domingo, 29 de março de 2009

Avenida Paulista

Há em "Av. Paulista", livro que reúne crônicas e textos de opinião do colunista desta Folha João Pereira Coutinho, a história verídica de um encontro improvável --e bem-sucedido-- entre um jovem português emigrante e seu novo país, o Brasil, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.

Antes de tomar o navio, um Luis Oliveira Dias recebe do pai o conselho: "Quando chegares a São Paulo, procura um tal de Vieira". Desembarca em Santos, uma mala na mão, e sobe a serra. Perdido, sozinho, encontra no centro da capital paulista a "Livraria Lusitana". Entra, explica ao patrício que o pai o fizera embarcar com medo da guerra que se anunciava.

O patrício era o Vieira.

"O rapaz chorava agora", escreve Coutinho numa das crônicas. "De alegria, mas chorava. Então o livreiro, Vieira de nome e português de origem, tomou o rapaz nos braços. Providenciou um banho quente, uma sopa. Roupa lavada."

Os anos passam e a história, como se sabe, não costuma se repetir. Numa de suas primeiras viagens a São Paulo, Coutinho, hoje com 32 anos de idade, teve o computador roubado pouco depois de desembarcar, à mão armada e num lobby de hotel. Mas seu encontro com o Brasil não foi menos bem-sucedido que o de Oliveira Dias.

Desde 2005 colunista da Folha Online, mais tarde também colaborador da Ilustrada, o jornalista verá ser lançado no país, na próxima sexta, esse seu "Av. Paulista", publicado em Portugal há dois anos, e que reúne textos produzidos originalmente para a ex-colônia.

Foi Coutinho quem tomou a iniciativa da aproximação, por se dizer admirador da imprensa brasileira.

"Conheço o jornalismo brasileiro por influência paterna. O meu avô era leitor dos clássicos brasileiros, como Machado de Assis, Graciliano Ramos e o teatro do Nelson Rodrigues. E lembro-me de o ver ler imprensa brasileira, que eu também comecei a consumir, encontrando no jornalismo brasileiro um texto curto, enxuto, pouco adjetivado. Ou seja, exatamente o contrário da tradição europeia e continental. Foi amor à primeira vista."

O colunista se define como "um conservador, com uma costela libertária e anárquica", diz que "utopia é conversa de gente politicamente analfabeta", e é o mais bem-humorado integrante da vaga recente de colunistas da "nova direita" --o que lhe rende reações, para o bem ou para o mal, bastante apaixonadas.

O encontro deve perdurar. E ele diz ver futuro também para o país. "Sobretudo por contraposição a uma Europa econômica, política e demograficamente envelhecida. Eu próprio não excluo, no espaço de uns anos, viver no Brasil."

(Folha de São Paulo)

Thales Azevedo.

Gran Torino

[...] Esqueçam: não é um filme sobre choque de culturas. Não é um filme sobre a tolerância. Não é um filme sobre as maravilhas do multiculturalismo. Tudo isso é só uma leitura politicamente correta, e errada, daquela que é, sem dúvida, a obra-prima do diretor e ator.

Eastwood encarna a figura do velho Walt Kowalski, um veterano da guerra da Coréia, de onde traz alguns traumas e arrependimentos. Ele é proprietário de um ainda reluzente Gran Torino, de 1972, carro da Ford, uma das montadoras americanas que já foram expressão da opulência do país e que hoje são o retrato de sua crise. De fato: a América como Walt a conheceu já foi para a cucuia faz tempo. É quase uma peça de museu, como seu carro.

Viúvo, Walt mora sozinho, longe dos filhos, caricaturas daquela classe média que certamente se endividou mais do que podia. Ele não suporta o mundo como é e tem clara noção de que o seu mundo já se perdeu. Irascível, quer apenas que o deixem em paz, que não pisem em seu gramado e que não o tratem com forçada intimidade. Ocorre que seu bairro, a exemplo da América, também mudou: empobreceu e foi tomado por imigrantes. Walt assiste ao que entende ser uma “invasão” de asiáticos (não que ele se dê bem com os negros...), com seus costumes estranhos. Uma família da etnia Hmong, originária do Laos, vai ser sua vizinha.

Uma gangue hmong impõe ao filho mais velho dessa família, Thao (Bee Vang), uma tarefa: roubar o Gran Torino, operação frustrada em razão da pronta intervenção de Walt. E aquela estranha gente passa, então, a fazer parte de sua vida. O velho decide enfrentar a gangue e se transforma no herói da comunidade hmong, o que vai custar bem caro. Nota: a irmã de Thao explica a Walt que a família deixou seu país de origem fugindo do... comunismo!

Walt decide fazer do retraído Thao um verdadeiro homem. Ou, ao menos, o que ele entende por isso. Eastwood brinca à vontade com os clichês, como a dizer aos americanos: “Pensam que somos isso”. Como a dizer ao mundo: “Sei que vocês acham que somos isso”.

Abstenho-me de comentar alguns grandes momentos de Gran Torino porque acabaria contando a história. E isso não se faz - é bem mais fácil escrever sobre o que todo mundo já viu... Digamos que eu os convide a ver o filme de um republicano inteligente, que admite, sim, com extrema dureza, as várias crises que hoje se conjugam em seu país. De um lado, está o veterano da Coréia: rígido, disciplinado, inclinado a cuidar apenas da própria vida e, em política, fiel à idéia da “América para os americanos”. Do outro, fragmentação, línguas estranhas, gangues, carros japoneses, amoralismo... Se os imigrantes são os “bárbaros”, com os seus exotismos, os naturais são os cínicos decadentes – e a sua própria família ilustra como ninguém esse estado de coisas.

No poema À Espera dos Bárbaros, de Constantino Kaváfis (escrevi um post a respeito no dia 7 de abril de 2007), os romanos, com o seu império em frangalhos, esperam a chegada de povos estranhos. Ninguém se ocupa mais de nada. Afinal, “os bárbaros estão chegando”. Ocorre que o tempo passa, e eles não vêm. As duas últimas estrofes do poema são estas:

Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.

Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.

Será que Eastwood compreendeu, finalmente, as virtudes do multiculturalismo e, como querem alguns, resolveu purgar, ele também, republicano notório, os erros dos EUA? Será que Eastwood compreendeu, finalmente, que os tais valores americanos são tão ultrapassados, embora reluzentes, como o seu Gran Torino?

Pois é... Nada disso! Eastwood não canta as glórias de povo nenhum. Tampouco sugere que os hmongs tenham lá grande contribuição a dar à América, embora se torne amigo da família. A resposta necessária, vocês verão, inclusive para proteger os direitos dos hmongs, sai da América mais profunda.

Prestem atenção, nas cenas finais, ao close dado num isqueiro Zippo, espécie de símbolo dos soldados americanos na Segunda Guerra, na Guerra da Coréia e na Guerra do Vietnã. Eastwood ainda acredita no poder civilizador da América.

(Reinaldo Azevedo)

Thales Azevedo.

sábado, 21 de março de 2009

Entrevista com Clint Eastwood

Por Leonardo Cruz

Na noite do último dia 25, Clint Eastwood recebeu em Paris uma Palma de Ouro especial por toda sua obra no cinema. Foi apenas a segunda vez em sua história que o Festival de Cannes entregou tal prêmio _a primeira havia sido em 1997, para o sueco Ingmar Bergman.

Nada mais justo. Com 78 anos de idade e 54 de carreira, Clint é um dos mais importantes cineastas americanos na ativa, de trajetória só comparável à de outros três gigantes: Francis Ford Coppola, Martin Scorsese e Woody Allen.

Após despontar como ator nos anos 60 em filmes como “Por um Punhado de Dólares”, de Sergio Leone, e “Meu Nome É Coogan”, de Don Siegel, ele percorreu um caminho entre a atuação, fonte de prazer, dinheiro e fama, e a direção, sua maior satisfação profissional.

Viveu personagens que se tornaram célebres, como o detetive justiceiro Harry, o sujo, em “Perseguidor Implacável” (1971) e mais quatro longas. E realizou trabalhos premiados e elogiados pela crítica, como “Os Imperdoáveis” (1992).

No mesmo 25 de fevereiro, horas antes do tributo na França, o cineasta atendeu a Folha por telefone, na única entrevista ao Brasil para falar sobre “Gran Torino”. No novo filme, Clint dirige e interpreta Walt Kowalski, metalúrgico aposentado, que mora em um bairro empobrecido da Detroit de indústria automotiva decadente. Gran Torino é o Ford 1972 que Kowalski guarda na garagem, memória do passado próspero.

Veterano da Guerra da Coreia, ele mantém uma bandeira americana na entrada de casa e detesta seus vizinhos. São de uma comunidade hmong, etnia asiática que apoiou os EUA na Guerra do Vietnã, foi perseguida após o conflito e, em boa parte, fugiu para o Ocidente.

A ação do filme nasce dessa convivência entre o americano racista e rancoroso e os asiáticos da porta ao lado, em especial o jovem Thao. Xenofobia, crise dos valores da família e da igreja e negação da vingança como justiça social emergem em “Gran Torino”, ótima síntese das questões centrais da obra mais recente do diretor.

O filme, que estreia na próxima sexta no país, é o tema deste primeiro trecho da entrevista exclusiva. No post seguinte, o diretor faz um balanço da carreira.

*

Muitos de seus filmes mostram uma sociedade em declínio moral. Em “Gran Torino”, há também a decadência econômica. Isso reflete o espírito dos EUA hoje?

De certa forma, sim. Principalmente da região de Detroit, onde a indústria automobilística, antes símbolo do país e que hoje produz carros que ninguém mais quer, espera ser resgatada pelo governo. É um pouco sobre essa região em depressão, de fábricas fechadas e desemprego.
“Gran Torino” está no meio disso tudo, porque Walt Kowalski é um aposentado com problemas ligados a pessoas de dentro e de fora de seu círculo social. Muitos de seus amigos e contemporâneos estão mortos. E ele tem problemas com a igreja, com sua família, e seus preconceitos o colocam em choque com a vizinhança. Até que ele percebe que esses vizinhos asiáticos são mais voltados para a família do que ele é.

O contraste entre valores ocidentais e orientais foi algo que o atraiu no roteiro de Nick Schenk?

Sim. Gosto desse espírito de Kowalski, de homem obstinado. E também do fato de ele conseguir mudar, aprender algo. É isso que o filme resume: não importa a idade, sempre há algo a aprender sobre a vida, as pessoas e tolerância.

Críticos nos EUA disseram que Kowalski é uma espécie de Harry, o sujo, na velhice. Mas Kowalski carrega um forte sentimento de culpa pelo que fez na Coreia, e a forma como resolve as coisas em “Gran Torino” fazem dele o oposto da figura do vingador.

Creio que as pessoas concluíram apressadamente essa relação com “Dirty Harry”, sem refletir muito ou observar essa questão sob outro ângulo. Vejo o personagem como você colocou. Walt Kowalski é uma pessoa diferente. Tem que lidar com uma série de problemas que Harry nunca enfrentou.

Kowalski é uma espécie de resposta a Harry e àquela visão romântica do vingador dos anos 70?

Não estou tentando fazer um comentário sobre os anos 70. Os anos 70 foram os anos 70. E isso é agora. Mas, se há ou não alguma resposta escondida, eu desconheço. Só penso sobre “Gran Torino” no tempo presente. Nesse personagem e em seus problemas de agora. Kowalski me traz lembranças da época em que eu era militar. Senti que era capaz de compreendê-lo. Apesar de não ter ido à Guerra da Coreia, conheci muita gente que foi e que passou por aquilo que Kowalski passou. E você faz coisas malucas quando é jovem, coisas que, quando olha para trás, revê com certo arrependimento.

Dúvidas sobre a autoridade religiosa estão presentes em “Gran Torino” e em outros filmes recentes seus, como “Menina de Ouro” e “A Troca”. Por que esse é um tema tão relevante?

Não sei explicar. Em “Menina de Ouro”, isso era parte da estrutura do roteiro. Frankie Dunn [o personagem de Clint naquele filme] tinha uma atitude de confronto em relação a seu padre, uma coisa quase sádica. Ia à igreja todos os dias para confrontar o padre. Mas Kowalski é uma pessoa que simplesmente não quer ser importunado pela igreja. Não é o crente que sua mulher foi, mas volta para fazer uma confissão e pôr sua vida em ordem.

Você teve que fazer alguma grande mudança no roteiro?

Não. O roteiro original estava muito bom. Mudei alguns diálogos e algumas coisas aqui e ali, mas, em geral, o roteiro estava em boa forma. Filmei da maneira como estava.

Alguma cena foi mais difícil de filmar em “Gran Torino”?

Toda cena tem seus pequenos obstáculos. O grande desafio foi trabalhar com a cultura hmong, usando pessoas reais, amadoras, sem atores de grande experiência. Mas todo mundo entendeu o projeto e fez um bom trabalho.

Como você os preparou?

Eles trabalharam muito por si mesmos. Eu só cuidava da atmosfera das cenas, para que todos entrassem no clima que eu queria. Eles perceberam que, se para mim o resultado estava bom, para eles também.

Thao e Kowalski são, de formas distintas, “outsiders” em suas comunidades. Esse é um elemento de ligação entre os dois?

Sem dúvida. Walt tem reticências, mas sente prazer em tutorar o garoto e orientá-lo até o ponto em que ele aprende a ética do trabalho e uma profissão. Walt espera ser uma influência sobre Thao, quer que ele tenha uma vida melhor. Minha intenção sempre foi a de que o filme mantivesse um tom de esperança.

Alexandre Rios.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Larica Total - A Cozinha da Guerrilha

O Larica Total é umas das melhores coisas surgidas na TV brasileira nos últimos tempos. O programa, apresentado pelo ator Paulo de Oliveira(que no programa chama-se Paulo Tiefenthaler, um solteirão convicto e que adora acordar tarde, ficando na dúvida se vai tomar café ou vai partir logo para o almoço) é uma mistura de humorístico e programa de culinária, mas não um programa de culinária comum: o que vale no Larica Total é a criatividade na hora de cozinhar (Paulo, na verdade, nem é cozinheiro, sendo que isso fica comprovado já no primeiro episódio do programa, no qual ele faz o chamado "Frango Total Flex"), a improvisação e a irreverência (muitas das frases faladas pelo apresentador são verdadeiras pérolas, como, por exemplo: "Na sua casa tenha sempre água, cerveja, sal, alho e cebola").

Algumas receitas são coisas comuns do dia-a-dia : arroz, churrasco e pipoca. Mas, na maioria das vezes, Paulo ensina a fazer comidas inusitadas, como o "yakisobra", o "sushi de feijoada" e a "moqueca de ovo". Tem até um episódio,hilário por sinal, no qual Paulo dá uma aula de como se mexer na perigosa panela de pressão, com direito à trilha sonora de Psicose e tudo.

O programa passa toda sexta-feira às 12:30 da noite no Canal Brasil. Eu só vim descobrir o programa no fim do ano passado, quando Jô Soares entrevistou Paulo e, confessou, que já havia se tornado fã do Larica Total. Todos os 24 episódios da primeira temporada do programa podem ser vistos no youtube (um fã do programa chamado Evaldo postou, na comunidade do Larica no orkut, episódio por episódio; é só entrar lá e procurar pelos tópicos dos episódios) . A segunda temporada do programa também já foi confirmada e há planos de lançarem um box com toda a primeira temporada em dvd.

O apresentador tem, inclusive, um perfil seu no orkut (http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=11807880115292909559) e também interage com os fãs no site do programa (www.laricatotal.com.br). Nesse site, há espaço para os fãs enviarem suas receitas e há também diversas seções bacanas, como o "glossário de expressões paulínicas" (das expressões, o "xablablau" já ficou famosa).

Aí embaixo, vai uma matéria da Folha de São Paulo sobre o Larica, o link da comunidade do orkut e o primeiro episódio do programa.

Se você vai ver o Larica Total pela primeira vez, eu só tenho uma coisa a lhe dizer : "bem-vindo ao maravilhoso mundo de Larica Total!"

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Matéria sobre o Larica na Folha de São Paulo

Caderno Ilustrada

São Paulo, sábado, 14 de março de 2009

TELEVISÃO

"Larica Total" ensina "culinária de guerrilha"
Paulo Tiefenthaler defende "a verdade da nossa geladeira" no Canal Brasil

"Receita é igual a texto de teatro, depende muito de como você interpreta", diz personagem, que vai ao ar hoje à noite, às 22h30


FERNANDA EZABELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Culinária verdade, da realidade". É com essa ideia na cabeça e poucas panelas à mão que Paulo Tiefenthaler tem feito picadinho da noção limpinha da arte de cozinhar na televisão. Ele protagoniza o programa "Larica Total", que vai ao ar na noite de sexta, à 0h30, no Canal Brasil. Há reprises ao longo da programação, como hoje, às 22h30.
Tiefenthaler está longe de ser um bonitão como Jamie Oliver, um descolado como Alex Atala ou mesmo um chef. Ele é ator, interpreta Paulo de Oliveira, um solteirão metido a filósofo que faz da cozinha de sua casa antiga em Santa Teresa, no Rio, o estúdio experimental para seu programete de 15 minutos.
"Yakisobra", "sushi de feijoada" e "moqueca de ovo" são alguns de seus pratos "elaborados". Tem também sopa, sanduíche e arroz. Às vezes, ele surge enrolado numa toalha, fantasiado para o Carnaval ou de ressaca. Está sempre aberto ao erro -que não são poucos- e a muita improvisação. "Não é a panela ideal, mas é a que temos, então vamos em frente", avisa, olhando para a câmera, desafiador. Em conversa por telefone, explica: "O "Larica" é a culinária verdade, cozinha de guerrilha, mas de guerrilha do dia-a-dia da gente, a verdade da nossa geladeira".
O programa, que está no final da primeira temporada, é feito por um "exército de Brancaleone", segundo o ator. Os três diretores são editores e redatores; há um técnico de som e dois produtores, um deles filósofo, que já errou três vezes na data de validade dos alimentos. Tiefenthaler, 40, nasceu na Suíça e foi criado no Rio. É também cineasta de curtas e editor de cinema e televisão.pesar da sua interpretação parecer uma sátira aos programas assépticos de culinária, "Larica Total" é levado a sério pelos fãs. Há uma comunidade bem ativa no Orkut, além de um site oficial que vende camisetas e já recebeu mais de 200 sugestões de receitas.
Os fãs também são responsáveis pela postagem dos episódios no YouTube. São cerca de 300 mil page views para todos os 21 capítulos na internet. Tiefenthaler também leva o trabalho com seriedade. Fica irritado quando dizem que sua cozinha é suja, ou seus pratos, nojentos. Aliás, a cozinha é da casa dele mesmo, e não fictícia do personagem, com o qual sua personalidade entusiasmada se mistura um pouco.
"Todos os pratos ficam bons, é comida normal, caseira", diz, se esquecendo da salsicha que acabou crua após ser "flambada", ou seja, aquecida diretamente na boca do fogão. "Minha cozinha é limpa, real. Não é um cenário de novela." "O molho Total Flex não é nojento", diz, defendendo um molho de frango. "É tomate com mostarda, vinho misturado com um pouco de mel. É uma maluquice, mas fica bom."
LARICA TOTAL
Quando: sexta, à 0h30; reprise hoje, 22h30, e amanhã, 15h30 e 20h05
Onde: Canal Brasil
Classificação: livre
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Primeiro episódio

Parte 01 :



Parte 02 :



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Link da comunidade do Larica no orkut:

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=65209693



Eduardo Vasconcelos.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Fringe - Uma série de ficção que vale a pena assistir


"O anúncio do encerramento de Battlestar Galactica teve os mesmos efeitos de uma bomba no meio dos espectadores de seriados inteligentes da atualidade. Muitos procuravam no horizonte por um substituto adequado para a derradeira hora da despedida de Adama e seus comandados. A resposta veio antes do que se esperava quando Fringe estreou na Fox norte-americana. Depois de meia temporada, pode-se dizer que a ficção científica televisiva precisava de Fringe e é uma pena que não dispute espaço com Battlestar Galactica. Seria uma competição e tanto. Os criadores – JJ Abrams, Alex Kurtzman e Alex Orci – sabiam disso e acertaram na mosca.

A chegada de Fringe deve ser festejada por agregar mais valor ao gênero da ficção científica. O momento é de grande variedade: Supernatural apostando no emocional e jovens galãs para agradar jovens e adultos; Dollhouse estreando com a aura de Joss Whedon; Lost colocando mais coisas na cabeça de seus seguidores; The Sarah Connor Chronicles apostando na ação desenfreada, e escorregando na banana; Smallville começando a perder o timing para sair de cena; e séries menores como Sanctuary (com Amanda Tapping, de Stargate: SG1) mantendo a estrutura enraizada do gênero na grade do Sci-Fi.

Fringe completa tudo isso ao mesclar tecnologia de ponta, altas doses de imaginação e um dos elencos mais acertado dos últimos anos. O nome da série vem do termo “fronteira/margem”, que é onde se desenvolve, e testa, a ciência mais avançada do mundo: armas biológicas, vírus mutantes e outras idéias malucas, como se comunicar com os mortos e até mesmo o teletransporte. Uma unidade do FBI investiga esses casos, mas conta com a ajuda de um homem incomum, um tal Walter Bishop, um dos cientistas que começou os estudos nessa área, mas foi internado num sanatório por anos. Espero que a imprensa brasileira, que não viu a série, não acredito no press release da assessoria do canal, que diz haver elementos de “sobrenatural” em Fringe. Se há uma coisa não presente ali é justamente o sobrenatural. Tudo é baseado na ciência e nas capacidades do corpo humano. Deixem os fantasmas para o pessoal de Supernatural ou Ghost Whisperer! =D

A mocinha da história é Olivia Dunham (Anna Torv), que conta com a ajuda de Walter (John Noble) e seu filho, Peter (Joshua Jackson), para impedir que mais casos bizarros vitimem centenas de pessoas. E bizarro é o mínimo para se classificar as coisas que acontecem nessa série. Entretanto, há muito mais que “monstros da semana” a serem encarados, pois, em segundo plano, existe uma grande trama que envolve o mundo todo. Em princípio, esse complô parece bem definido, colocando toda a culpa numa companhia chamada Massive Dinamic, a líder mundial em tecnologia, robótica e biotecnologia.

Excetuando-se o grande mistério, não há um quebra-cabeças constante em Fringe, assim como existe em Lost. As peças estão presentes na trama e são apresentadas ao espectador, que pode ser propositalmente enganado, mas pode juntar tudo que aprendeu quando chega a hora de dar o próximo passo. É um roteiro em constante evolução em termos de conteúdo e com diversas surpresas, mas sem soar ilógico ou excessivamente misterioso. Exatamente do jeito que o mercado precisava. Aliás, essa foi a razão que os criadores alegaram para a composição da série (que aconteceu durante os trabalhos para o novo Star Trek). E eles não podiam estar mais certos.

De qualquer forma, JJ Abrams sabia do risco de apostar alto numa série desse tipo, uma vez que seu conceito não tem grande apelo com determinadas faixas etárias cujo retorno de audiência é fundamental hoje em dia, especialmente adolescentes do sexo feminino. Joshua Jackson não é galã e Anna Torv não faz o coração dos rapazes palpitar, então, Fringe precisa sobreviver de seu conteúdo fazendo de tudo para não decepcionar. Até o momento, tem cumprido o que promete e a trama secundária ganhou uma reviravolta fantástica no último episódio, antes do intervalo da temporada (para dar espaço a American Idol).

Fringe não deixa a desejar para nenhum dos grandes títulos do gênero. É um programa para ser apreciado em todos os seus aspectos, especialmente o roteiro primoroso. E dá-lhe Walter!"

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Texto retirado do site Judão (www.judao.com.br) e que, por sua vez, retirou o mesmo da revista Sci-Fi News, 133, Março de 2009.


Eduardo Vasconcelos.


terça-feira, 17 de março de 2009

Batman e Superman

Muito boa essa animação do CollegeHumor.






Eduardo Vasconcelos.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Orkut perde sua maior comunidade para troca de músicas


Quase 1 milhão de internautas amanheceram nesta segunda-feira (16) com uma comunidade a menos no seu Orkut. Após meses de queda de braço com representantes das gravadoras, a comunidade "Discografias" anunciou, no domingo à noite, seu fim.

Criado em novembro de 2005, o endereço abrigava 921 mil usuários cadastrados --o número de pessoas que a utiliza efetivamente ultrapassava 1 milhão, já que para acessar seu fórum não é preciso se inscrever. Ali, internautas compartilhavam links com álbuns musicais inteiros sem pagar nada. A organização e o volume de material fez com que o endereço se tornasse uma das principais plataformas na web brasileira para quem procura esse tipo de conteúdo.

"Informamos a todos os membros da comunidade 'Discografias' que encerramos as atividades devido às ameaças que estamos sofrendo da APCM [Associação Antipirataria Cinema e Música] e outros orgãos de defesa dos direitos autorais", diz uma nota publicada no Orkut, assinada pelos moderadores, que não se identificam. A nota não informa que tipo de ameaça estaria sendo feita contra eles.

Essa exclusão já era aventada pelo próprio Google, responsável pelo Orkut, desde 2008, conforme adiantou a Folha Online em outubro do ano passado. "Não é com o fechamento desta comunidade e outras equivalentes que as gravadoras irão aumentar seus lucros", afirmaram os moderadores, no comunicado de despedida.

Poucos minutos após o anúncio, a repercussão do caso tomou dezenas de blogs e twitters (microblogs), que protestaram madrugada adentro. Até a publicação desta reportagem, Google e APCM não tinham se pronunciado.

No ano passado, a APCM já havia declarado guerra à comunidade, tida como sua principal inimiga na rede. "Em se tratando de música, ninguém tem mais arquivos que violam direitos autorais do que a 'Discografias'", disse à Folha Online Edner Bastos, coordenador antipirataria da associação que defende a propriedade intelectual.

A declaração acirrou os ânimos, fazendo circular um abaixo-assinado (que conta com 26 mil nomes) contra a exclusão do endereço. À época, a associação conseguia, com auxílio do Google, excluir alguns pedaços da comunidade, mas admitia ter problemas com o tamanho e a complexidade do fórum.

Os moderadores também chegaram a se defender, em entrevista por e-mail realizada em outubro último. "Muitas bandas, hoje, tanto no Brasil quanto no exterior, assumem que não fariam sucesso se não fosse a internet. Até o Presidente da República deu uma declaração favorável sobre 'baixar músicas da internet'. Ilegal e pirataria, na nossa opinião, é a venda de CDs piratas", disseram, sem sair do anonimato.

Alexandre Rios.

domingo, 15 de março de 2009

quarta-feira, 11 de março de 2009

Comedores de lixo

Que dizer da história de Jade Goody? Caso não saibam, Jade Goody foi concorrente do Big Brother britânico, notabilizando-se por sua linguagem e comportamento vulgares. A Grã-Bretanha rendeu-se a ela e encontrou em Goody um novo símbolo da "informalidade" proletária que faz parte da nossa modernidade.

Acontece que Jade adoeceu gravemente (com câncer). A notícia fatal, aliás, foi comunicada à própria em pleno programa televisivo, fazendo disparar as audiências. Mas o melhor ainda estava para vir: se Jade tinha câncer terminal, o melhor era morrer em frente às câmeras, proeza que Jade tem cumprido com profissionalismo de Hollywood. Das operações cirúrgicas às sessões de quimioterapia, sem esquecer o seu casamento-relâmpago, Jade aproveita as últimas semanas de vida para mostrar ao mundo o seu lento caminho para o fim. Não é de excluir que a tv filme o seu último suspiro. Os produtores garantem que não. Mas se as audiências exigem tudo, por que raio não devem ver tudo?

Essa é a questão. O caso de Jade tem alimentado debates inflamados na Grã-Bretanha. A discussão centra-se, invariavelmente, na falta de ética da televisão contemporânea, que se aproveita de uma mulher moribunda para fazer negócio. Vozes moralistas condenam os produtores, exigindo rápida intervenção do governo. E Jade Goody, quando confrontada com a pornografia do seu ato, afirma simplesmente que está a pensar nos filhos: duas crianças que ficarão sem mãe em breve e que, graças à prostituição sentimental de Jade, herdarão 1,7 milhões de euros.

Pessoalmente, nada tenho a dizer: sobre Jade Goody e muito menos sobre a tv que filma a sua decadência física. Mas estranho que, no meio da gritaria, ninguém tenha dito o básico. E o básico não está na moribunda, muito menos na tv que filma a moribunda. O básico está numa população anônima de milhões de britânicos que permitem a existência desse caso, consumindo-o com voracidade mórbida. O fenômeno Jade Goody, e a repugnante vontade de o filmar até ao limite, não existiria se as audiências não existissem.

Uma verdade banal? Longe disso. Uma verdade politicamente incorreta: no mundo radicalmente igualitário em que vivemos, não é de bom tom relembrar que as massas nem sempre escolhem com sabedoria e pudor. As massas são muitas vezes analfabetas e repugnantes. O pensamento politicamente correto prefere antes demonizar os produtores (no fundo, os "capitalistas") que exploram a pobre ingenuidade do povo.

Um erro. E uma grosseira piada. Se existe doença neste caso, ela não está em Jade Goody ou no circo televisivo que a filma. Está nos comedores de lixo: gente que liga a tv para se empanturrar, literalmente, até a morte.


(João Pereira Coutinho - Folha de São Paulo, 09/03)


Thales Azevedo.

sábado, 7 de março de 2009

É justo questionar dogmas católicos

A Igreja Católica é composta por homens e mulheres de carne e osso. Como toda instituição viva, seus dogmas merecem contestação de quem pertence aos seus quadros, de quem já pertenceu e de que não pertence. Os de fora têm o direito de opinar sobre as decisões de uma instituição poderosa e que influencia o debate público no mundo inteiro.

No Brasil, há separação entre Estado e igreja. Apesar disso, os religiosos se julgam no direito de criticar decisões legais, como o aborto de uma criança de 9 anos que foi estuprada. Ora, se podem meter o bedelho nas regras do Estado laico e democrático, podem também ouvir críticas a seus dogmas.

Nesse contexto, é absurda a excomunhão dos médicos e da mãe da menina estuprada pelo padrasto. Pior, o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, disse que aborto é pior do que estupro. Os idiotas da subjetividade vão dizer que é assunto da Igreja Católica e ponto final. No direito canônico, o aborto é mais grave que o estupro. Quem é católico que se acomode, e os incomodados que se retirem.

Esse discurso serve a um conservadorismo anacrônico que afasta cada vez mais a Igreja Católica do cotidiano de seus seguidores. É um erro considerar um meio católico ou um mau católico quem apoia a decisão de abortar na circunstâncias em que se encontrava a menina de 9 anos. Ela pesa 30 quilos. Sua gravidez poderia matá-la. A lei brasileira permite aborto em caso de estupro e quando se coloca em risco a vida da gestante.

Há outro agravante: a menina é de um região pobre do Nordeste, na qual o peso dos valores religiosos é maior do que em outras partes do Brasil. Uma condenação da Igreja Católica soa a uma espécie de sentença de morte religiosa.

É uma pena que a Igreja Católica tenha abandonado a opção preferencial pelos pobres. O homem que deu início à caminhada dessa instituição milenar teria reparos a fazer à turma de Bento 16.

Mais debate.

A briga é meio perdida, mas é preciso discutir a ampliação do direito ao aborto num país em que isso é questão de saúde pública. A mulher deve ter o direito de decisão. Legalizar mais amplamente o aborto, com limite até determinado tempo de gestação, não vai obrigar ninguém a tirar filho da barriga.

Kennedy Alencar

Bom, é costume da Igreja Católica incentivar os cristãos a se confessarem. Depois de muita lambança na História, é hora da instituição religiosa mais poderosa do mundo se confessar publicamente, não acham? Vai ter cada coisa...



Alexandre Rios.