terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Oasis - Dig out your soul


Fiquei muito tempo sem postar no blog, mas estou de volta com uma crítica sobre o novo álbum de Oasis lançado no ano passado, “Dig out your soul”.

Alexandre Rios elegeu o Oracular Spectacular – MGMT como o melhor álbum de 2008. Realmente a banda MGMT surpreendeu muitos críticos e leigos com sua mistura de eletrônico e rock e também pelas suas letras enaltecendo a liberdade na adolescência. Mesmo assim, o ritmo do Oasis continua me encantando com sua guitarra crua, sem muitos efeitos espetaculares.

No primeiro contato com o disco, achei-o distante do estilo já bem definido do Oasis. Mas após ouvir mais vezes, começamos a sentir as semelhanças das músicas novas com as dos últimos CDs. Contudo, há, como toda a crítica comentou, um distanciamento dos primeiros álbuns.

Sentimos algumas diferenças na entrada e final de músicas, como ocorre em “The turning”, “The nature reality” ou “To be where there is life”. Outra diferença notada é a prevalência do ritmo em diversas músicas, como em “(Get off your) High Horse Lady”. Mesmo assim, isso não anula a identidade Oasis.

Pessoalmente, gostei muito do álbum. Inclusive é difícil decidir a melhor música. A banda foi feliz em “I’m outta time” ao mesclar violão e piano e também em “To be there’s life”, com sua batida sistemática e com seu baixo totalmente audível. Em relação às letras, continuam muito bem escritas.

“Yours is a messiah/ Mine is a dream and it won't be long” – The Turning

“If I'm to fall / Would you be there to applaud / Or would you hide behind them all?” – I’m Outta time


Essa permanência de estilo é o que consagra uma banda. Oasis já possui um estilo definido e sua inovação consiste justamente em permanecer com a guitarra pura, a voz inconfundível de Liam e Noel Gallagher e, claro, o pandeiro auxiliando a bateria. É essa vontade de permanecer em um padrão de estilo que também consagrou o novo álbum de ACDC, o “Black Ice”.

Por fim, a capa de “Dig out your soul” é muito bem produzida, seguindo o estilo já consumado pelos outros álbuns. E, para mim, esse é o melhor CD de 2008.


Lucas Caires

Vergonhas e mais vergonhas

O Brasil está sendo complacente, sem uma razão convincente, com um assassino condenado pela Justiça, diz a revista britânica Economist na edição que chegou às bancas nesta sexta-feira.

Em um artigo que leva o título "A loucura do asilo", a revista se refere ao caso do italiano Cesare Battisti, que recebeu asilo no Brasil, causando um mal-estar diplomático com a Itália, que quer sua extradição.

A revista abre o texto dizendo que o Rio de Janeiro, "com sua gigantesca estátua de Cristo oferecendo redenção sem limites, é um lugar atraente para se viver como fugitivo da Justiça".

"Claude Rains elegantemente se escondeu ali em um dos melhores filmes de Hitchcock (Interlúdio, de 1946). Ronald Biggs, depois de roubar um trem em 1963, trocou uma prisão britânica pela praia de Copacabana - causando mais inveja do que difamação".

Battisti “se juntou a esse grupo, depois que de receber status de refugiado político do Brasil”, diz a reportagem.

Para a Economist, pouca gente na Itália tem dúvidas de que o julgamento de Battisti, ex-militante de esquerda condenado pelo assassinato de dois policiais nos anos 70 e pelo seu envolvimento na morte de um açougueiro e de um joalheiro, foi justo. [...]

(BBC Brasil)

As famílias das vítimas do terrorismo na Itália protestam contra a carta enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governo italiano justificando a decisão do Brasil de dar status de refugiado político ao extremista Cesare Battisti. Para as famílias, a decisão e a carta são "verdadeiros insultos ao povo italiano e às vítimas do terrorismo".

O grupo está ainda organizando uma reação popular contra a decisão do Brasil e pede para cada italiano enviar cartas ao governo e à embaixada do País em Roma.

"O que estamos vendo é um comportamento vergonhoso do Brasil em relação a esse assunto", afirmou ao Estado o vice-presidente da Associação das Famílias das Vítimas do Terrorismo na Itália, Roberto Della Rocca.

"Será que o Brasil sabe exatamente o que está fazendo e quem são essas pessoas? Battisti é um homicida, mas nem por isso seria torturado nas cadeias italianas se voltasse ao país", disse Della Rocca.

Ele ainda faz uma ironia. "Para as famílias das vítimas, não queremos nada mais que ver Battisti em uma cela comum no Brasil. Isso bastaria e já seria já sua punição pelo que fez", disse, se referindo às condições das cadeias brasileiras.

(O Estado de São Paulo)

Thales Azevedo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Mad Men

Mad Men, que já teve duas temporadas e foi renovada para mais duas, é a melhor série dramática de televisão surgida desde o fim de "The Sopranos" (série que eu considero a melhor já feita até hoje) e que, de certa forma, veio para preencher o vazio deixado na TV por Tony Soprano e companhia.
O seriado - criado por, vejam só, Matthew Weiner, o escritor e produtor de "The Sopranos"- retrata a vida de um publicitário na Nova York do fim dos anos 50 e início dos 60. Don Draper (interpretado pelo excelente ator Jon Hamm) é o diretor de criação da fictícia agência de publicidade Sterling Cooper e sua função é , basicamente, vender o "american way of life", a felicidade enlatada nos produtos e estampada nos outdoors. Draper tem, aparentemente, uma vida desejada por muitos: um emprego bem remunerado, uma bela mulher ( Betty Draper, que é interpretada pela também excelente atriz January Jones) e dois filhos. Porém, Don Draper, além de ser um homem misterioso ( vários detalhes do seu passado são revelados ainda na primeira temporada), não consegue encontrar a felicidade que tanto vende para seus clientes. E, para controlar suas crises pessoais, ele recorre ao cigarro, ao álcool e a outras mulheres sem o menor pudor, mostrando-nos a personalidade de um homem angustiado e infeliz.
Mad Men - um trocadilho entre as palavras ad (propaganda) e mad (maluco), sendo também a forma pela qual eram chamados os publicitários da época - é extremamente competente em retratar o mundo (dentro e fora da agência de publicidade) daquele período : todas as pessoas fumavam e em todos os lugares ( no primeiro episódio, a Sterling Cooper é contratada para fazer uma nova campanha para a "Lucky Strike", famosa marca de cigarros) ; o álcool era ingerido não só nos bares, mas também no trabalho e em casa; as mulheres, apesar de muito glamurosas, eram bastante discriminadas pelos homens,isto é, eram vistas como objetos sexuais e consideradas, portanto, como submissas, sem voz ativa; havia a segregação racial entre brancos e negros (estes só aparecem no seriado em poucas ocasiões e, mesmo assim, geralmente como garçons ou ascensoristas) e o anti-semitismo.
Os homens norte-americanos, vencedores da Segunda Guerra Mundial, são mostrados no seriado como seres confiantes, homens que vieram do conservadorismo dos anos 50 e que não esperam todas as mudanças que, nós sabemos (mas os personagens não), surgirão com a revolução sócio-cultural nos EUA dos anos 60. Algumas dessas mudanças já são mostradas nas duas primeiras temporadas, como o fato de uma mulher, mas especificamente a personagem Peggy Olsen (Elisabeth Moss) ,começar a conquistar seu espaço na agência de publicidade como executiva e não mais como secretária ( função normalmente exercida pelas mulheres nesse ambiente). O liberalismo sexual (comum para os homens, mas não para as mulheres da época) também já começa a ser mostrado, assim como o homossexualismo (o personagem Salvatore Romano, responsável por desenhar as campanhas publicitárias, apesar de gostar de outros homens, vive com uma mulher, com o objetivo claro de manter as aparências perante os colegas de trabalho). Algumas figuras importantes da política ( a campanha para as eleições presidenciais de 1960 é bem retratada, havendo até um episódio na primeira temporada intitulado "Nixon vs. Kennedy") e da cultura (em determinado episódio, um personagem cita Bob Dylan) também não foram esquecidas ( há a citação, inclusive, de filmes famosos lançados no período, como "O Homem que Matou o Facínora", de John Ford, e "Se meu apartamento falasse", de Billy Wilder).
O elenco de Mad Men conta com - além dos já citados Jon Hamm, January Jones e Elizabeth Moss - John Slattery (interpreta Roger Sterling, um dos sócios da Sterling Cooper e um dos melhores amigos de Don Draper), Vincente Karheiser (faz o papel do desprezível Pete Campbell, o mimado, rico,um tanto desleal e ao mesmo tempo interessante colega de Draper na agência, configurando-se como um dos melhores personagens da série) e vários outros atores desconhecidos do grande público e que agora estão recebendo o merecido reconhecumento. É importante destacar a belíssima direção de arte (a reconstituição da época é impecável, tudo é retratado da maneira mais fiel possível: móveis, roupas, carros, prédios, etc) e a fotografia da série ( o visual é nada menos que deslumbrante). Destaco ainda a abertura do seriado, uma espécie de animação que mostra um executivo em queda livre - uma analogia à infelicidade do protagonista da trama - cercado de prédios, pôsteres e outdoors com propagandas. Essa abertura em muito se assemelha às aberturas criadas pelo designer Saul Bass para os filmes de Hitchcock ( como, por exemplo, "Intriga Internacional e "Psicose) e de outros cineastas ( "Anatomia de um crime", de Otto Preminger, é outro bom exemplo).
Os diálogos de Mad Men também chamam a atenção, contendo, muitas vezes, uma boa dose de ironia e sarcasmo ( Don Draper às vezes me lembra personagens intepretados por Humphrey Bogart, cínicos e sedutores). O único ponto negativo do seriado, e que pode afastar alguns telespectadores, é o fato da história se desenvolver num ritmo um tanto quanto lento (pessoas acostumadas a assistir seriados como "24 horas" e "Lost" vão estranhar um pouco esse ritmo lento), mas não é nada que diminua o brilhantismo do mesmo e que impeça de acompanhá-lo de modo satisfatório.
Mad Men é , portanto, um seriado inteligente, bem escrito, atuado e dirigido. Não é à toa que ele ganhou duas vezes consecutivas (em 2008 e nesse ano de 2009) o Globo de Ouro de "melhor série dramática" e Jon Hamm ganhou em 2008 o mesmo prêmio na categoria "melhor ator em série dramática". Não percam, pois vale muito a pena assistir.
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OBS: O seriado é transmitido nos EUA pela rede AMC e aqui no Brasil pela HBO. Por incrível que pareça, o box da primeira temporada não saiu ainda em dvd por aqui. Cada temporada tem 13 episódios.

OBS2: Aí embaixo eu coloquei dois vídeos (um com a abe
rtura do seriado e outro com a paródia dos Simpsons para a abertura) e a nota de cada uma das duas temporadas, destacando os melhores episódios.


Primeira Temporada

--> Melhores episódios:

- S01E01 : Smoke Gets In Your Eyes
- S01E08 : The Hobo Code
- S01E11 : The Indian Summer
- S01E12 : Nixon vs. Kennedy


[ Nota da 1ª temporada: 8.5]


Segunda Temporada
--> Melhores episódios:

- S02E07 : The Gold Violin
- S02E08: A Night To Remember
- S02E09: Six Month Leave
- S02E13: Meditations in a Emergency

[ Nota da 2ª temporada : 9.0]








Eduardo Vasconcelos.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Obama popstar

Agora é oficial. George W. Bush, o mais massacrado, culpado pelo terrorismo, pela crise financeira, pelo aquecimento global e por todos os problemas do mundo pode suspirar aliviado. Pra ele, it's over. Com todas as divergências, do simplismo politicamente correto ao vazio eloquente dos discursos, da falta de bagagem ao apelo salvacionista a um change que já rende frutos divertidos - a começar pelos nada tradicionais nomes da equipe, resta desejar ao fenômeno do século: good luck, Mr. Obama, você vai precisar, e avante.

Thales Azevedo.

Mais do mesmo

Imagens do protesto do partido Itália dos Valores em frente à Embaixada do Brasil em Roma para repudiar a decisão do ministro Tarso Genro de conceder refúgio político ao ex-ativista Cesare Battisi, condenado à prisão perpétua em seu país por quatro assassinatos. Enquanto isso, com certos atletas cubanos... Bem, é a vergonha de sempre.

Thales Azevedo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

LOST - [S05E02] - The Lie


! AVISO: o texto abaixo contém spoilers !

O segundo episódio da quinta temporada de Lost não foi tão brilhante quanto o primeiro mas também não decepcionou, principalmente por causa de Jorge Garcia, o ator que interpreta Hurley (ele teve o seu melhor desempenho desde o começo da série).
O episódio começou no passado, mais exatamente há 3 anos dos eventos que estão ocorrendo no presente. Aqueles que sairam da ilha estão reunidos no barco de Penny e decidindo qual seria a melhor forma de proteger aqueles que ficaram na ilha das investidas de Charles Widmore. Todos, com exceção de Hurley ("Um dia vocês vão precisar da minha ajuda. Então, digo agora...vocês não vão tê-la"), acham que o melhor seria mentir sobre o que aconteceu na ilha. Após isso, o episódio mostra, no presente, Hurley dirigindo um carro e Sayid desacordado ao seu lado (resultado do efeito provocado pelo dardo tranquilizante que o atingiu no primeiro episódio da temporada). Hurley, tendo visto um carro de polícia mandando-o parar, encosta o seu carro. Porém, quando pensamos que Hurley será reconhecido e preso pela polícia (no episódio anterior, Sayid matou dois homens para ajudar o gordo a fugir da clínica psiquiátrica, sendo que Hurley levou a culpa dos assassinatos), quem aparece é a falecida Ana Lucia ( na verdade, foi apenas mais uma aparição do além, ou seja, a ilha tentando a todo custo trazer de volta os Oceanic Six) para dizer que Hurley deve evitar ser preso(destaque para o "Libby manda lembranças" de Ana Lucia).
Hurley leva Sayid para a casa do seus pais(notem que, antes de Hurley chegar, o pai dele está assistindo ao seriado Exposé, protagonizado por Nikki, o par romântico de Rodrigo Santoro na terceira temporada...lembram disso?). Hurley, vendo que Sayid precisa de um médico, mas não pode ir a um hospital (a referência a "O Poderoso Chefão" nesse momento foi bastante engraçada), contacta Jack para que este recupere Sayid. Enquanto isso, várias coisas acontecem dentro e fora da ilha.
-> Dentro da ilha:
1) Somos apresentados a um personagem bastante irritante chamado Neil (Sawyer lhe dá o carinhoso apelido de "Frogurt" ;D )
2) Faraday (o "Dr.Mágico", hehehe) retorna do seu intrigante encontro com Desmond e diz que para eles saírem dali é necessário determinar primeiro onde eles estão no tempo.
3) Ao anoitecer, o acampamento é atacado por um grupo desconhecido. Neil "Frogurt" é atingido por uma flecha e morre (esse, definitivamente, não vai deixar saudades), enquanto que várias outras pessoas correm para salvar suas vidas.
4) Juliet e Sawyer, ao tentar fugir, são capturados por membros desse grupo desconhecido e, no exato momento em que um deles ia cortar o braço de Juliet, o "jungle boy" Locke aparece com sua faca estilo Rambo para salvar o dia.
-> Fora da ilha :
1) Antes de Jack ir ajudar Sayid, ele tem uma conversa bastante interessante com Ben. O "manipulador de olhos esbugalhados" fala para Jack fazer as malas e colocar dentro dela tudo que ele achar de importante na vida, pois Jack não poderá voltar mais (isso se aplica apenas a Jack ou a todos que vão voltar para ilha?). Jack, em um dado instante, pergunta para Ben se Locke realmente está morto. No entanto, Ben desconversa dizendo que vai pegar Jack dentro de 6 horas (será que John Locke está vivo?)
2) Kate e Aaron vão ao encontro de Sun. As duas protagonizam um diálogo emocionante, no qual a coreana diz que não culpa Kate pela morte de Jin.
3) Ben vai a um açougue e conversa com uma mulher chamada Jill, deixando o caixão de Locke guardado com ela.
4) Hurley conta a sua mãe tudo o que verdadeiramente aconteceu na ilha ( o gordo faz basicamente um breve resumo dos principais pontos ocorridos desde o começo da série) . No fim do diálogo, ele fala que os Oceanic Six não deveriam ter mentido.

Após Jack finalmente conseguir recuperar Sayid, Ben passa na casa de Hurley para convencê-lo a também voltar para ilha. Hurley não acredita nas palavras de Ben e se entrega aos policiais que estão vigiando a sua casa ( o sorrisinho de Hurley ao ser preso já vale o episódio).
No fim do episódio, vemos uma mulher misteriosa fazer uns cálculos num quadro e depois acessar um computador (a mensagem "Janela de Evento Determinada" aparece na tela do computador). Depois, essa mesma mulher (vocês já viram essa mulher na série antes? eu mesmo não estou lembrado dela) sobe umas escadas e se encontra com Ben.Eles travam um diálogo no qual ela diz que Ben tem apenas 70 horas para reunir todo mundo e voltar para a ilha.
Ben: "-Olha, eu perdi o Reyes hoje. O que acontece se eu não levar todos de volta?"
Mulher misteriosa : "-Então, que Deus ajude a todos."

PÓUM! ;D

[Nota 8.0]

Eduardo Vasconcelos.

LOST - [S05E01] - Because You Left


! AVISO : O texto abaixo contém spoilers !

Depois de muito tempo de espera, finalmente a quinta temporada de Lost estreou com dois episódios inéditos!
O primeiro deles, "Because You Left", não teve uma figura central como era comum nos episódios das temporadas anteriores, mas o personagem mais importante dessa season premiere foi Daniel Faraday (o episódio começa e termina com a presença dele). Antes dos créditos iniciais, ficamos sabendo o nome do cara que aparece dando as instruções nos videos da Iniciativa Dharma ( Dr. Marvin Candle) e, após isso, é revelado como foi descoberto o mecanismo que Ben utilizou para mover a ilha (no momento que o Dr. Marvin Candle sai da inspeção feita nas escavações da futura Estação Orquídea, ele esbarra com ninguém mais, ninguém menos que Daniel Faraday, o físico do cargueiro).
Faraday, em certo momento do episódio, revela o que aconteceu com a ilha depois que Ben a moveu no último episódio da temporada anterior: a ilha não se moveu no espaço, mas foi deslocada na linha temporal e agora está se movendo, como o próprio Faraday afirmou, de forma semelhante a uma agulha num disco. Devido a isso, o episódio foi marcado por vários saltos temporais da ilha ("son of a...bitch!" ;D ) , seja para o passado (como no momento em que Locke vê o avião dos traficantes africanos cair na ilha e depois ser baleado na perna por Ethan), seja para o futuro (quando o mesmo Locke recebe a ajuda de Richard Alpert e este o revela que para salvar a ilha é necessário trazer de volta todos que dela sairam, sendo que para isso acontecer Locke tem morrer). Richard Alpert também pede para Locke lhe entregar uma bussóla quando eles se encontrarem novamente.
Jack e Ben, na tentativa de reunir os outros que sairam da ilha (Hurley,Sayid,Kate,Aaron e Sun) para depois poder retornar para lá, não tiveram tanto destaque no episódio, ao passo que Sayid e Hurley protagonizaram a melhor cena desta abertura de temporada: a luta no apartamento,na qual Sayid foi atingido por um dardo tranquilizante. Kate e Sun também apareceram brevemente : Kate foi confrontada por dois agentes que diziam querer amostras de sangue dela e de Aron, e Sun teve uma conversa interessante com Charles Widmore no aeroporto.
E, para fechar o episódio com chave de ouro, tivemos uma cena bombástica : o encontro entre Faraday e Desmond no passado da ilha (quando Desmond ainda estava na escotilha). Faraday, neste momento, explica, para um atordoado Desmond, que todos na ilha estão em perigo e , após isso, pede que sua mãe (como de costume em Lost, não ficamos sabendo o nome dela) seja encontrada pelo "Brotha" em Oxford. Desmond, já no presente, acorda no barco que ele está com Penny e percebe que aquela conversa tida com Faraday no passado não foi um sonho, mas sim uma lembrança, decidindo então partir para Oxford.
É, em momentos como o final desse episódio, que um fã de Lost, ao mesmo tempo que fica com a cabeça explodindo de tantas informações, fica também com a aquela expressão de "porra, que série do caralho!". PÓUM!* ;D

*Para quem não entendeu, esse é o som escutado ao fim de cada episódio de Lost quando aparece o nome "LOST" com um fundo preto atrás.


[Nota 9.0]



Eduardo Vasconcelos.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Bruce Springsteen - Working on a dream

O ano de 2009 mal começou e já temos um disco que será um sério candidato a melhor do ano: "Working on a dream", do veterano cantor, compositor e guitarrista Bruce "The Boss" Springsteen ao lado da sua fiel E Street Band. Nesse seu novo disco, Bruce deixa um pouco de lado as letras políticas (por políticas leia-se "anti-Bush") que tanto marcaram "Magic", o seu álbum antecessor lançado em 2007, e investe em letras mais românticas e em sonoridades bastante variadas.
O disco abre com uma das melhores canções que ouvi nos últimos anos, uma verdadeira fábula do Velho Oeste em 8 minutos : "Outlaw Pete". A letra da canção conta a história de um fora-da-lei chamado Pete, que pensa, em certo momento da música, ter se regenerado ao se casar com uma índia Navajo e ter tido uma filha. A melodia mistura de forma perfeita piano, guitarra, bateria e a voz poderosa de Springsteen, tendo também uma gaita que lembra bastante a sonoridade da gaita tocada pelo personagem de Charles Bronson no filme "Era uma Vez No Oeste" de Sergio Leone.
A segunda faixa, "My Lucky Day", é um típico rock à la Bruce Springsteen, com melodias e letras empolgantes, lembrando tantas outras músicas já compostas por ele ao longo de sua carreira. Uma das melhores do disco.
"Working on a Dream", a terceira música do disco e que dá nome ao mesmo, não deixa a qualidade do álbum cair: com a sua letra idealista ("The sunrise come, I climb the ladder. The new days break and I working on a dream"), é de se perguntar se Bruce, nessa canção, está se referindo ao fim da era Bush e ao início do governo Obama, que representa a esperança para vários americanos (Springsteen, na época das eleições presidenciais norte-americanas apoiou abertamente a candidatura Obama) ou se está apenas cantando algo puramente sentimental.
Porém, se podemos enxergar um conteúdo político na faixa três , em músicas como "Queen of the Supermarket", "What Love Can Do" e na deliciosa "Surprise, Surprise", Springsteen nos mostra que está hoje mais preocupado em questões do coração do que em questões de Estado.
Outros destaques do cd vão para o ótimo blues "Good Eye", a singela balada folk com ares de Bob Dylan "Tomorrow Never Knows" (a certa altura eu pensei estar ouvindo o próprio Dylan cantando), a extremamente romântica "Kingdom of the Days" e a triste "Last Carnival".
O cd ainda possui uma faixa bônus, "The Westler" (uma bela música que examina a perda, o respeito e a rendenção), que compõe a trilha sonora do filme de mesmo nome estrelado por Mickey Rourke (ator vencedor pelo Globo de Ouro por esse papel, sendo que a música do "The Boss" também levou o mesmo prêmio na categoria "melhor canção").
Um álbum bem acima da média e extremamente recomendado para todos os fãs de Springsteen e para os apreciadores da boa música.


Bruce Springsteen - Working on a dream (2009):
01. Outlaw Pete
02. My Lucky Day
03. Working on a Dream
04. Queen of the Supermarket
05. What Love Can Do
06. This Life
07. Good Eye
08. Tomorrow Never Knows
09. Life Itself
10. Kingdom of Days
11. Surprise, Surprise
12. The Last Carnival
13. The Westler (bonus)



[Nota 9.0]




Eduardo Vasconcelos.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

LOST - 5ª temporada


A partir de amanhã, estarei fazendo as resenhas de todos os episódios da quinta temporada de Lost. Assim que eu baixar os episódios na internet e assisti-los, postarei o que de mais interessante aconteceu em cada episódio e a nota de cada um.
Se você gosta de Lost e não vai ver os episódios agora, recomendo que não leia os posts por causa dos spoilers (deixem para ler após assistir aos episódios).

Até lá!

Eduardo Vasconcelos.

Meu nome não é Johnny - Duas cenas engraçadas

Duas das cenas mais engraçadas que eu vi ano passado foram do filme brasileiro "Meu nome não é Johnny". Se você não viu o filme ainda, pode ver as cenas sem problemas pois elas não entregam nada de muito importante sobre o filme. E, se você já viu o filme, reveja essas duas pérolas, ambas protagonizadas pelo presidiário Alcides.







Eduardo Vasconcelos.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O clássico Battletoads!



"Battletoads" é um dos games mais difíceis que eu já joguei e, sem dúvidas, um dos mais difíceis já lançados para consoles. Nesse vídeo que eu postei, um cara conseguiu passar de uma das fases mais hardcores do game, o windtunnel (percebam que a velocidade dos obstáculos no final da fase é absurda!), um feito para poucos gamers, diga-se de passagem.
O jogo, um verdadeiro clássico da pancadaria, foi lançado em 1991 pela empresa Tradewest (sendo desenvolvido pela Rare) e popularizado principalmente em duas plataformas : MegaDrive e SNES. O enredo gira em torno de dois sapos mutantes adolescentes, Rash e Zitz, que devem salvar seu irmão Pimple e a Princesa Angelica da malvada Dark Queen, líder do planeta Ragnarok, com a ajuda do Professor T. Bird e sua nave espacial, The Vulture.
A jogabilidade é o tradicional 2D "beat-em-up" em que o jogador avança derrotando inimigos e obstáculos, a exemplo do também clássico Streets of Rage (game que eu farei uma análise em outra oportunidade). O game ficou famoso não só pela sua dificuldade elevada mas também pelo humor visual (os golpes finais dos Toads são bastante engraçados), pelos gráficos avançados para a época e pela ótima trilha sonora.
Em contraste com muitos jogos, que se tornam gradualmente mais difíceis, a terceira fase de "Battletoads" apresenta um grande aumento de dificuldade ( a já citada fase da corrida ou o windtunnel) Para agravar este problema, "Battletoads" dá ao jogador limitados continues ao ser derrotado (muitos outros jogos deste porte dão ilimitadas chances), e não tem password para salvar a posição do jogador. Apenas os mais dedicados jogadores chegam até a metade deste jogo.
Dois jogadores cooperando um com o outro geralmente terminam um jogo mais facilmente, mas "Battletoads" se torna mais difícil desta maneira, principalmente nas fases de corrida. Se um dos jogadores colidir com um obstáculo durante a corrida, ambos voltam ao início da fase, reiniciando tudo.
Além do jogo de 1991, foi lançada em 1993 uma versão chamada "Battletoads & Double Dragon", um crossover entre os sapos e os personagens da série "Double Dragon", sendo mantidas várias das características do jogo original.
Esse grande clássico dos games é recomendado apenas para os jogadores mais experientes e que tenham bastante tempo e paciência para passar várias horas jogando e se aperfeiçoando nas fases dificílimas. Senão, meu amigo, será game over na certa!

Eduardo Vasconcelos.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Frank Sinatra e Rita Hayworth - The Lady Is a Tramp


Thales Azevedo.

A arte da rudeza

[...] Há dias assim: lemos o que lemos e sentimos que o dia está ganho. Arriscar é perder. Ou, como diria um célebre professor de Oxford, «mudar para quê, se as coisas já estão tão más?» Fico como estou. E fico bem. Só Deus sabe como eu fico bem.

DE QUE NOS FALA Paul Johnson? Ah!, de que nos fala Paul Johnson... Da arte da rudeza. Da aristocrática arte da rudeza. Uma arte definitivamente perdida numa cultura plebeia e vulgar. Não confundam rudeza com ordinarice. A rudeza é tudo, excepto ordinarice. A rudeza é insolência. É brutalidade. Não, não é brutalidade; é mais do que brutalidade: é malícia extrema, perversidade diabólica, sofisticação pura. Ao contrário do insulto reles, típico de selvagens e vagabundos, não é qualquer um que exerce a rudeza. A rudeza exige inteligência, elegância e um ethos aristocrático que uma sociedade radicalmente demótica não permite nem premeia. Paul Johnson cita exemplos. Leio os nomes e sinto, com angústia e tristeza, a irremediável pobreza do mundo em que vivemos. Winston Churchill e seu filho Randolph. Bernard Shaw. Disraeli. E o grande, grande, grande Evelyn Waugh. O meu coração encolhe. Meu Deus: ainda haverá gente a ler Evelyn Waugh? [...]

A ARTE DA RUDEZA é insulto. Mas não é apenas insulto. É um insulto perverso, insolente e demencialmente elevado. «Winston, você não passa de um bêbedo», diz Lady Astor a Churchill numa festa social. E Churchill, sem perder a compostura, responde: «E você, minha querida, é feia. Mas amanhã eu já estarei sóbrio».

O MESMO Churchill, na Câmara dos Comuns, confrontado com as críticas de uma parlamentar inflamada: «Se eu fosse sua mulher, punha veneno no seu chá». E Churchill, sem perder a compostura, responde: «E se eu fosse seu marido, bebia-o».

AGORA tracem as diferenças. A nossa vida social, vendida pelas revistas da paróquia, pinga vulgaridade. As elites de um país definem esse país? Pois bem: as nossas elites mais visíveis são compostas por jogadores de futebol, apresentadores televisivos e concorrentes do Big Brother. Um cortejo grotesco, que diz tudo sobre Portugal. As frases desta gente são deprimentes e vulgares. As fronhas são deprimentes e vulgares. Os amores são deprimentes e vulgares. As casas são deprimentes e vulgares. Os sentimentos são deprimentes e vulgares. As férias, invariavelmente no Algarve, são deprimentes e vulgares. Os gostos são deprimentes e vulgares. As opiniões são deprimentes e vulgares. A roupa é deprimente e vulgar. A educação é deprimente e vulgar. Tudo é deprimente e vulgar porque tudo surge infectado pelo vírus deprimente e vulgar da classe média arrivista e endinheirada, amante do exibicionismo saloio ou, então, da moderação pacóvia, obsessivamente preocupada com o decoro, a imagem, as aparências.  [...]

NÃO SE PENSE que a arte da rudeza pode existir sem humanidade. Pelo contrário: só pessoas invulgarmente humanas podem ser invulgarmente rudes. Serge Gainsbourg, outro patife nobre, disse um dia a um jovem cantor em ascensão: «Provoca, provoca sempre. Mas nunca deixes de ser humano». A rudeza é humanidade em estado puro. Puro e duro. Quando Evelyn Waugh soube que o seu amigo Randolph Churchill fora submetido a uma operação cirúrgica para a remoção de um pulmão, Waugh comentou: «Não acham a medicina moderna fascinante? Os médicos prescrutaram todo o corpo de Randolph e resolveram retirar-lhe a única parte que não era maligna». Delicioso Evelyn. Patifório Evelyn. O mesmo Evelyn que, semanas depois, ao encontrar o seu amigo em dolorosa convalescença, não hesitou em abraçá-lo, com as lágrimas nos olhos. [...]

Filhos, não obedeçam sempre aos vossos pais. Pais, não queiram ser como os vossos filhos. Rapazes, aprendam a abusar. Riam muito. Chorem ainda mais. Provoquem. Excedam-se. Sejam inteligentes. Sejam elegantes. Sejam nobres. E, puta que pariu, sejam rudes e humanos.

(João Pereira Coutinho)

Thales Azevedo.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Top 10 - Vilões do cinema

O que seria do cinema sem a maldade? No mínimo, seria muito menos interessante. Ou melhor, seria completamente desinteressante, já que a maldade existe no mundo e nos acompanha desde sempre. Nós, quando crianças, já tomamos conhecimento de que há vilões ao nosso redor. Apesar do medo, o encantamento que eles provocam em todos nós é inegável. “O que levou ele a ser tão malvado?” é uma das perguntas que fazemos a nós mesmos na infância. Aos poucos, percebemos que a coisa é muito mais complexa, afinal, todos nós podemos ter nossos momentos de vilões, até sem querer. Isso faz parte da índole do ser humano, da complexidade que fazem de nós seres distintos. E quanto ao cinema? Bom, ele deve muito aos vilões. As interpretações dos atores cujos vilões são marcantes merecem ser sempre reconhecidas e aplaudidas por todos nós que admiramos a cultura da chamada sétima arte. É para homenageá-los que nós apresentamos o primeiro Top 10 do blog.

Hannibal Lecter - “Hello, Clarice.” (O Silêncio dos Inocentes)

Quando pensamos em serial killer no cinema, logo nos vêm à mente o personagem da vida de Anthony Hopkins, Hannibal Lecter. Mesmo aqueles que nunca viram “O Silêncio dos Inocentes” conhecem a figura marcante de um dos ícones da cultura cinematográfica americana. O doutor Lecter é quase um gentleman. Culto, fala sem pressa e mede bem suas palavras, como se estivesse dissecando uma das suas vítimas, aprecia música clássica e uma boa culinária – no seu caso, ele prefere carne humana. Não é à toa que ele é conhecido como “Hannibal, the Cannibal”, dentro do meio policial. E é de lá que emerge a personagem de Jodie Foster – outra vez, a personagem da vida – Clarice Starling. Ela precisa do conhecimento maligno – um bom adjetivo, sem dúvidas – de Hannibal para descobrir onde se encontra o serial killer “do momento” conhecido como “Buffalo Bill”. Na tentativa de obter informações de Lecter, Clarice entra numa jornada de autoconhecimento, que vai determinar para sempre sua vida.

Coringa – “Come on, I want you to do it, I want you to do it. Come on, hit me. Hit me!” (Batman – The Dark Knight)

O Coringa é, como ele próprio se define, um agente do caos. Um ser sem passado (e que, por isso mesmo, gosta de contar diversas histórias sobre como adquiriu as suas cicatrizes na boca) e que está no mundo apenas para ver o circo pegar fogo. Toda sua loucura e imprevisibilidade é realçada ainda mais pela atuação magistral de Heath Ledger, que conseguiu pegar um vilão já consagrado das histórias em quadrinhos do Batman e elevá-lo a um patamar superior, transformando-o num dos personagens mais amedrontadores e fascinantes vistos no cinema. Aí, eu lhe pergunto : “Why so serious?”

Frank Boot – “Baby wants to fuck! Baby wants to fuck Blue Velvet!” (Veludo Azul)

Frank Booth, interpretado por Dennis Hopper, talvez seja o vilão mais bizarro desta lista. Afinal, ele é um maníaco sexual que praticamente escraviza a protagonista do filme, Dorothy Valles , obrigando-a a realizar seus desejos carnais mais obscuros sem que ela olhe para o rosto dele – “Don´t you fucking look at me!” -, utilizando muitas vezes uma máscara de nebulizador aterrorizante. O personagem representa algo completamente oposto ao aparente clima de normalidade de uma cidadezinha chamada Lumberton, no interior dos Estados Unidos, que confronta diretamente com o protagonista/herói da história, o bom-moço Jeffrey Beaumnont. Frank Boot representa o que há de mais controverso na personalidade humana, dentro de um sub-mundo bizarro e cruel. E de bizarrice o diretor David Lynch entende como poucos...

Jack Torrance – “All work and no play make Jack a dull boy”. (O Iluminado)

A representação da progressiva degeneração mental de um homem trancafiado, a trabalho, com sua mulher e um pequeno filho com dons sobrenaturais em um hotel coberto de gelo, isolado de qualquer vestígio de civilização, dominado por forças misteriosas. É Jack Nicholson, com sua espontânea e brilhante capacidade de incorporar a esquizofrenia, ao lado do gênio absoluto, conhecido por perfeccionismos e peculiaridades, Stanley Kubrick, em O Iluminado. Delírios repletos de paranormalidade entram em cena, com toques missionários, sede de violência e ele, o machado, nesse que é um dos grandes clássicos do terror.

Rev. Harry Powell – “ I can hear you whisperin' children, so I know you're down there. I can feel myself gettin' awful mad. I'm out of patience children. I'm coming to find you now.” (O Mensageiro do Diabo)

O reverendo Harry Powell – interpretado soberbamente por Robert Mitchum - é, sem dúvidas, um dos vilões mais clássicos da história do cinema. O que dizer da sua famosa apresentação em que ele confronta os lados do Ódio e Amor escritos nos seus dedos – HATE na mão esquerda e LOVE na mão direita -, “lutando” uma mão contra a outra? Harry Powell, com muito carisma, ensina a todos como um homem de religião devota: “Agora vejam e eu lhes mostro a história da vida: estes dedos estão sempre em guerra e lutando uns contra os outros. Agora vejam-nos...O Ódio da mão esquerda lutando, e parece que o Amor está perdido... Mas esperem! Ora essa, o Amor está vencendo! Sim, senhor, o Amor venceu!”

Apesar de andar citando trechos da Bíblia e dar lições de moral, Harry Powell é, na verdade, um grande golpista que se aproveita de viúvas para dar golpes sucessivos. Assim é a sua vida. Com muito carisma ele conquista a confiança das pessoas e, com uma personalidade digna de serial-killer, dá o bote, sem demonstrar nenhum arrependimento, até mesmo se for preciso matar crianças. E são duas elas, em
“O Mensageiro do Diabo”, as heroínas da história, que confrontam o reverendo para que ele não tome posse das posses roubadas pelo pai delas, Ben Harper. E fazem isso mesmo que precisem fugir sem destino definido...

Darth Vader – “I have you now!” (Star Wars)

Darth Vader é o vilão mais pop do cinema e um dos melhores elementos de Star Wars (juntamente com o Han Solo de Harrison Ford); ele é tudo aquilo que um vilão espera ser e dificilmente conseguirá. A transformação de Anakin Skywalker no Lorde Sith é algo fascinante de ser acompanhado ao longo dos filmes, mostrando bem de onde vem toda a sua maldade. Sua presença na tela é impressionante, com a voz metálica e pausada, sua respiração característica e uma armadura preta imponente, sendo impossível o telespectador olhar para outra coisa quando ele aparece em cena. Além disso, ele é responsável por uma das cenas antológicas do cinema, ao revelar que é o pai de Luke Skywalker no final de “Star Wars Episódio V : O Império Contra-Ataca” (o melhor filme da série, diga-se de passagem).

Alex – “Welly, welly, welly, welly, welly, welly, well. To what do I owe the extreme pleasure of this surprising visit?”(Laranja Mecânica)

Para alguns, ele é um vilão. Para outros, uma espécie de anti-herói. O que parece ser consenso é que Alex de Large é uma das figuras mais impressionantes que o cinema já ofereceu. Um fenômeno pop. Um fruto do caos moderno previsto por Anthony Burgess e adaptado para as telas pelo gênio Stanley Kubrick. Como o Coringa de Batman – The Dark Knight -, Alex é um exímio causador do caos. Por que ele faz isso? Pra se divertir, claro! A ultraviolência pregada por Alex causa sensações diversas, não sabemos se rimos ou choramos de raiva, não temos certeza se amamos o personagem ou se sentimos por ele desprezo. No final das contas, sentimos um pouco de tudo isso, o que torna o personagem absolutamente fascinante. Com as memoráveis músicas de Beethoven nos deliciamos com as cenas fantásticas de Laranja Mecânica, presenciando a jornada de Alex em uma sociedade decadente nesse polêmico filme que é obrigatório para todo bom cinéfilo.

Norman Bates – “A boy's best friend is his mother.” (Psicose)

Anthony Perkins é o ator de um papel só. Porém, o único papel grandioso que ele fez, é o que o fará ser lembrado por gerações de cinéfilos: o de Norman Bates, o psicótico e frio atendente de hotel do filme “Psicose” de Alfred Hitchcock. Não fosse pela atuação magistral de Perkins e pela direção brilhante do “mestre do suspense”, Psicose não seria metade do que é hoje. O personagem de Norman Bates é tratado de forma surpreendente pelo roteiro bem construído, um homem carismático e que aos poucos nos revela a sua verdadeira natureza (convenhamos : um cara que mata suas vítimas vestido igual à sua mãe não é algo que se vê todo dia no cinema). A cena do banheiro é uma das mais famosas do cinema e já foi imitada em diversas outras produções. Sem dúvidas, Norman Bates é um vilão fabuloso, pertencente a um dos melhores filmes de Hithcock.

Eve Harrington – “If nothing else, there's applause... like waves of love pouring over the footlights.” (A Malvada)

Eve é, como diz um dos personagens de A Malvada, “uma garota de inúmeras qualidades”. Ela é meiga, batalhadora, educada, atenciosa, humilde... Ou melhor, aparentar ser. Eve, interpretada por Anne Baxter, usa uma máscara. No fundo, ela é o tipo de garota (a única vilã da lista, diga-se de passagem) que faz de tudo para conseguir o que quer, mesmo que para isso tenha que arruinar a carreira da atriz que ela mais idolatra, Margo Channing, interpretada pela lendária Bette Davis. O contexto do filme é o teatro, mostrando de forma ácida, basicamente, os bastidores de todo um ambiente cercado por interesses e disputas de ego. A transformação de Eve no filme é gradual, de boa-moça a vilã definitiva. Na fase final da transformação de Eve, já prenunciada com Margo na frase mais clássica do filme: “Apertem os cintos, será uma noite turbulenta!”, temos medo quando o monstro interior de Eve vem à tona. No final das contas, concluímos que nem sempre as pessoas são o que aparentam ser.

Max Cady – “Every man... Every man has to go through hell to reach paradise.” (Cabo do Medo)

Catorze anos dentro das grades proporcionaram forças físicas e mentais, alavancaram a psicopatia e alimentaram um brutal desejo de vingança em Max Cady, da refilmagem realizada por Martin Scorsese de Cabo do Medo. Enquanto ocupa-se em se tornar letrado e indestrutível, o vilão descobre que seu advogado não usou os argumentos que poderia para amenizar a sua punição e resolve persegui-lo obsessivamente depois de livre, atingi-lo de todas as formas possíveis, promovendo o caos em sua casa, seduzindo a sua filha adolescente, dominando mecanismos judiciais para se blindar. Não há diálogo ou possibilidade de acordo, não há interesse em extorsão, não há nada que o faça parar. É um homem guiado pela ira, a proclamar o terror como único objetivo de vida.