quinta-feira, 29 de maio de 2008

De volta a 1968

A revista dominical do Correio Braziliense fez neste domingo matéria especial sobre o 1968, o ano que não acaba nunca... de encher o nosso saco! Ah, sim, crianças: a minha paciência com isso é bem pequenininha. Até porque só pode se encantar com a essência daquele movimento — que ganhou forma mais aparentemente universal na França — quem não leu as Memórias, de Raymond Aron. Em trechos contundentes, ele narra a estupidez obscurantista daqueles “jovens revolucionários”. O salto tecnológico a que o mundo assistiu nos últimos 40 anos — especialmente do fim dos anos 70 para cá — têm relação direta com o espírito anti-68. Vale dizer: foi fruto da revolução econômica que os caudatários daquele libertarismo chamam de “neoliberal”. Ronald Reagan foi muito mais importante para a humanidade — e para a causa da liberdade — do que Jean-Paul Sartre e sua cara “de terreno baldio” (segundo o próprio em suas memórias precoces). Mas vá tentar dizer isso...

Adiante. Um dos entrevistados na reportagem especial foi Franklin Martins, ex-militante do MR-8 e um dos seqüestradores do embaixador americano Charles Burke Elbrick, trocado, em 1969, por 13 presos políticos. Num dado momento, afirma o agora ministro da Comunicação Social: “É melhor ser herdeiro de 68 do que de 64. Ter uma ditadura é muito pior do que ser herdeiro de um movimento que atingiu ou não resultados. O erro é querer reduzir 1968 a uma coisa só.”

Concordo ou desanco? Desanco, mas concordo com uma parte: “O erro é querer reduzir 1968 a uma coisa só”. Isso é verdade. Havia certamente aqueles que queriam o fim da ditadura e a democracia. Não é o caso de Franklin Martins. Membro do MR-8, grupo que aderiu ao terrorismo, ele estava entre aqueles — a exemplo de Dilma Rousseff e Carlos Minc — que lutavam para instituir uma ditadura no Brasil. Repito aqui o que escrevi no dia 29 de agosto do ano passado: “A democracia no Brasil não morreu em 1964 porque a direita deu um golpe. Morreu porque não havia quem a defendesse, de lado nenhum. Um governante responsável não teria promovido, ele próprio, a subversão, como fez João Goulart, incentivado pelos nacionalistas bocós e pelos bolcheviques tupiniquis, que imaginavam que ele pudesse ser o seu Kerensky. Não podia. Era ainda mais idiota.”

A fala de Franklin Martins remete à velha mitologia de que “a turma de 1968”, inclsuive os que recorreram ao terrorismo, queriam um país democrático, daí ele considerar que é “melhor ser herdeiro de 68 do que de 64”. Depende! Membro que era do MR-8, Franklin, então, era um stalinista. Digamos que os “herdeiros de 64” carregassem 424 mortos nas costas. Os de 68 levam os 35 milhões de Stálin. Mas essa é uma conta macabra, né? Franklin poderia se orgulhar, então, de, em 1968, ter sido um democrata, enquanto o pessoal que fez 1964 optou pela ditadura. Foi?

Faz mais de um ano, instituí aqui um prêmio para quem localizasse um texto, um que fosse, dos grandes teóricos de esquerda ou das organizações esquerdistas brasileiras pré e pós-68 que defendesse a democracia. É evidente que nunca ninguém apresentou coisa nenhuma. E nem vai. Quem chegou mais perto, só no fim dos anos 70, foi o gramsciano Carlos Nelson Coutinho, segundo quem a democracia era uma questão fundamental para a construção do... socialismo!!! “Socialismo com democracia” é coisa mais complicada do que a quadratura do círculo. Será que apenas o Brasil operaria esse milagre? É... Só a gente teve Pelé...

Essa questão tem alguma relevância hoje em dia? Tem, sim. Segundo matéria há tempos publicada pelo Estadão e jamais desmentida, no marco zero do dossiê, está uma reunião da qual participaram os ex-“meiaoito” Franklin e Dilma Rousseff. Assim como eles acharam, no passado, que a conjuntura e a ideologia justificavam ações terroristas, acham, no presente, que sua suposta superioridade moral os autoriza a adotar procedimentos que enxovalham o estado de direito. Afinal, eles têm uma causa, não é?

E foi o mito da “resistência” que levou Dilma, em cujo gabinete se fez um dossiê que desmoraliza a democracia, a fazer o famoso discurso no Senado em resposta ao senador Agripino Maia. Afinal, esse pessoal acha preferível ser herdeiro intelectual de uma ditadura que matou muitos milhões a ser herdeiro de um outra que matou poucas centenas.

Para uma pessoa de caráter, basta uma única morte para que soem os sinos.

(Reinaldo Azevedo - 26/05/08)

Thales Azevedo.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

"E a culpa é do Lul...Não, não, esquece, não foi desta vez...Droga!"



Ali Kamel, explicando o motivo pelo qual o Jornal Nacional não noticiou o desaparecimento de um avião da Gol na mesma edição em que dedicou oito dos 37 minutos às fotos do dinheiro do dossiê, na véspera do primeiro turno das eleições presidenciais de 2006:

As primeiras informações sobre o desaparecimento de um avião nos chegaram quando o JN já estava havia muito no ar (o telejornal teve início às 20h). Imediatamente, nossas equipes saíram à cata de informações, que eram escassas e sem confirmação. Seria um avião de passageiros que estava desaparecido ou atrasado? Ele era da Gol ou da Embraer? Ele sumiu em Mato Grosso, indo para Brasília, ou no Pará, indo para Manaus? Em nossas redações, foi aquela correria, mas todos tínhamos uma convicção: só poríamos a informação no ar quando tivéssemos certeza dela.

Narração da Globonews na tarde de 20/05/2008 sobre acidente de avião que não aconteceu:

Vemos que é uma área com grande concentração de prédios, prédios altos, uma área comercial da zona sul de São Paulo e o avião se chocou há pouco. Lembramos que ainda não temos informações sobre o que teria provocado esse acidente e nem sobre o número de vítimas. Imagens da fumaça ainda se espalhando pelo céu de São Paulo. Hoje faz um tempo bom em São Paulo, céu claro, portanto está descartada a possibilidade de problema de visualização por parte do piloto.

Texto retirado do site Vi o Mundo, de Luiz Carlos Azenha.

Alexandre Rios

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Estupidez Mil

PF prepara operação contra sites de legendas

"A polícia Federal prepara uma blitz contra os sites de legenda do Brasil. São paginas nas quais é possível obter legendas feitas por fãs que traduzem o conteúdo, de filmes e séries baixados na internet. Mesmo que não sejam responsáveis pelas cópias dos vídeos, os donos dos sites podem responder pelo crime de produção de conteúdo pirata, pois textos também são protegidos pelas leis de direitos autorais.

A polícia está fazendo um levantamento e já mapeou 19 dessas paginas. Os números de apreensão de filme piratas no Brasil crescem em abril 2,8%. Foram 646.061 DVDS confiscados, contra 628.447 em março. O item mais apreendido, no entanto, foram os DVDs virgens: mais de 1,4 milhão. As operações tiveram como alvo principal os camelôs." - Folha de São Paulo, 19 de Maio de 2008.

A comunidade internauta quer saber a razão dessa hipocrisia. Não há algum vínculo comercial das legendas. Até mesmo as produtoras estrangeiras gostam desses fãs: muitos seriados foram trazidos para o Brasil por terem ganho popularidade primeiramente na Internet.

PS.: O artigo 29 da Lei de direito autoral é de fevereiro de 1998, uma época em que sequer existiam downloads ou mesmo produção de legendas.

domingo, 18 de maio de 2008

Torturador na via pública

O que pensam da ditadura os moradores da rua Sérgio Paranhos Fleury

O delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury, o torturador mais notório da ditadura militar, é nome de rua em São Carlos, no interior de São Paulo. Saindo da universidade federal, a UFSCar, a via é a primeira da zona urbana. “Ninguém precisa ser carbonário para se horrorizar com essa homenagem”, diz o professor de filosofia Bento Prado Neto, filho de Bento Prado Júnior, falecido professor emérito da universidade, cassado pelo regime no qual Fleury foi peça-chave.
Com duas quadras de asfalto gasto, a rua tem pouco mais de 200 metros. O delegado, que também criou o esquadrão da morte paulistano, nos anos 60, está em duas placas. Deve-se o tributo ao prefeito Antônio Massei, que ocupou o cargo por três vezes e baixou o decreto-lei em maio de 1980, um ano depois de Fleury morrer afogado em Ilhabela, no litoral norte paulista.

Com numeração irregular, a rua Fleury tem quinze imóveis térreos, três dos quais estão fechados, um deles com uma placa de aluguel. Soma pouco mais de vinte moradores, incluídos os universitários que alugam quitinetes em duas repúblicas. Pela lei do município, só a Câmara Municipal pode mudar o seu nome. Para tanto, é obrigatório que 75% dos moradores concordem com a troca.

Lineu Navarro, um ex-trotskista de 50 anos que militou na corrente estudantil Libelu e é formado em história, está no terceiro mandato como vereador do PT. Ele só atentou para o nome da rua no início do ano, quando o professor e escritor Deonísio da Silva publicou na internet um protesto. Navarro promete apresentar em breve um projeto de mudança. “Não será tão fácil quanto parece”, avalia. Em março, entregou uma carta, de porta em porta, com o seguinte texto: “O delegado Fleury foi um dos mais cruéis torturadores que atuaram em São Paulo durante a ditadura militar. Comandava o temido Dops e participava pessoalmente das bárbaras sessões de tortura a presos políticos. Hoje não faz sentido homenagear um torturador que simbolizou um período sombrio da história.

Em São Carlos, também é nome de rua uma vítima direta do delegado Fleury: o comunista Carlos Marighella, um dos líderes da esquerda terrorista, assassinado em 1969, em São Paulo, numa operação comandada pelo delegado. É uma rua de terra malcuidada, na periferia, que nem placa tem.

O aposentado David Ribeiro da Silva, de 57 anos, é dono da casa de número 49 da Fleury, uma ampla construção térrea de cor rosa-flamingo, com vaga para dois carros na garagem. Mora ali há 25 anos. Num sábado à tarde, de bermuda e camiseta na porta de casa, ele disse: “O nome da rua nunca me incomodou. Mudar agora vai causar transtorno, vai ter que alterar o registro do cartório, a correspondência, o cartão de crédito.” Ele define Fleury como “um cara aproveitador do sistema, que foi do esquadrão da morte e fazia o que bem entendia”. Silva toparia a mudança do nome se fosse “para homenagear alguém de São Carlos”. E quem poderia substituir o torturador nas placas? “O meu pai, Osvaldo Ribeiro da Silva, que pintou o forro da igreja matriz e fundou a banda da cidade”, respondeu ele.

No número 20, uma casa de fachada verde, vive há mais de três décadas Josefina Casarini Godoy. Ela está com 59 anos e mora com a filha. Achava que o nome da rua era homenagem a algum parente do ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho. Soube que era o outro pela carta distribuída por Navarro. “Essa discussão é uma bobeira, uma perda de tempo”, afirma. Quando lhe perguntam se é contra ou a favor da mudança, contenta-se em responder: “Para mim, tanto faz.”

Numa das esquinas, o amarelo berrante das paredes chama a atenção para o bar e mercearia São João, vulgo “Primeiro Gole”, estabelecimento plantado ali há trinta anos. O filho da proprietária, Luiz Roberto Ferreira, lê, atento, um Dicionário Bíblico Universal. “Ouvi falar que esse Fleury era um ditador, mas não conheço”, diz. “Se for atrapalhar o inventário do meu pai, sou contra a mudança.” Dona Orlanda, a viúva, tem 80 anos e compartilha a opinião. Bem-disposta, é ela quem dirige o bar: “Esse Fleury já fez, já aconteceu. Deixa ele pagar onde estiver.”

Por enquanto, entre os proprietários, o vereador Navarro só conta efetivamente com o aposentado João Graciolli, de 69 anos. “Mesmo que dê despesa com a papelada, temos que tirar o nome do torturador”, ele acha. Nos fundos de seu terreno, Graciolli construiu duas casinhas de um cômodo e banheiro, e as aluga para estudantes por 250 reais ao mês.

Um dos inquilinos é Julio Cesar Bastoni. Aos 21 anos, alto e barbudo, matriculado no curso de letras da UFSCar, confessa que não sabia quem batizava a rua quando foi morar lá, em 2004. Descobriu no ano seguinte, ao editar um livro sobre a ditadura militar. “Eu fiquei louco”, conta. “Esse Fleury foi um canalha.” Bastoni diz que lutará ao lado de Navarro pela derrubada do nome. Além de exibir clássicos da literatura – as obras completas de Émile Zola e Aluísio de Azevedo –, a biblioteca de Bastoni está repleta de livros de Marx, Engels e Lênin. A quitinete em que mora, pequena e desarrumada, lembra um aparelho das antigas, como aqueles que o delegado Fleury adorava invadir.

Luiz Maklouf Carvalho, retirado do site da Revista Piauí.


Alexandre Rios.

sábado, 17 de maio de 2008

Blade Runner


Alguns filmes só são reconhecidos tardiamente. E ‘Blade Runner’ é um exemplo. O filme, de 1982, dirigido por Ridley Scott foi um fracasso nas bilheterias, mas virou um clássico tempo depois, quando foi devidamente reconhecido. A resposta para essa divergência entre sucesso comercial e reconhecimento artístico é bastante clara e comum. Filmes de ficção científica costumam apelar para efeitos especiais em um roteiro massificado e simplista, o que não é o caso do filme em questão. A atmosfera sombria que o filme exala é resultado de uma visão pessimista do futuro pelo diretor Ridley Scott, com pitadas filosóficas, sustentadas em um roteiro competente e diálogos memoráveis.

O futuro em questão corresponde ao ano de 2019. O planeta, castigado por desastres ambientais, encontra-se abandonado pela humanidade, que migrara para colônias espaciais mais seguras. Na verdade, apenas a população marginalizada, sem perspectivas, habita a grande sucata chamada Terra. Nesse contexto, são criados andróides extremamente avançados utilizados nas colônias como escravos, chamados replicantes, feitos à imagem e semelhança do homem, considerados ameaças sujeitas à pena de morte se encontradas na Terra após um sangrento motim em uma das colônias. Para eliminar os replicantes, unidades especiais chamadas ‘Blade Runner’ são fundadas, com total liberdade de atirar para matar em qualquer replicante infrator. Como afirma a apresentação inicial do filme, isso não era chamado de execução. Era chamada “aposentadoria”. Resumindo, máquinas com sentimentos eram consideradas recicláveis.

Um ex-caçador, Deckard (Harrison Ford) é convocado para liderar a eliminação de cinco intrusos, que fugiram para o planeta, mais especificamente para a cidade de Los Angeles, exigindo à organização que os criaram, a Tyrell Corporation, aumentar seu tempo de vida – que dura apenas quatro anos. Os replicantes, ao serem montados, recebiam memórias afetivas, assemelhando-se aos seres humanos, seus criadores. O conflito entre o criador e a criatura é, então, explorado na construção do filme. De fato, a desumanização do homem pelo próprio homem converge com a figura do andróide, confuso e abandonado no caos.

As sociedades contemporâneas, resultados da intensa ação humana, são idealizadas entre neons e smog´s, onde os humanos pouco se relacionam, aparentando vagabundos vagando pelas ruas, sem destino. A trilha sonora, futurista, é outro grande destaque, essencial para a construção da mensagem transmitida no filme e que o acompanha em quase todas as cenas, completando-as quase que perfeitamente.

‘Blade Runner’ é um filme essencialmente sombrio. A escuridão, aliada a efeitos especiais atemporais, acompanha o filme em todas as cenas, com um pessimismo impressionante do início ao fim – a primeira versão do filme, aliás, teve seu desfecho modificado para atender aos “anseios comerciais”. A última versão produzida por Ridley Scott – a que está sendo comentada aqui – apresenta sua cena final como uma grande incógnita, genial por não ser auto-explicativa, além de crua, quase selvagem, sem falsas esperanças. Aliás, Deckard nos conduz em um noir futurista que ainda será cultuado por gerações. Nessa jornada, sua identidade é revelada, soando quase profética, nos fazendo refletir sobre aquilo que vivemos atualmente. Afinal, o futuro idealizado por Ridley Scott é o presente simbólico de hoje.


Alexandre Rios.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Politicômetro

Teste publicado pelo site da revista Veja. Tenha acesso clicando aqui. Acima, o meu resultado. Comentem também os seus. O que sou: favorável ao aborto, às pesquisas com células-tronco, à adoção de crianças por casais homossexuais, à presença do Estado na educação, na saúde e na segurança (desde que, claro, não haja monopólio).

Thales Azevedo.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

As melhores capas de livros

Veja aqui.

Thales Azevedo.

Agripino Maia, Dilma Rousseff e a audiência

[...] Como um representante da República pode dizer que a ministra "mentiu" quando estava sob tortura, dando a entender que ela seria uma boa cidadã só se tivesse "cantado" para seus algozes, entregando os colegas para evitar choques e porretadas?

Se for isso, acho que o senhor deveria passar uma noite inteira na peixaria ouvindo o "Créu" repetidamente e no último volume. É o máximo da tortura "limpa" (defendida por alguns maluquetes, como o senhor deve se lembrar) que sou capaz de pensar. Mas, como todos sabemos, certamente não sou tão criativa quanto o pessoal do tempo da ditadura, inclusive os super bonzinhos que estiveram com Dilma quando ela apanhou.

[...] a oposição patina numa incompetência monumental desde 2003, pouca novidade. Se não conseguiram pegar o governo com 1) dólares na cueca, 2) aloprados, 3) mensalão, 4) renangate, 5) severinogate, 6) lobby correndo solto, 7) publicitário admitindo pagamento ilegal, 8) quebra de sigilo de caseiro, 9) dona Corner e suas meninas, 10) land rover companheira, 11) dancinha da pizza no plenário, 12) top top palaciano, 13) Abin indicando araponga em troca de propina etc. está NA CARA que aí tem.

Isso quer dizer que os "oposicionistas" estavam agarrados ao poder de maneira tal que dois mandatos foram insuficientes para aprenderem a ser do contra. Ou, pior - com o pessoal que sabia objetar quando estava do lado de cá do balcão, os atuais só aprenderam mesmo a parte do "relaxa e goza".


E assim, sem resposta alguma sobre dossiê - um dos responsáveis pelo vazamento, José Aparecido Nunes Pires, aliado de José Dirceu, já foi identificado pela Polícia Federal, ou seja, a ministra, comprovadamente, mentiu ao negar a existência do mesmo; sem esclarecimento algum sobre as suspeitas finalidades do PAC, Dilma Rousseff foi um sucesso.

Thales Azevedo.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Zeitgeist - The Movie



Zeitgeist é um documentário produzido em 2007 e apresenta três enfoques, por incrível que pareça, inter-relacionados: Cristianismo, 11 de Setembro e Reserva Federal dos EUA.

“Isso é um problema. É o não confiar propriamente no "Agora", que aquilo que vivemos agora possui muitas coisas poderosas. É tão poderoso que nós somos incapazes de enfrentá-lo. Conseqüentemente, temos que emprestar do passado e convidar o futuro a todo o momento. E talvez seja por isso que procuramos a religião.” – Chogyam Trungpa

A frase citada anteriormente mostra uma concepção geral defendida no filme. O homem está enfrentando diversas crises a nível global, seja ela política ou social, cuja resolução encontra-se nas atitudes do “Agora”. As diversas críticas pelo documentário baseiam-se na importância da mudança de concepções do humano Hoje. O documentário quer alertar ao telespectador as diversas formas de dominação (Religião, Mídia, Guerras, Mentiras e Corrupção) sobre uma comunidade global e como nos tornamos meramente bonecos em diversas jogadas inteligentes de mercenários, “papas” e de uma espécie em abundância no Brasil: “José Dirceu”. Jogadas responsáveis por milhares de vidas inocentes, que concentram atenções em figuras estupidamente idolatradas e que geram esse sentimento de medo do próximo na sociedade


Na primeira parte mostra-se a origem copista do cristianismo. São comparações e análises muito interessantes, como a justificativa do 25 de dezembro, a origem dos símbolos cristãos, o plágio dos cristãos a cultura egípcia, o questionamento sobre a existência de Jesus Cristo, a “importância” da religião sobre o estado, etc. Essa parte do documentário é importante para a desconstrução da concepção moralista impregnada numa sociedade basicamente cristã, como a brasileira. A religião é um martírio para o crescimento econômico e político de um país - temos o exemplo das pesquisas com células-tronco - pelo fato de apresentar conceitos arcaicos definidos por milênios, fruto de uma sociedade ultrapassada tecnológica e socialmente (lembremos da Religião defendendo a escravidão e o patriarcalismo). Não bastasse o Estado, a Religião mantém muitos aristocráticos no poder através de arrecadações para um “Ser Divino”.

Explicação da Transição de Era e o "surgimento" de Seres Divinos

“Ao menos 12 países alertaram a inteligência americana sobre o eminente ataque”

E, assim, entramos na parte mais irônica do Zeitgeist, já que esculachar Bush e seu governo é sempre bom. Apesar de o assunto ser batido, 11/9 ainda traz diversas provas sobre conspiração descarada produzida pelos EUA para ostentar uma guerra em nome de uma dita invasão terrorista. Dentre as novas provas não vistas - por mim - estão a incursão de bombas nas bases das torres, justificativa da negligência do controle aéreo americano e informações verdadeiras sobre os “terroristas” acusados pelo governo americano. Além disso, demonstra justificativas para o atentado em Londres no mesmo ano.

“Existe algo por trás do trono maior que o próprio rei” - William Pitt

“O mundo é comandado por diferentes personagens que são imaginados por aqueler que estão por trás dos bastidores” - Benjamim Dislaeli

Na terceira parte (a melhor) explica-se conceitos econômicos básicos, principalmente, com foco no funcionamento do Banco Central e a Reserva Federal dos EUA , relacionando-os com fatos históricos, como guerras (inclusive a contra o “Terror”), crises e golpes políticos. Com diversos argumentos ele demonstra a desfragmentarão do poder público estatal à medida que o próprio Estado fica encurralado por instituições bancárias Privadas. Uma breve justificativa: para cada cédula produzida atribui-se um imposto sobre a mesma, que o governo tem de pagar com as próprias cédulas dos bancos privados. A economia entra num ciclo vicioso de submissão e fica sujeita à inflação e acúmulo sucessivo de dívidas. Sem contar a concentração de capital especulativo na mão de, literalmente, donos das economias.

"Dá-me o controle do fornecimento de dinheiro de uma nação, e não me importarei mais com Leis." - M.A. Rothschild, Fundador da dinastia bancária Rothschild.

Apesar de ter um conteúdo denso e competente, o documentário é apelativo. Utiliza imagens sensacionalistas, com intenso sofrimento humano, e músicas impactantes. Obviamente, isso pode ser filtrado pelo telespectador – nada que prejudique tanto a qualidade do filme. Outro aspecto interessante é a utilização de ironia ao longo das críticas e muita utilização de falas das épocas relacionadas.

Enfim, um documentário necessário de atenção e respeito pela grande mídia, afinal encontrei-o pelo youtube e baixei-o de graça pelo Site Oficial. A única contra-indicação é cautela com as imagens apelativas.


Lucas Caires

terça-feira, 6 de maio de 2008

Townhall.com

Thales Azevedo.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

1968 - Um ano de revoluções


O mês de maio de 1968 representou o auge de um momento histórico de intensas transformações políticas, culturais e comportamentais que marcaram a segunda metade do século 20.

Em Maio de 68, a partir de manifestações estudantis ocorridas nas universidades francesas de Nanterre e Sorbonne, irromperam sucessivos movimentos de protestos em diversas universidades de países da Europa e das Américas, que ganharam uma dimensão ainda maior com a ampliação das revoltas para a classe trabalhadora.

Entretanto, o mês histórico não pode ser compreendido sem levar em conta os fatos que eclodiram no mundo nos anos 60, uma década de mudanças na história do ocidente.

Claude-Jean Bertrand, professor do instituto francês de imprensa, escreve no artigo "Um novo nascimento na França" que em seu país, como em outros do mundo, o ano de 1968 marcou o "início do fim" do mundo pós-guerra.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os Estados Unidos emergiram como potência mundial e, ajudando na reconstrução da devastada Europa, passaram a difundir as novidades e os valores da nova sociedade que surgia.

Após a próspera década de 1950, a partir de protestos estudantis, mudanças políticas e comportamentais, o Ocidente entra nos anos 60 em um momento de "aceleração da história".
Educação e estudantes

O historiador Eric Hobsbawm afirma, no livro "Era dos Extremos", que "a Idade Média acabou de repente" em meados da década de 1950. Para ele, o crescimento repentino dos números da educação, especialmente do ensino superior, são um dos motivos que explica as mudanças da década.



"No fim da Segunda Guerra, havia menos de 100 mil estudantes na França. Em 1960 eram mais de 200 mil e, nos dez anos seguintes, esse número triplicou para 651 mil", escreve.

Para o historiador a conseqüência mais imediata foi uma "inevitável tensão entre essa massa de estudantes (...) despejadas nas universidades e instituições que não estavam" de nenhuma forma, "preparadas para tal influxo".

Freqüentemente associa-se aos anos 60 termos como "subversão", "revolução continuada" e "sociedade do espetáculo", mas sobretudo com "rebeliões estudantis". "Não surpreende que a década de 60 tenha se tornado a década da agitação estudantil", escreve o historiador.

Curiosamente, não era uma época de escassez material, e talvez por isso mesmo os universitários acharam que tudo poderia ser diferente. Para Hobsbawm, eles "podiam pedir mais" da nova sociedade que tinham imaginado.

Embalados pelas novidades dos jovens, os trabalhadores aproveitaram o momento de mudanças para colocar em pauta suas reivindicações.

"O efeito mais imediato da rebelião estudantil foi uma onda de greves operárias por maiores salários e melhores condições de trabalho", diz o professor.

Rebeliões pelo mundo

As rebeliões dos anos 60, embora pareçam um conjunto se olhadas em perspectiva, tiveram motivações diversas nos diversos países em que se manifestaram.

Na França, protestos eclodiram nas universidades em Maio de 68 contra a rigidez do sistema educacional. Na verdade, estes foram parte de uma expressão mais ampla de contracultura dos anos 60, que contestou valores morais julgados "incompatíveis" com os novos tempos.


Entre os símbolos das transformações tecnológicas, sociais e comportamentais na França estavam o automóvel --pessoas eram atropeladas nas ruas por não conseguirem calcular a velocidade dos carros--; a minissaia e a calça jeans --que representavam a emancipação feminina e a modernidade; a valorização das crianças --que até então "não existiam", pois não havia a compreensão da infância, e elas eram tratadas como "adultos em miniatura".

Nas artes, o cinema da nouvelle vague de François Truffaut e Jean-Luc Godard buscava expressar na tela as transformações, em filmes como "Acossado" e "Os Incompreendidos".


Brasil

No Brasil, que também viveu grandes transformações nas artes -- com o Cinema Novo, a Tropicália, e peças de teatro como "Roda Viva" e "O Rei da Vela"-- as rebeliões da década de 60 foram mais ligadas a questões políticas, em virtude do golpe militar (1964-1989).

O auge das rebeliões ocorreu com a Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, em 26 de junho, quando foi realizado o mais importante protesto contra a ditadura militar até então.

A manifestação, iniciada a partir de um ato político na Cinelândia, pretendia cobrar uma atitude do governo frente aos problemas estudantis e, ao mesmo tempo, refletia o descontentamento crescente com o governo militar. Dela, participaram também intelectuais, artistas, padres e um grande número de mães.

Nos Estados Unidos, movimentos civis de minorias --negros e mulheres-- eclodiram ao mesmo tempo em que John F. Kennedy (1961-1963) assumia a Presidência com um discurso considerado bastante progressista.

Os fatos mais marcantes em 1968 nos EUA foram o assassinado, em 4 de abril, do líder negro Martin Luther King, e o protesto de cerca de 60 mil manifestantes no Central Park, em Nova York, exigindo o fim da guerra do Vietnã, em 28 de abril.


Europa


As manifestações também foram intensas em outros países da Europa Ocidental, e também no Leste Europeu. Na Espanha, Alemanha Ocidental e Bélgica, universidades foram ocupadas e estudantes entraram em confronto com a polícia.


Em 1º de março, na Itália, cerca de 3.000 estudantes tomam a sede em Milão do jornal "Corriere della Serra" e em 5 de dezembro cerca de 1 milhão de trabalhadores entram em greve. No Reino Unido, 3 milhões de trabalhadores entram em greve em 15 de março.


Na Tchecoslováquia, em 5 de abril, é lançado no país o programa de reformas políticas conhecido como "Primavera de Praga", que pretendeu "humanizar" o Partido Comunista, o que desagradou a ex-União Soviética (URSS) do [ex-ditador] Josef Stálin. Em 6 de novembro os estudantes queimam a bandeiras da ex-União Soviética nas ruas de Bratislava.

Na Polônia, em 8 de março, estudantes protestam contra o regime socialista. Três dias depois a universidade de Varsóvia foi fechada.


América Latina

Na América Latina, os confrontos também são motivados por questões ligadas à educação, e por conta das ditaduras militares.

No México, confrontos em universidades e nas ruas da cidade do México deixam 38 mortos. O governo, que se organizava para receber os Jogos Olímpicos em 12 de outubro, ordenou que as autoridades disparassem contra os manifestantes na praça das Três Culturas (Tlatelolco), matando cerca de 200 a 300 pessoas.


Durante as Olimpíadas, dois atletas americanos negros levantam os punhos para reivindicar o poder para os negros, na primeira manifestação política durante os Jogos Olímpicos.


No Uruguai, violentos confrontos levam o governo a decretar estado de sítio. Na Argentina, Colômbia e Venezuela, estudantes ocupam universidades, decretam greves, e se envolvem em intensos confrontos com policiais e forças do Exército.

Frases que expressavam o pensamento da década de 60


Liberdade


"Sejam realistas, exijam o impossível!"


"A imaginação ao poder"


"É proibido proibir"


"As paredes têm ouvidos, seus ouvidos têm paredes"


"Se queres ser feliz, prende o teu proprietário"


"O patrão precisa de ti, tu não precisas dele"


Poder


"Todo poder abusa. O poder absoluto abusa absolutamente"


"Todo poder aos conselhos operários (um enraivecido)Todo poder aos conselhos enraivecidos (um operário)"


"Abaixo o realismo socialista. Viva o surrealismo"


"O poder tinha as universidades, os estudantes tomaram-nas. O poder tinha as fábricas, os trabalhadores tomaram-nas. O poder tinha os meios de comunicação, os jornalistas tomaram-na. O poder tem o poder, tomem-no!"


Política



"Nós somos todos judeus alemães"

"A política passa-se nas ruas"

"Viva o poder dos conselhos operários estendido a todos os aspectos da vida"

"Trabalhador: tu tens 25 anos, mas o teu sindicato é do outro século"

"Todo reformismo se caracteriza pela utopia da sua estratégia, e pelo oportunismo da sua tática"

"Quando a Assembléia Nacional se transforma em um teatro burguês, todos os teatros da burguesia devem se transformar em Assembléias Nacionais"

"Juventude Marxista Pessimista"

Revolução

"Revolução, eu te amo"

"A revolução deve ser feitas nos homens, antes de ser feita nas coisas"

"Um só fim de semana não-revolucionário é infinitamente mais sangrento que um mês de revolução permanente"

"A revolução não é a dos comitês, mas, antes de tudo, a vossa.Levemos a revolução a sério, não nos levemos a sério"

Universidade

"Abaixo a Universidade"

"Professores, sois tão velhos quanto a vossa cultura, o vosso modernismo nada mais é que a modernização da polícia, a cultura está em migalhas"

Solidariedade

"A sociedade nova deve ser fundada sobre a ausência de qualquer egoísmo e qualquer egolatria. O nosso caminho será uma longa marcha de fraternidade"

"Tu, camarada, tu, que eu desconhecia por detrás das turbulências, tu, amordaçado, amedrontado, asfixiado, vem, fala conosco"


Fonte: Folha de São Paulo

Alexandre Rios.