terça-feira, 30 de junho de 2009

Quem quer ser um milionário?

Tive a oportunidade de ver Quem quer ser um milionário? apenas nessa semana de férias. De fato, era obrigatório conferir o filme vencedor do Oscar de 2008, com surpreendentes 8 prêmios de 10 em disputa. Muito se falou do filme, quase sempre com elogios calorosos. Eu sempre tive um pé atrás em relação a ele. Mas confesso que fui ver com o coração aberto, tentando me livrar de conceitos prévios.

Logo no início da película, uma questão é levantada sobre o indiano prestes a ganhar o prêmio máximo de um programa de televisão, com a seguinte provocação: Como Jamal Malik conseguiu estar a uma pergunta de conquistar o prêmio de 20 milhões de rúpias?

Vejam as alternativas:

a) Ele trapaceou.

b) Ele é sortudo.

c) Ele é um gênio

d) Está escrito.

De cara, temos de todas as respostas bobas possíveis, apenas uma que, inevitavelmente, seria a escolhida: a letra D. Isso é óbvio. Apesar de ser a mais brega de todas, é aquela que o público gosta mais, a mais emocionante. Ou seja, o filme já começa mal. Eu resolvi seguir em frente.

A história do filme seria boa se não caísse em clichês, em um tom novelesco e maniqueísta. A construção dos personagens, sem querer soar pseudo-intelectual, é rasa. Não existe meio termo, amigos. Na Índia de Danny Boyle, os personagens já nascem completamente bons ou completamente ruins – e o pior, um deles redime-se em cima da hora com a seguinte frase: “Deus é grande.”

Outra coisa que me deixou completamente irritado é a direção péssima de Danny Boyle. Não entendo como uma direção tão irregular pode ter sido tão valorizada. Primeiro, ele tenta – com relativo sucesso e também com relativo fracasso – espelhar-se na direção de Fernando Meirelles em Cidade de Deus, depois insiste em uma técnica bizarríssima e até antiquada – lembra-me alguns videoclipes da década de 80 e 90 - em filmar em câmera lenta, quase como se fotografasse, de forma obsessiva. Até mesmo a modinha de filmar tremendo me incomoda menos do que a câmera lenta de Danny Boyle. Outro aspecto, a fotografia, poderia ser muito melhor e aproveitou menos do que deveria os contrastes da Índia.

Para não ser injusto, o filme tem algumas sequências boas que não tiram o resultado final da mediocridade e do aborrecimento. Eu honestamente acreditava que Crash seria o pior filme a ganhar o principal Oscar desta década. Infelizmente, o vencedor de 2008 compete com ele nesse quesito. O que poderia ser bem diferente se David Fincher não tivesse relativamente fracassado com O curioso caso de Benjamin Button, que apesar de todos os defeitos é muito melhor que Quem quer ser um milionário?.

Alexandre Rios.

Rock with Michael Jackson

Minha vez de colocar um vídeo do Michael Jackson. Confesso que não conheço lá muito sua discografia, assim como confesso que me interesso muito mais pela sua "fase negra" - estou me referindo à cor de pele mesmo. Talvez seja uma impressão minha, mas depois que o M.J. ficou branco sua música passou a ser até meio cafona. Já escutei algumas coisas do Jackson 5 - inclusive um disco ótimo em comemoração à importantíssima gravadora Motown tem nas suas quatro primeiras faixas o pequeno Michael arrebentando tudo. Tenho aqui o Off The Wall e o Thriller, que me parece ser os seus melhores discos, que justificam a importância desse artista na música popular.

Do disco de 1979, uma das melhores músicas de Michael Jackson:



Alexandre Rios.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Terras do Nunca



Pobre Michael Jackson. O homem morre como todos morremos. Radicalmente só. Com o coração a despedir-se prosaicamente do corpo. O mundo, em choro e transe, não acredita. Um mito não morre assim. Porque assim morremos nós, anônimos e mortais, mergulhados na nossa própria miséria. Os mitos só morrem por acidente ou conspiração invejosa de terceiros, que não aguentam o brilho incandescente da estrela.


John Kennedy não foi abatido pelo fracassado Lee Oswald numa manhã funesta de Dallas. Kennedy foi assassinado pela CIA, pelos cubanos, pelos soviéticos, pela máfia, eventualmente pelos extraterrestres.


O mesmo para a "Princesa do Povo", Diana Spencer. Uma vítima de um motorista alcoolizado e irresponsável numa noite de Paris? Não, mil vezes não. Diana foi vítima da Família Real inglesa, que a desprezava para lá do tolerável. Para dar mais requinte ao episódio, há quem garanta que Diana estava grávida. A autópsia não confirmou. Mas quem se prende a pormenores? Eu, por mim, aposto que eram gêmeos.


E, agora, Michael Jackson: ele não morreu por excessos vários e loucuras evidentes. Foi o médico; foi a empregada; foi o Rato Mickey quem acabou com o cantor.


Deixemos as teorias da conspiração para as mentes conspiratórias. No meio do sentimentalismo vulgar, e quase religioso, com que o planeta chora a morte de Jackson, a única declaração vagamente sensata foi dita pelo próprio presidente americano. E que nos disse Obama?


Para começar, que Jackson foi um músico de talento. Difícil discordar, embora o Jackson que eu aprecio morreu no dia em que nasceu o Jackson que grande parte do mundo aprecia, ou seja, em 1979 com "Off the Wall". O single prodigioso que os Jackson Five editaram dez anos antes, "I Want You Back", é incomparável com qualquer obra posterior. Opinião pessoal. Do Michael Jackson a solo, admiro apenas o bailarino. Brinco? Não brinco. Fred Astaire também não brincava quando dizia, na década de 80, que Jackson nascera demasiado tarde. Tivesse ele vivido nos anos 30 ou 40 e teria feito as delícias de Busby Berkeley ou Vincent Minelli. Quem aprecia musicais sabe do que falo.


Mas Obama não elogiou apenas o talento. Obama foi corajoso e lamentou a figura profundamente trágica de Michael Jackson. Nos próximos anos, saberemos mais sobre essa tragédia. Mas aposto que a origem dela está num homem que, para usar as palavras de um francês célebre, alimentou uma "náusea-de-si-próprio" ao longo da vida: uma náusea da sua própria negritude e, talvez mais importante, uma náusea da sua própria humanidade, por definição mutável e perecível. Não admira que, ano após ano, ele tenha tentado golpear essa humanidade, perseguindo um ideal estético que era, aos olhos do mundo, caricatural e infantil. E, aos olhos dele, eterno e pós-humano.


Disse anteriormente, citando Fred Astaire, que Michael Jackson não viveu nas décadas de 30 e 40 para inscrever o seu nome na tradição dos grandes musicais. Mas é possível recuar mais um pouco e lamentar que Jackson não tenha nascido e vivido em finais do século 19, inícios do 20. E que não tenha conhecido uma alma gêmea como J.M. Barrie, o escritor para quem a infância era, simultaneamente, o melhor e o pior dos mundos. O melhor, pelo encantamento permanente que lemos em "Peter Pan" ou no injustamente esquecido "The Little White Bird". Mas também o pior dos mundos, porque capaz de antecipar a corrupção futura: a maturidade, o envelhecimento, a perda da inocência.


Não sei se Jackson leu Barrie. Provavelmente. Mas sei que lhe roubou o nome para o seu rancho, "Neverland", essa "Terra do Nunca" onde os rapazes não crescem. Tivesse Michael Jackson lido "Peter Pan" com atenção e saberia que, mesmo na "Terra do Nunca", os rapazes não crescem mas também morrem.

(JP Coutinho - Folha de São Paulo)

Thales Azevedo.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Michael Jackson


29/08/1958 - 25/06/2009

Thales Azevedo.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mean Streets

Caminhos Perigosos, Martin Scorsese, 1973.

Thales Azevedo.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

USP, ainda, e por fim



Acima, gente que entende de democracia. Ou as vítimas da barbárie e da ditadura.

Um vídeo, de inúmeros, retirado do blog de Marcelo Tas.

Comentários dele:

Depois de ver esse video - gravado hoje em frente a ECA, Escola de Comunicações e Artes - que mostra como os "grevistas" da USP lidam com estudantes que discordam da opinião deles, não tenho dúvida: PM neles.


No caso da USP, a PM lá está para evitar cenas como esta acima, onde a liberdade do ir e vir, a liberdade de expressão de uma posição contrária, é contida aos socos e gritos. Na minha visão, neste lamentável episódio, a imagem da PM está sendo manipulada pelos grevistas que tentam pintá-la como a SS de Hitler, o que seria apenas patético e risível, não fosse uma visão infantil, vazia e preconceituosa.

Acho que é o suficiente por este assunto.

Thales Azevedo.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Hoje é dia do povo!

Tem fé que Jorge é de ajudar
A todo Brasileiro, Brasileiro guerreiro
Eu sou cavaleiro da flor,
São Jorge protetor, protetor, protetor
São Jorge protetor, protetor, protetor

Hoje é dia de futebol. E o time do povo vai ser campeão do campeonato mais brasileiro deste país!

Alexandre Macedo

terça-feira, 16 de junho de 2009

USP, números, "barbárie", "ditadura" e proselitismo

Acima, gráficos com registro do posicionamento da USP sobre a greve e do posicionamento da USP sobre a PM no campus, retirados do site http://greveuspresultado.dnsalias.com/, às 18h40, com 3030 votos válidos. Clique na imagem para ampliar.

Sobre regulamentação da pesquisa,

SENDO A FAVOR OU CONTRA A GREVE, DIVULGUE ESTA PESQUISA.
FORMA DE VALIDAÇÃO E AUTENTICAÇÃO DOS VOTOS:
1. Voto sem nome, número usp ou email será considerado inválido.
2. Se houver divergência entre os dados informados (nome, número usp e email) o voto será considerado inválido.
3. Se houver mais de um voto com o mesmo número usp/email, caso os votos sejam iguais, somente um será contabilizado. Se os votos divergirem, será confirmado o voto correto por email.
4. Os votos serão autenticados através do email USP (que é único para cada pessoa) a partir da próxima semana. Portanto fique atento ao seu email. Caso você não autentique seu voto, ele será desconsiderado

Informações retiradas daqui, seguidas de comentário do blogueiro com íntegra aqui:

De resto, observo: em greve, 0,7% da universidade. Trabalhando e estudando, 99,3%. Minoria tem todo o direito de existir como minoria. Mas não pode impor na marra a sua vontade à maioria.

Thales Azevedo.

domingo, 14 de junho de 2009

Relato da barbárie

Retirado do site Carta Maior.

Segue o relato do Prof. Dr. Pablo Ortellado, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, da Universidade de São Paulo, sobre os acontecimentos de ontem no campus da USP:

Prezados colegas,

Eu nunca utilizei essa lista para outro propósito que não informes sobre o que acontece no CO (transmitindo as pautas antes da reunião e depois enviando relatos). Essa lista esteve desativada desde a última reunião do CO porque o servidor na qual ela estava instalada teve problemas e, com a greve, não podia ser reparado. Dada a urgência dos atuais acontecimentos, consegui resgatar os emails e criar uma lista emergencial em outro servidor. O que os senhores lerão abaixo é um relato em primeira pessoa de um docente que vivenciou os atos de violência que aconteram poucas horas atrás na cidade universitária (e que seguem, no momento em que lhes escrevo – acabo de escutar a explosão de uma bomba). Peço perdão pelo uso desta lista para esse propósito, mas tenho certeza que os senhores perceberão a gravidade do caso.

Hoje, as associações de funcionários, estudantes e professores tinham deliberado por uma manifestação em frente à reitoria. A manifestação, que eu presenciei, foi completamente pacífica. Depois, as organizações de funcionários e estudantes saíram em passeata para o portão 1 para repudiar a presença da polícia do campus. Embora a Adusp não tivesse aderido a essa manifestação, eu, individualmente, a acompanhei para presenciar os fatos que, a essa altura, já se anunciavam. Os estudantes e funcionários chegaram ao portão 1 e ficaram cara a cara com os policiais militares, na altura da avenida Alvarenga. Houve as palavras de ordem usuais dos sindicatos contra a presença da polícia e xingamentos mais ou menos espontâneos por parte dos manifestantes. Estimo cerca de 1200 pessoas nesta manifestação.

Nesta altura, saí da manifestação, porque se iniciava assembléia dos docentes da USP que seria realizada no prédio da História/ Geografia. No decorrer da assembléia, chegaram relatos que a tropa de choque havia agredido os estudantes e funcionários e que se iniciava um tumulto de grandes proporções. A assembléia foi suspensa e saímos para o estacionamento e descemos as escadas que dão para a avenida Luciano Gualberto para ver o que estava acontecendo. Quando chegamos na altura do gramado, havia uma multidão de centenas de pessoas, a maioria estudantes correndo e a tropa de choque avançando e lançando bombas de concusão (falsamente chamadas de “efeito moral” porque soltam estilhaços e machucam bastante) e de gás lacrimogêneo. A multidão subiu
correndo até o prédio da História/ Geografia, onde a assembléia havia sido interrompida e começou a chover bombas no estacionamento e entrada do prédio (mais ou menos em frente à lanchonete e entrada das rampas).

Sentimos um cheiro forte de gás lacrimogêneo e dezenas de nossos colegas começaram a passar mal devido aos efeitos do gás – lembro da professora Graziela, do professor Thomás, do professor Alessandro Soares, do professor Cogiolla, do professor Jorge Machado e da professora Lizete todos com os olhos inchados e vermelhos e tontos pelo efeito do gás. A multidão de cerca de 400 ou 500 pessoas ficou acuada neste edifício cercada pela polícia e 4 helicópteros. O clima era de pânico. Durante cerca de uma hora, pelo menos, se ouviu a explosão de bombas e o cheiro de gás invadia o prédio. Depois de uma tensão que parecia infinita, recebemos notícia que um pequeno grupo havia conseguido conversar com o chefe da tropa e persuadido de recuar. Neste momento, também, os estudantes no meio de um grande tumulto haviam conseguido fazer uma pequena assembléia de umas 200 pessoas (todas as outras dispersas e em pânico) e deliberado descer até o gramado (para fazer uma assembléia mais organizada). Neste momento, recebi notícia que meu colega Thomás Haddad havia descido até a reitoria para pedir bom senso ao chefe da tropa e foi recebido com gás de pimenta e passava muito mal. Ele estava na sede da Adusp se recuperando.

Durante a espera infinita no pátio da História, os relatos de agressões se multiplicavam. Escutei que a diretoria do Sintusp foi presa de maneira completamente arbitrária e vi vários estudantes que tinham sido espancados ou se machucado com as bombas de concusão (inclusive meu colega, professor Jorge Machado).

Escutei relato de pelo menos três professores que tentaram mediar o conflito e foram agredidos. Na sede da Adusp, soube, por meio do relato de uma professora da TO que chegou cedo ao hospital que pelo menos dois
estudantes e um funcionário haviam sido feridos. Dois colegas subiram lá agora há pouco (por volta das 7 e meia) e tiveram a entrada barrada – os seguranças não deixavam ninguém entrar e nenhum funcionário podia dar qualquer informação. Uma outra delegação de professores foi ao 93o DP para ver quantas pessoas haviam sido presas. A informação incompleta que recebo até agora é que dois funcionários do Sintusp foram presos – mas escutei relatos de primeira pessoa de que haveria mais presos.

A situação, agora, é de aparente tranquilidade. Há uma assembléia de professores que se reuniu novamente na História e estou indo para lá. A situação é gravíssima. Hoje me envergonho da nossa universidade ser dirigida por uma reitora que, alertada dos riscos (eu mesmo a alertei em reunião na última sexta-feira), autorizou que essa barbárie acontecesse num campus universitário.

Estou cercado de colegas que estão chocados com a omissão da reitora. Na minha opinião, se a comunidade acadêmica não se mobilizar diante desses fatos gravíssimos, que atentam contra o diálogo, o bom senso e a liberdade de pensamento e ação, não sei mais. Por favor, se acharem necessário, reenviem esse relato a quem julgarem que é conveniente.

Cordialmente,

Prof. Dr. Pablo Ortellado

Escola de Artes, Ciências e Humanidades

Universidade de São Paulo

Alexandre Rios.

Jethro Tull no Rock And Roll Circus



Isso é muito fantástico!

Alexandre Rios.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Mulholland Drive - Winkie´s Scene

Eis aqui uma das cenas mais assustadoras de todos os tempos. Uma pérola de Cidade dos Sonhos/Mulholland Drive, o melhor filme desta década. O Crepúsculo dos Deuses/Sunset Boulevard de David Lynch.



Alexandre Rios.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Artistas muçulmanas expressam conflitos políticos em um "expressionismo islâmico"


Por Deborah Sontag

Tradução: Eloise De Vylder

The New York Times

Depois de um longo namoro por telefone, a pintora Asma Ahmed, de Karachi, no Paquistão, casou-se com seu noivo, Rafi-uddin Shikoh, consultor de negócios em Nova York, numa cerimônia bicontinental, por webcam. Quando a noiva se mudou para Queens em 2002, tentou se sentir à vontade, reivindicando seu espaço através da arte.


No Paquistão, o trabalho de Ahmed Shiko era sócio-político e retratava sua visão de um país colonizado pelas redes de fast-food americanas em telas como "The Invasion" ["A Invasão"], na qual uma multidão de Ronald McDonalds, usando perucas de palhaço em vermelho gritante, cercam um monumento central em Karachi.

Aqui, entretanto, a arte dela foi ficando profundamente pessoal à medida que ela tentava se ajustar à sua nova identidade como imigrante e como uma muçulmana cada vez mais praticante (em sua terra natal, ela raramente punha os pés numa mesquita). Em suas primeiras pinturas feitas nos EUA, Ahmed Shikoh revestiu a Estátua da Liberdade em sua própria imagem: com um vestido de casamento paquistanês, como uma imigrante grávida e como uma mãe real, com seu bebê no colo. Depois ela usou tinta e caligrafia árabe para transformar o mapa do metrô em um manuscrito em urdu, que fez a cidade parecer mais sua.

Finalmente, em 2006, depois de tomar a difícil decisão de cobrir seu cabelo, inspirada por mulheres muçulmanas americanas que conseguiam combinar a fé e a carreira, Ahmed Shikoh começou a usar o lenço de cabeça como uma imagem recorrente em sua arte.

Aparentemente, Ahmed Shikoh, 31, tem pouca coisa em comum com Negar Ahkami, 38, uma artista iraniano-americana magra e de cabelos pretos, além do espaço na parede que elas dividem na recém-inaugurada exposição "The Seen and the Hidden: [Dis]Covering the Veil" ["O Revelado e o Velado: [Des]Cobrindo o Véu", em tradução livre], no Austrian Cultural Forum em Manhattan. Ahkami, que cresceu nos subúrbios de Nova Jersey, considera a si mesma apenas "tecnicamente muçulmana" e brinca com imagens estereotipadas de mulheres exóticas do Oriente Médio em sua arte.

Mas as duas têm em torno de 30 anos, são mães de crianças pequenas e artistas emergentes na região de Nova York. Ambas estão explorando suas identidades a partir de sua herança cultural desde o atentado de 11 de setembro. E ambas estão trabalhando para criar uma nova forma de arte islâmica que é moderna, ocidentalizada e centrada na mulher.

"Como mulheres artistas de descendência muçulmana, tanto Asma quanto Negar estão tentando descobrir quem elas são, olhar para si mesmas e sua herança cultural e ir além dos estereótipos", disse David Harper, curador da mostra do Austrian. "O que é mais interessante é que elas apresentam duas formas bem diferentes de examinar o assunto em solo americano."

"The Hidden and the Seen", que vai até 29 de agosto, expõe obras de 15 artistas, 13 delas mulheres, entre as quais Ahmed Shikoh e Ankami são as únicas que moram nos Estados Unidos em tempo integral. A mostra é um evento-parceiro do Festival Muçulmano Vozes organizado pela Academia de Música do Brooklyn, a Asian Society e o Centro para os Diálogos da Universidade de Nova York.

Nessa exposição, Ahmed Shikoh e Ahkami buscam humanizar as mulheres por trás do véu. A abordagem de Ahmed Shikoh é profundamente séria.

Sua instalação, "Beehive" ["Colmeia"], é uma colmeia de abelhas de papelão cujas células estão preenchidas com os lenços coloridos que ela coletou de centenas de mulheres muçulmano-americanas que também enviaram mensagens - "Corri a maratona de Bolder Boulder usando esse lenço" - que pontuam esse trabalho intencionalmente mal-acabado.

Em contraste, a peça de Ahkami é brincalhona, cáustica e bem acabada. Consiste em oito bonecas, uma dentro da outra, luxuosamente pintadas em cores brilhantes com rostos dourados, transformadas em "Persian Dolls" ["Bonecas Persas"]. A boneca de fora é austera, com sobrancelhas grossas e unidas, vestida com um xador [traje feminino muçulmano] inteiro e preto. As bonecas cada vez menores, do lado de dentro, usam lenços de cabeça Chanel ou vestidos de festa ou, a menor de todas, não usa nada além de suas próprias curvas.

"Sempre tive problemas com as imagens de mulheres iranianas, sóbrias, sem humor, vestidas em xador completo preto", disse Ahkami. "Para mim, essas imagens não refletem a verdadeira mulher iraniana assim como as imagens das garotas de harém feitas no século 19 não refletiam".

Ahkami concedeu a entrevista recentemente em seu estúdio no Queens, sentada confortavelmente num sofá Luís 14, totalmente fechado, que ela desenhou para replicar os sofás ornamentados normalmente encontrados nas salas de estar iranianas. Ela o chama de "Suffocating Loveseat Sectional" [algo como "Namoradeira Modular Sufocante"]; sofás semelhantes aparecem, cheios de concubinas e mulheres encobertas, em suas pinturas fantásticas de cenas de harém.

Apesar de "Persian Dolls" ser uma escultura, Ahkami é principalmente uma pintora, de quadros com uma narrativa elaborada na qual ela combina a estética persa com a crueza psicológica da arte ocidental.

"Sempre senti que deveria haver um expressionismo islâmico", disse ela. "Queria especialmente que a arte persa, que é tão delicada e refinada, não fosse tão distante da angústia que tantas pessoas lá sentiam."

Ahkami também se sentiu angustiada. Filha de iranianos que emigraram nos anos 60, ela cresceu em Clifton, Jova Jersey, e se lembra de ter passado "verões mágicos" no Irã até a revolução islâmica de 1979. Com a crise dos reféns, seu mundo se dividiu em dois, fazendo com que ela se sentisse filha de um complicado divórcio público.

"Na época em que eu estava tentando me adequar ao ambiente, foi muito confuso para mim", disse. "Eu nasci aqui, e de repente a menina do outro lado da rua dizia: 'Você nunca me falou que era iraniana. Você disse que era persa.' E eu nunca mais a vi."

Uma jovem artista supersensível, Ahkami não ficou magoada apenas com o colega de classe que sussurrou "ayatollah" para ela. Ela odiava ter que explicar como era sua família no contexto das imagens de televisão que fizeram todos os iranianos parecerem fundamentalistas que gritavam "morte aos Estados Unidos". Ela odiava a forma como a cultura que ela amava era "degradada, demonizada e reduzida a uma caricatura" tanto nos EUA quanto no Islã.

Leia mais aqui.

Alexandre Rios.

domingo, 7 de junho de 2009

Mais um momento de desmoralização de Sérgio 'Imoraes' - Circus Brasilias!



Comentário do jornalista Danilo Gentili no seu blog.

O Deputado Sérgio Moraes, aquele que pouco se lixa para a opinião pública, é condenado em primeira instância de Lenocínio (esse crime constitui na exploração da mãe de alguns políticos).

Além disso é acusado de receptação de jóias roubadas, agressão e até mesmo de usar o dinheiro público para ligar para tele-sexo. Com uma ficha tão extensa assim até o PCC teria receio em escolher esse cara como representante.

Eu fui falar com essa excelentíssima figura esses dias e os argumentos que ele deu para todas minhas perguntas foram: "Você é viado" e "Vi você comendo um viado". A comunidade gay pediu satisfações ao deputado por ter dito isso. Ao que tudo indica eu sou tão desprezível que até os gays se ofenderam quando foram xingados de Danilo.

O valentão gaúcho foi chorar para o presidente da Câmara, Michel Temer, para ele proibir nossa entrada no Congresso. Disse que devo ser barrado porque tento desmoralizar a casa. Mas veja bem, se todo mundo que desmoralizar a casa for impedido de entrar lá, onde os deputados vão se reunir para "trabalhar"?

Enfim, escrevi isso só para agradecer todos vocês que elegeram Sérgio Moraes, Edmar Moreira e pessoas semelhantes. Obrigado mesmo, de coração. Ano que vem tem mais eleições e já fiquei sabendo que o Jack Stripador vai se candidatar. Conto com vocês hein!

Alexandre Rios.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Dicta e Contradicta e João Pereira Coutinho

O melhor colunista da Folha de São Paulo é português. E se alguém passa por este blog com um mínimo de assiduidade, já deve ter reparado em alguma coisa dele. Já postei entrevistas, divulgação de um volume de crônicas e, claro, textos, que nunca estariam em excesso. Agora, com a feliz intuição de me interessar por uma revista semestral, que "reúne artigos e resenhas de intelectuais brasileiros e estrangeiros sobre os grandes temas da cultura ocidental: a ética, a filosofia, a literatura e as artes, sob uma perspectiva de longo prazo, desvinculada da política partidária e com uma vocação, na medida do possível, universal" e chega neste mês em seu terceiro volume, chamada Dicta e Contradicta, venho ao motivo deste post.

A realização das entrevistas citadas acima, publicadas aqui há certo tempo, em vídeo, foi deles. Já devo ter lido algo que tenha indicado a fonte, sem dar a atenção merecida. O que me condenou a passar todo este tempo sem saber da existência de outras continuações. Sem mais delongas, postarei uma delas, que envolve humor, literatura, política, e a quem interessar, deixo o site, com a compilação completa, com mais detalhes sobre a revista. Aproveitem.



Link aqui.
Thales Azevedo.

The Beatles - Rock Band



Quem tiver PlayStation 3, Xbox 360 ou Wii já pode se considerar meu amigo!

Lançamento 09/09/09.

Alexandre Rios.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Neblina e sombras

-Almstead. Resolvi aceitar seu convite.
-Parabéns! Mas o salário é baixo.
-Não preciso de muito dinheiro.
-Muito baixo.
-Tudo bem.
-Mais baixo do que imagina.
-Não importa. Será a primeira vez na minha vida que farei algo que amo.
-Ama? Não deixe que o amor interfira nos seus deveres.
-Não, obrigações em primeiro lugar. Que melhor maneira de passar o resto da vida do que ajudá-lo com essas maravilhosas ilusões?
-É verdade. Todos amam ilusões.
-Amam?
-Precisam delas. Como precisam do ar.

Alexandre Rios.