 1985, em plena Guerra Fria, em que um herói é assassinado e chama a atenção da mídia e os antigos parceiros do Herói morto. No meio da investigação, o romance retrata a decadência dos heróis na sociedade. No início da década de 30 os quadrinhos estavam em alta e perpetuou uma onda de heróis para literalmente “salvar o mundo”. Entretanto com a "Lei Keene" (implantada em resposta à greve da polícia e a revolta da população contra os vigilantes que agiam acima da lei) os heróis ficaram decadentes e já não mais resolviam os problemas de segurança.

É interessante como o romance trabalha a questão psicológica e conflito dos heróis ditos perfeitos. Não há mais um relacionamento concreto entre os amigos e eles não conseguem restabelecer o companheirismo do passado. Isso traz uma instabilidade muito forte aos heróis aposentados, que não tem mais nenhuma função na sociedade.

Quem lê uma sinopse dessas sente-se coagido em pagar 40 reais num livro “cheios de figurinhas” (ainda mais pq watchmen são 3 capítulos). Não é bem assim. Ainda hoje os leitores de “quadrinhos” sofrem preconceitos. A forma como o ilustrador Dave Gibbons constrói as cenas é impressionante. Há todo um contexto para cada cena, tão bem trabalhado quanto num filme. Como Roberto de Sousa disse, os romances gráficos situam-se no equilíbrio entre os livros e os filmes. Ou seja, mescla conteúdo com diversão e impressionismo.

O romance gráfico, ou melhor graphic novel, é uma extensão dos quadrinhos avulsos. São romances feitos em quadrinhos. O que mais me impressiona nesse universo é a contextualidade das obras. O Watchmen e “V de Vingança” foram escritas em plena Guerra Fria e ambas retratam as idéias da maioria da sociedade. V de Vingança, por exemplo, se passa em um governo fascista na Inglaterra e mostra claramente a alienação e apatia da maioria da sociedade. Já em Watchmen, as opiniões da população são claramente manipuladas pelos jornais e revistas. Isso torna as obras perenes e concretiza o seu objetivo até hoje.

É impossível considerar os quadrinhos fora da literatura mundial. Eles não têm a mesma importância que grandes clássicos da literatura. Mas possui sua importância na cultura pop. O número de leitores de quadrinhos aumentaram, pois o graphic novel ganhou destaque, inclusive alguns deles foram para o cinema, como o “V de Vingança” e “300 de Esparta” ( o Watchmen tem possibilidades de ser lançado em 2009).


Além do mais, temos que reconhecer que as "tirinhas" também estão nesse fantástico universo. Com apenas 3 quadrinhos, Bill Watterson, escritor de Calvin & Hobbes (Calvin e Aroldo), consegue produzir frases fantásticas nas famosas viagens "psicológicas" de Calvin. Sem contar que são feitas com um alto tom humorístico. E nesse meio também temos garfield, que tira altas gargalhadas de fãs (como eu) mesmo em inglês =P.


Apesar de todo o comentário de Watchmen, eu só li o primeiro livro, que é genial. Espero ter convencido certas pessoas que pensam que graphic novel e tirinhas são para “crianças tomando Toddy no intervalo do colégio”.



Lucas Caires

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