quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Canção de Fim de Ano

[...] Chegarão primeiro os que mais depressa conheceram ao seu semelhante, tanto quanto a si mesmo. Nunca foi impossível o exato conhecimento próprio. É necessária, porém, a coragem bastante, para que cada qual se veja e se pegue, se espie e se apalpe, em cada um dos seus mais íntimos espaços físicos e morais. Que as constantes feiúras a encontrar não nos retraia os olhos (no caso, o sentir) e as mãos. Depois, será mais fácil conhecer-se o próximo. E depois, então, mesmo que se minta, só se saberá da utilidade e do consolo da verdade. Faltará ânimo para o fingimento e a fuga, quando acreditarmos em que ninguém engana ninguém e em que somos capazes de conhecer o próximo, desde o instante inicial do primeiro conhecimento.

A sintomatologia do mal é evidente e constante. O homem mau ri errado. Por isso, deve-se viver em multidão. Falar e rir em coro, andar e parar em batalhões. Viver entre os que, simplesmente, estiverem vivendo. A vida coral nos alivia da obrigação do êxito, do êxito que é casual (e verdadeiro) ou é fabricado e cínico. Desconfiai dos feitos que são repetidamente comemorados com jantares e missas de ação de graças!

É esta uma simples canção de fim de ano. Escrevia, confessando-me e comprometendo-me em cada uma das minhas pequenas descobertas. Se não atingi, rondei mais das vezes a insolente verdade dos homens e das coisas. Em vez disso, escreveria uma crônica de Natal... Mas, em tudo o que eu dissesse do Nascimento de Cristo e fraternidade humana, correria o erro constante de repetir: "Natal, Natal, bimbalham os sinos...".

(Antônio Maria)

Thales Azevedo.

DM X PHA


Thales Azevedo.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Frases de Woody Allen

‘Na maior parte do tempo, não me divirto muito. No restante do tempo, não me divirto nada.’

‘Não é que eu tenha medo de morrer; apenas não quero estar lá quando acontecer.’

‘Eu nunca fui um intelectual, mas tenho esse visual...’

‘A vida não imita a arte; ela imita um programa de televisão ruim.’

‘Seres humanos são divididos em mente e corpo: a mente abraça todas as mais nobres aspirações, como a poesia e a filosofia, mas o corpo fica com toda a diversão.’

'Na Califórnia não se joga o lixo fora. Eles o reciclam na forma de programas de TV'.

'Não posso escutar muito Wagner. Fico com vontade de invadir a Polônia'.

'Estava deprimido e com vontade de me suicidar e tê-lo-ia feito se o meu psicanalista não me tivesse obrigado a pagar as consultas adiantado."

"Eu e minha mulher ficamos na dúvida entre tirar férias ou nos divociarmos. Optamos pela segunda hipótese. Duas semanas no Caribe podem ser divertidas, mas um divórcio dura para sempre".

"Às vezes me perguntam por que trabalho tanto. É porque, quando ficar velho, quero pôr meus pais num asilo".

"E se tudo for uma ilusão e nada existir? Nesse caso, não há dúvida de que paguei demais por aquele carpete novo".

"A vida é cheia de miséria, sofrimento e solidão - mas acaba muito depressa."

"Sexo é como jogar bridge: se não se tem um bom parceiro o melhor é ter uma boa mão."

"Já várias vezes disse que a única coisa que se interpõe entre mim e o sucesso sou eu."

"Meu pai trabalhou na mesma empresa durante doze anos. Eles o demitiram e o substituíram por uma maquininha deste tamanho, que faz tudo o que o meu pai fazia, só que muito melhor. O deprimente é que minha mãe também comprou uma igual".

"Certo dia, atrasei-me ao voltar da escola e meus pais pensaram que eu havia sido sequestrado. E aí entraram imediatamente em ação: alugaram meu quarto".

"A realidade é chata, mas ainda é o único lugar onde se pode comer um bom bife".

Sobre Woody Allen:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Woody_allen
http://www.cineplayers.com/perfil.php?id=303

Alexandre Rios

sábado, 15 de dezembro de 2007

Centenário de Oscar Niemeyer?

"O povo não gosta das invenções plásticas de Oscar Niemeyer. Abomina. O que o povo adora é aquele prédio do elixir de Nogueira, ali na Glória, perto do Relógio. O homem comum entende que a casa feita por Oscar Niemeyer não serve para dormir, amar, morrer ou simplesmente estar."

(Nelson Rodrigues)

Thales Azevedo.

Minha imagem ficou para o final




Thales Azevedo.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O - ainda eterno - dia seguinte


Estudos indicam que bilhões de reais deixaram de escorrer pelo ralo da sonegação em função da CPMF; a suspensão da arrecadação da CPMF retira cerca de 40 bilhões de reais que seriam drenados para a área da saúde, somente em 2008 (por volta de 160 bilhões nos próximos quatro anos), com a agravante de comprometer o repasse dos 29 bilhões de reais vinculados à *emenda 29.


Pois bem, quem ressarcirá a sociedade brasileira deste confisco às avessas? Quem será responsabilizado pela perpetuação do caos na área da saúde pública? Estes miseráveis que votaram contra a CPMF terão a cara-de-pau de criticar o sistema de saúde pública deste país? Bem que esta matéria mereceria uma CSI (Comissão Social de Inquérito)!


Não tendo respostas para as perguntas precedentes, só temos a afirmar duas coisas: primeiro, os que votaram contra a CPMF são da mesma linhagem daqueles que promoveram e apoiaram o golpe militar [de 1964] – se estivessem no Chile, participariam do golpe contra Salvador Allende e o povo deste país, ‘sem dó nem piedade’!; Se fizessem parte do Conselho de Segurança da ONU apoiariam solenemente a bárbara e desumana invasão do Iraque; se estivessem recentemente na Venezuela, marchariam com o golpista Pedro Carmona, a fascista RCTV e a famigerada CIA.


Os que votaram contra a CPMF (re)conhecem o valor da saúde [pública] apenas nos palanques ordinários da politicagem abjeta e nos bilhetinhos sórdidos representativos do “atenda, pra eu ganhar meu voto”! (o que explica o tal de ‘Mão Santa’ ser senador da República? Ainda que no Brasil não tenhamos um baita senado [longe disto], como disse, com muita propriedade, o digníssimo Pedro Simon). Segundo, os que votaram contra a CPMF referendariam o AI-5, sem o menor constrangimento. Ao contrário, com muito prazer, celeridade e solicitude. Os que votaram contra o Brasil, atentando contra o governo popular do presidente Lula, são da mesma linhagem dos que de forma inveterada lutaram e lutam contra os avanços democráticos e sociais, arautos e protagonistas do atraso e da barbárie (in)civilizatória.

Os que, sob a atual conjuntura, votaram contra a CPMF são, simplesmente, da mesma – nefanda – linhagem!

*Fixa os percentuais mínimos a serem investidos anualmente em saúde pela União, por estados e municípios. A emenda obrigou a União a investir em saúde, em 2000, 5% a mais do que havia investido no ano anterior e determinou que nos anos seguintes esse valor fosse corrigido pela variação nominal do PIB. Os estados ficaram obrigados a aplicar 12% da arrecadação de impostos, e os municípios, 15%. Trata-se de uma regra transitória, que deveria ter vigorado até 2004, mas que continua em vigor por falta de uma lei complementar que regulamente a emenda.



Alexandre Rios e Messias Macedo.

...Pensando no Brasil e no seu povo, e não nos seus respectivos umbigos!

CPMF, oposição e os demônios

Presencio uma conversa entre meus caros colegas de blog no MSN, a respeito do último post. Alexandre questiona, indeciso:

— “Alves, bora escolher um título. Alguma idéia?”

E, antes de uma resposta qualquer, arremata.

— “Algo que envolva o diabo.”

Sim, o PT conseguiu operar esse prodígio: não concordar com o partido confunde-se com coisa do outro mundo, com ação impossível, com um extremismo.

Anotem aí. Viveremos o período: “O que você estava fazendo em 1964 e 1968, hein?” Cesar Maia, o pai de Rodrigo Maia, presidente do DEM, por exemplo, estava sendo perseguido pela ditadura militar e pelo AI-5, que o neolulista Delfim Netto assinou, com o apoio de Paulo Maluf, hoje membro da base aliada, não é mesmo? As posições originais, evidentemente, se embaralharam, e não acho isso ruim, não. Afinal, houve uma anistia, não é? O país já fez aquela conciliação.

Mas vocês sabem: os “isentos” querem, literalmente, (re)encruar a história. Imaginem agora se tivermos de perguntar a alguns ministros de estado e parlamentares da base aliada quantas pessoas eles julgam ter matado quando participaram de ações armadas... É uma pergunta obviamente descabida — a menos que venha a se tornar necessária por uma questão de isonomia no trato do passado, não é mesmo?

Com o que o governo anda arrecadando, a situação passa longe de ser mesmo dramática. De acordo com o próprio Lula, não serão cortados investimentos sociais, nem os investimentos do PAC. Os impostos não serão aumentados e o superávit primário não será reduzido. O governo terá de cortar despesas, diz o ministro Paulo Bernardo. E a idéia era mesmo essa. Ou seja, o mundo não acabou e não será uma tragédia. Mas a oposição já está na linha de tiro. Por fazer o que não se vinha fazendo até então: política.

Poucos momentos foram tão constrangedores para o PT, ontem, como quando o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) leu o discurso de Paulo Paim (PT-RS), em 1996, rejeitando a CPMF — obedecendo à orientação de Luiz Inácio Lula da Silva. Paim, ontem, evidentemente, era o mais furioso defensor da contribuição que antes rejeitara.

Já usei esta expressão dezenas de vezes e até lhes sugeri que a procurassem no Google: o PT pretende ser um partido sem passado, ancorado apenas no “presente eterno”. Se as oposições lhe cobrarem coerência, desmorona a fantasia, e o discurso da farsa se evidencia. A rigor, é o que deveria ter sido feito desde 2003, quando Lula resolveu migrar do anti-reformismo militante para o reformismo redentor; quando ressuscitou a pauta de reformas do governo FHC que ele havia ajudado a demonizar.

Jamais se esqueçam: uma das forças do petismo está nessa diluição da memória e na formidável capacidade de mentir sobre a própria história e sobre a história alheia: sem pejo, sem receios, sem limites. Lembro um caso escandaloso: na campanha eleitoral do ano passado, enquanto acusava o PSDB de ter a intenção de privatizar a Petrobras e o Banco do Brasil (infelizmente, jamais um partido proporá isso no país), usava o sucesso da privatização da Telebras — a que o partido se opôs — como se fosse obra de Lula.O que o Senado fez ontem? Confrontou o PT com a sua própria história. E perguntou ao partido e a Lula: “Por qué no te callas?”.


Os textos em azul são, novamente, do Reinaldão.

Thales Azevedo.

A imagem diz tudo



Foi uma noite de punhaladas. O debate sobre a CPMF começou ao fim da tarde do dia 12 e terminou na madrugada do dia 13 – dia simbólico, foi o da assinatura do Ato-5, que criou a ditadura dentro da ditadura.[...]

Quem saiu ganhando ou perdendo, nessa noite de punhaladas abruptas ou prolongadas?
O povão saiu perdendo, apunhalado pelos opositores do imposto. Junto com ele o SUS, o governo, que terá de recompor as verbas para a saúde e outros programas sociais. Saiu perdendo a Constituição brasileira e o próprio Senado federal pois, no afã de derrotar o governo, os senadores anti-CPMF apunhalaram sua função institucional precípua, que é a de defender os estados que representam, mais os seus municípios.

Saíram ganhando as grandes empresas que, através da FIESP, se mobilizaram contra o imposto que lhes retira do aprisco quase 30 bilhões anuais, fora os gastos adicionais para pagarem a peso de ouro caríssimos tributaristas que lhes mostrem o caminho das pedras para driblar este e outros impostos.

Os grandes jornais e a mídia conservadora ficaram no empate técnico. Comemoram com discrição mais uma “trapalhada” do governo que o levou, ao apagar (ou acender, pensando-se no Natal) das luzes de 2007 sofrer uma derrota em plenário, e televisiva. Mas ficaram na defensiva, pois essa derrota do governo federal terá repercussão ainda imprevisível nos estados e nos municípios que seus favoritos governam, inclusive em São Paulo e Minas.

Comenta-se que os Democratas mais a ala dura do PSDB saíram ganhando. Aqui vêem-se, talvez, as punhaladas mais sutis da noite.

Saiu ganhando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cujos cordéis desde os bastidores sempre dirigiram os gestos e as falas do senador Artur Virgílio. O ex-presidente voltou a colocar-se como uma espécie de fiel da balança do seu partido, em detrimento de Serra, de Aécio, do próprio Alckmin e de Sérgio Guerra, que viu seu poder interno abalado. Este tinha a seu favor a maioria dos senadores do PSDB, pressionados pelos governadores. Apesar disso, em nome da unidade do partido, teve de ceder diante da dureza de Virgílio e Dias, que preferiram apunhalar de leve o próprio partido, acaudilhando-o aos Democratas.
Já estes desferiram uma série de punhaladas, a torto e a direito, ainda que algumas delas possam voltar-se contra eles próprios. A primeira punhalada, além da derrota em plenário imposta ao governo, foi dada nos programas sociais deste. Os ex-tudo na política conservadora brasileira, agora auto-proclamados “Democratas”, sabem que essas políticas sociais roubaram-lhes seus grandes apriscos eleitorais, que estavam sobretudo no Nordeste, visto como a fonte do “atraso” nacional. Os Democratas precisam esfarelar essas políticas sociais, reduzir novamente seu eleitorado potencial, antes que se autonomize demais e de vez, ao miserê das políticas de favor dos potentados e potentadozinhos paroquiais. Mas isso é uma tarefa de longo prazo, e duvidosa, porque passa pelas eleições municipais de 2008 e ninguém sabe se essas tentativas darão certo, num país cuja economia cresce a olhos vistos, ainda que devagar, o poder aquisitivo da população mais pobre cresce junto, os empresários investem mais, a popularidade do presidente continua nos píncaros, enfim, tudo isso de que a nossa direita não gosta nem de ouvir falar.[...]

Por fim, mas não menos importante, é preciso registrar que sobraram auto-facadas do governo e do PT. O governo agiu tardiamente. Não conseguiu produzir uma defesa mais conceitual da CPMF. O PT também não conseguiu. Não conseguiram uns e outros escapar também do comentário de que antes eram contra o imposto porque o governo não era deles, enquanto agora eram a favor porque estavam no Planalto, o que repete, de modo invertido, a falha que também apunhala as oposições. É verdade que se pode alegar que a CPMF fora criada, por inspiração do ex-ministro Adib Jatene, com função social precipuamente na área da saúde, e que o atual governo vinha devolvendo-lhe tal condição. Ao longo do tempo ela fora desvirtuada para ajudar a formação de superávit primário e recompensar o capital rentista, e agora ela vinha voltando a seu leito natural.

Uma última punhalada, no momento ainda virtual. Um dos possíveis roteiros das oposições seria o de transferir a pecha de “criador da CPMF”, do governo tucano de FHC para o de Lula. Isto se concretizará, numa punhalada sutil, se o atual governo reapresentar a proposta de emenda constitucional que criou o imposto, tal qual fez FHC. Mas ainda não se sabe o que fará o governo. O ministro de Relações Institucionais disse que o governo não faria isso. Se não fizer, e se conseguir dar a volta por cima ou por baixo, ou pelo lado, na manutenção dos programas sociais, o governo estará não só devolvendo a punhalada, como também puxando o tapete com que as oposições pretendem voar em direção a 2008 e 2010, mesmo que tenham que distribuir cotoveladas e punhaladas uns nos outros, como está fazendo o DEM com o PSDB.



"A CPMF não passou pelo senado... Eu estou, sinceramente, decepcionado com a atitude da oposição! Quando deveriam fazer o papel de uma oposição séria não fizeram. O resultado disso foi a permanência de Renan Calheiros no senado. Essa atitude frustrada foi uma tentativa de mostrar para a opinião pública que 'aqui tem oposição' e de fazer com que o povo esquecesse a 'merda' que fizeram no caso Renan! Mas, para mim, não colou.
Para quem não sabe, a CPMF é um imposto de 'rico', pois 0,38% de um salário mínimo é quase nada (1,33 reais). Para reforçar isso, hoje quando eu assistia ao 'Jornal Hoje' noticiaram que o impacto do fim da CPMF nos preços do produtos será de 2% (só rindo para não chorar!). Outra coisa, 11 bilhões dos 40 arrecadados pelo governo iam para o bolsa família (programa assistencial de grande importância para a população menos favorecidas). Mas, o mais engraçado, ou revoltante, nisso é a pesquisa que constatou que a opinião pública é contrária a CPMF (no texto de Thales tem um trecho sobre isso). Está na hora de conscientizar esse povo!!
Para concluir, a CPMF tem grande participação nos fundos para a saúde pública, na verdade, esse imposto foi criado com essa finalidade. Numa tentativa desesperada de aprovar a CPMF o governo propôs a transferência de todo dinheiro arrecadado pela CPMF para a saúde (40 bilhões). Entretanto, a nossa oposição não aprovou, preferiu ficar nessa 'queda de braço' infantil! Agora fica a opção de o governo apresentar um novo projeto a ser votado."
Marcos Alves


"Estes bandidos/delinqüentes que votaram contra a prorrogação da CPMF assim procederam porquanto, simplesmente, objetivam o enfraquecimento do governo popular de Luis Inácio Lula da Silva [pesquisa divulgada em 12/12/07 indica que 51% dos entrevistados consideram o governo Lula bom ou ótimo, o que, convenhamos, é um resultado espetacular]. Além das provincianas querelas políticas, fortaleceu este encaminhamento o fato de que estes abutres – seus familiares e apaniguados – têm bons planos privados de saúde... Alguns deles, periodicamente, visitam os 'isteites' para uma consulta com um especialista de ponta – mais por uma questão de ‘status’ do que de confiabilidade... Eles sabem que, apesar do nosso atraso, o Brasil dispõe de médicos de excelência... E se, no caso de urgência, se precisarem de um exame de alta complexidade, uma cirurgia mais delicada ou um transplante de órgão poderão recorrer ao SUS, financiado pelo povo trabalhador brasileiro. [...]"
Messias Franca de Macedo

Alexandre Rios e Marcos Alves

Adeus, CPMF!

Em cinco anos de governo Lula, a derrubada da CPMF foi a primeira vitória importante da oposição. Vitória? Que vitória? A minha resposta lhes parecerá, talvez, um tanto abstrata, mas creio nela: a da política sobre a onipotência; a do Poder Legislativo sobre a vontade imperial do Executivo. Não é pouca coisa. E é preciso, de saída, constatar: será mais difícil às oposições a administração do dia seguinte do que propriamente derrotar, como derrotaram, o presidente Lula. Nesta sexta, começa a reação, a disputa pela opinião pública. Ela havia se manifestado majoritariamente contra a CPMF em pesquisas de opinião. Lula pode dar continuidade à negociação para reapresentar a proposta no ano que vem. Pode partir, como vinha fazendo, para a demonização das oposições, tentando inverter o jogo. [...]

Na democracia, derrotas são possíveis e têm efeito educativo. Lula fez por merecer o revés — insisto: o primeiro realmente importante em cinco anos. Nunca é demais lembrar que as reformas no começo do primeiro mandato só não foram além por falta de apoio, de novo, de sua base. O então PFL e o PSDB seguiram à risca a trilha do que chamaram, então, coerência. À época, até cunhei uma frase: essa tal coerência não pode ser uma cruz a pesar apenas nos ombros dos adversários de Lula — enquanto ele pode fazer gracejos com a sua “metaRmofe ambulanto”. Chegava a ser cômico ouvir o discurso inflamado de alguns governistas afirmando que DEM e tucanos votaram a favor da contribuição no governo FHC. Bem, para que tal argumento tenha alguma validade moral, é preciso lembrar que o PT, hoje a favor, era então contrário. Desta vez, a oposição decidiu que não tinha por que carregar, sozinha, a cruz. E fez muito bem.

Lula pode, depois de perder uns R$ 11 bilhões, reapresentar a proposta no ano que vem. Reitero: se arrumar a sua base, tem votos para aprovar a CPMF sem precisar das oposições. Afinal, não é certo que elas respondem por tudo o que de mal se fez nos últimos 500 anos? Não foram elas que lhe legaram uma herança maldita em qualquer área que se queira da administração? Não são as responsáveis por tudo o que não funciona? Não são elitistas, reacionárias, preconceituosas e sonegadoras? Não foi Fernando Haddad que vi ainda ontem na TV a afirmar que, até havia pouco tempo, ninguém dava bola pra educação? Se Lula pretende privatizar, como vem fazendo, todas as virtudes do país e jogar nos ombros alheios todas as dificuldades, não pode esperar contar com a oposição.

A quem interessar, segue o voto dos senadores.

VOTARAM CONTRA E SÃO DE OPOSIÇÃO AO GOVERNO

DEM - 14
Adelmir Santana (DEM-DF)
Antonio Carlos Junior (DEM-BA)
Demóstenes Torres (DEM-GO)
Efraim Morais (DEM-PB)
Eliseu Rezende (DEM-MG)
Heráclito Fortes (DEM-PI)
Jayme Campos (DEM-MT)
Jonas Pinheiro (DEM-MT)
José Agripino (DEM-RN)
Kátia Abreu (DEM-TO)
Marco Maciel (DEM-PE)
Maria do Carmo Alves (DEM-SE)
Raimundo Colombo (DEM-SC)
Rosalba Ciarlini (DEM-RN)

PSDB - 13
Álvaro Dias (PSDB-PR)
Arthur Virgílio (PSDB-AM)
Cícero Lucena (PSDB-PB)
Eduardo Azeredo (PSDB-MG)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
João Tenório (PSDB-AL)
Lúcia Vânia (PSDB-GO)
Marconi Perillo (PSDB-GO)
Mario Couto (PSDB-PA)
Marisa Serrano (PSDB-MS)
Papaléo Paes (PSDB-AP)
Sérgio Guerra (PSDB-PE)
Tasso Jereissati (PSDB-CE)

PSOL - 1
José Nery (PSOL-PA)

VOTARAM CONTRA E SÃO DA BASE DE APOIO

PMDB - 3
Geraldo Mesquita (PMDB-AC)
Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE)
Mão Santa (PMDB-PI)

PR - 2
César Borges (PR-BA)
Expedito Junior (PR-RO)

PTB - 1
Romeu Tuma (PTB-SP)

1) Como se vê, não houve defecções entre oposicionistas;
2) Seis senadores de partidos da base aliada derrotaram o governo; somados aos 45, seriam 51 votos: apenas 49 eram necessários.

VOTARAM A FAVOR DA CPMF

PMDB - 16
Almeida Lima (PMDB-SE)
Edson Lobão (PMDB-MA)
Gerson Camata (PMDB-ES)
Gilvam Borges (PMDB-AP)
José Maranhão (PMDB-PB)
José Sarney (PMDB-AP)
Leomar Quintanilha (PMDB-TO)
Neuto do Conto (PMDB-SC)
Paulo Duque (PMDB-RJ)
Pedro Simon (PMDB-RS)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Rosenana Sarney (PMDB-MA)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Valter Pereira (PMDB-MS)
Wellington Salgado (PMDB-MG)

PT - 12
Aloísio Mercadante (PT-SP)
Augusto Botelho (PT-RR)
Delcídio Amaral (PT-MS)
Eduardo Suplicy (PT-SP)
Fatima Cleide (PT-RO)
Flavio Arns (PT-PR)
Ideli Salvatti (PT-SC)
João Pedro (PT-AM)
Paulo Paim (PT-RS)
Serys Slhessarenko (PT-MT)
Sibá Machado (PT-AC)
Tião Viana (PT-AC)

PDT - 5
Cristovam Buarque (PDT-DF)
Osmar Dias (PDT-PR)
Patricia Saboya (PDT-CE)
João Durval (PDT-BA)
Jefferson Péres (PDT-AM)

PTB - 5
Epitácio Cafeteira (PTB-MA)
Gim Argello (PTB-DF)
João Vicente Claudino (PTB-PI)
Sérgio Zambiasi (PTB-RS)
Euclydes Melo (PTB-MA)

PR - 2
João Ribeiro (PR-TO)
Magno Malta (PR-ES)

PSB – 2
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)
Renato Casgrande (PSB-ES)

PP – 1
Francisco Dornelles (PP-RJ)

PC DO B – 1
Inácio Arruda (Pc do B-CE)

PRB – 1
Marcelo Crivella (PRB-RJ)

Peguei o texto e a lista no Reinaldão.

Thales Azevedo.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

WEB 2.0

Como fã assíduo de computador e internet tenho a obrigação de começar a postar as inovações do mundo Hardware-Software- Internet.


"O termo Web 2.0 (criado pelo Tim O' Reilly) é utilizado para descrever a segunda geração da World Wide Web --tendência que reforça o conceito de troca de informações e colaboração dos internautas com sites e serviços virtuais. A idéia é que o ambiente on-line se torne mais dinâmico e que os usuários colaborem para a organização de conteúdo.

Muitos consideram toda a divulgação em torno da Web 2.0 um golpe de marketing. Como o universo digital sempre apresentou interatividade, o reforço desta característica seria um movimento natural e, por isso, não daria à tendência o título de "a segunda geração". Polêmicas à parte, o número de sites e serviços que exploram esta tendência vem crescendo e ganhando cada vez mais adeptos. " -Folha de São Paulo

Basicamente a web 2.0 são as inovações que a programação de sites e até de softwares está passando. Essas inovações estão principalmente voltadas para o AJAX (Java). Se não fosse ele não teríamos o nosso querido Youtube, Player do Lastfm (estou ouvindo The kooks neste exato momento), o Google Maps, e um monte dessas novas possibilidades de interação do internauta. Entre outras dessas possibilidades estão os wikis, BLOGS e RSS.


O wikis são "Páginas comunitárias na internet que podem ser alteradas por todos os usuários que têm direitos de acesso." - Folha de São Paulo. O blogs . . . Nem precisamos explicar. Mas eles têm passado por sérias transformações, como na edição do Layout. Nós, por exemplo, podemos mudar em poucos cliques a configuração do blog, posicionar textos e inserir "gadgets" ("coisinhas" legais para o blog, como o nosso player do Latfm e o atual link para RSS).

E finalmente o RSS. “Abreviação de "really simple syndication" [distribuição realmente simples], é uma maneira de distribuir informação por meio da internet que se tornou uma poderosa combinação de tecnologias "pull" --com as quais o usuário da web solicita as informações que deseja-- e tecnologias "push" --com as quais informações são enviadas a um usuário automaticamente. O visitante de um site que funcione com RSS pode solicitar que as atualizações lhe sejam enviadas (processo conhecido como "assinando um feed").” – F.SP

O RSS (XML) se resume numa newsletter ou página principal. Ou seja, ele serve para fornecer-lhe zilhões de notícias. Entretanto, eu não preciso entupir meu email de “spams” ou ficar mudando de páginas para ler notícias. Eu preciso somente de um leitor de feeds, como um Google Desktop, FeedReader, RSS Bandit ou o próprio Firefox (melhor browser, indiscutivelmente).

Mas como “assinar” essa #$*& desse feed? Simples: Baixe o Firefox, clique nesta imagem e adicione em favoritos. Automaticamente as informações do nosso blog serão atualizadas diariamente, sem vc ficar abrindo páginas e mais páginas para ler notícias quentinhas. Só precisa abrir o painel dos “Favoritos” e ver as últimas notícias dos sites.


Como vc pode ver na figura, qualquer site que possui RSS poderá ser adicionado. Ele também pode ser adicionado pela figurinha que fica ao lado do endereço do site. Esse recurso é muito bom para amantes de notícias online, como eu. =D


Entretanto, toda essa gama de novos recursos tem seus problemas. Além de exigir uma quantidade de memória RAM maior no browser, ela tem seus probleminhas de segurança. O número de portas abertas da internet são maiores, permitindo mais facilmente a entrada de malwares e vírus. Além disso, como o compartilhamento de arquivos tem se intensificado, o espalhamento de objetos indesejados torna-se intensivo. Algumas precauções são: janela única (evitar abrir 2 sites com recursos Java), fazer logout (ao encerrar uma aplicação na web), ficar atento aos sites que possuem muita interatividade, e claro ter um bom anti-vírus (Kaspersky) atualizado.

Enfim, este post só faz formalizar a explicação de aplicativos que utilizamos cotidianamente. Dpois postarei a importância dos softwares livres e mostrar porque usar o Linux Ubuntu. Sejam bem-vindos à era WEB 2.0.

Lucas Caires

sábado, 8 de dezembro de 2007

Rumo à tropa de elite!

"Se a internet dependesse só dos sites convencionais, a informação sem opinião já tinha tomado conta da rede faz tempo.

É por isso que existem os editores de blog, tropa de elite da internet brasileira.

Na teoria, os editores de blog fazem parte da blogosfera.

Na prática, é uma internet completamente diferente.

Nossas caixas de comentários deixam claro o que acontece quando publicamos um artigo.

E nossos temas não tem GIFs animados. Nossos temas não têm frescuras, parceiro.

Os editores de blog surgiram para intervir quando os grandes portais não conseguem dar jeito.

E, na internet brasileira, isso acontece o tempo todo.

E, na blogosfera, existem quase 100 milhões de blogs.

A cada dia surgem 120 mil blogs novos.

Muitos deles cheios de códigos maliciosos, erros de português bizarros e informação sem sal nem açúcar até os dentes.

É burrice pensar que, em um ambiente assim, os blogueiros vão publicar artigos só pra valer sua arte.

Blogueiro também tem família e amigo.

Blogueiro também tem medo de ter o site hackeado ou processado por político corrupto.

É por isso, parceiro, que nessa história todo blogueiro tem que escolher.

Ou vive de hype.

Ou vira miguxo.

Ou vai pra guerra."

(*) Texto de Alessandro Martins pra anunciar o lançamento do projeto Nossa Via
(*) Camiseta "LIGHTSABER NA CAVEIRA" à venda no
Jovem Nerd
Fonte:
http://www.treta.com.br/

Alexandre Rios.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

A "derrota" de Chávez

Enfim aconteceu. Depois de mais de dez anos e dezenas de eleições, finalmente, Hugo Chávez foi derrotado. O louco, o ditador, o intempestivo, o “negro”, o insuportável populista. Desde Atlanta, o braço armado da comunicação capitalista, foram disparados todos os torpedos midiáticos possíveis e não foi pouco o dinheiro derramado para financiar a campanha do não às reformas constitucionais. Junte-se a isso toda a mesma velha e já conhecida conspiração envolvendo a tão velha e conhecida CIA (Central de Inteligência dos Estados Unidos). Assim, com praticamente o mundo todo fazendo torcida contra (inclusive a Rede Globo, fiel representante da classe dominante brasileira) e com alguns erros estratégicos, Chávez perdeu pela primeira vez. 50,7% a 49,29. Uma diferença apertada que bem mostra a dureza da luta de classe na Venezuela. No início da noite, tão logo saíram os resultados, o presidente foi à televisão, reconheceu a derrota e disse que a Venezuela vai seguir seu caminho respeitando a decisão das urnas. E agora, o que mais vão dizer de Chávez?

O “ditador” reconhece o resultado, diz que a vida segue? Mas como? Ele não é um louco, um anti-democrático? Que se vai fazer agora? Que mensagem será distribuída pelos canais da CNN, pelas agências estadunidenses, pelos porta-vozes do poder? Certamente vão se acirrar as notícias de que o povo da Venezuela voltou a recuperar o juízo, que “os bons” venceram, que a queda de Chávez está próxima e toda a sorte de maledicências. Não é preciso ir muito longe no tempo histórico e vamos ver como foi que os Estados Unidos fez para ocupar o Panamá, Granada, Chile, Afeganistão, Iraque, Haiti, enfim, qualquer lugar que se arvore querer caminhar com os próprios pés.

Durante a semana do referendo, várias foram as denúncias sobre as ações da CIA na Venezuela, financiando estudantes das universidades privadas, buscando apoio de alguns grupos de esquerda e sindicalistas que estão contra Chávez. Esse processo foi desvelado como “Operation Pincer” e mostra que a proposta dos Estados Unidos é criar um ponto fixo de oposição a Chávez envolvendo inclusive, os militares dissidentes. A idéia é iniciar um foco insurrecional com o já roto bordão de “busca da democracia”. Claro que a democracia de que falam é a mesma que estão impondo ao Afeganistão e ao Iraque.

Outro ponto de grande oposição foi a da golpista FEDECAMARAS, de atuação conhecida no episódio do paro petroleiro e no golpe de 2002. Como uma das propostas de mudança constitucional instituía a jornada de seis horas para os trabalhadores, os comerciantes e o empresariado estavam em pânico. Redução de jornada significaria redução de lucros e isso ninguém poderia admitir. Com isso, a mídia (que nunca sofreu censura por parte do governo bolivariano) foi pródiga nas campanhas e na divulgação de mentiras.

Chávez, por sua vez não é um santo, e nem poderia sê-lo. É apenas um político humano, demasiado humano, com toda a sua carga de erros e desacertos. Ele acredita piamente que pela via democrática, com a cada vez maior participação popular, é possível ir mudando os rumos da Venezuela. Ele acredita no seu povo, crê no processo protagônico dos pobres, dos desvalidos. E foi por acreditar que a população poderia reconhecer a importância das mudanças que estão acontecendo no país que ele cometeu alguns erros. Um deles foi não ter feito a consulta ponto por ponto como bem analisa o teórico Heinz Dieterich. Havia muita gente que não estava concordando com alguns dos artigos e isso pode ter levado a grande abstenção que se registrou. Afinal, mais de 44% da população decidiu não votar. Pode ter pesado esse aspecto. As pessoas não queriam votar em bloco, sem poder deliberar artigo por artigo.

Para grande parte dos trabalhadores e dos camponeses a derrota do sim significa um grande travo nas conquistas populares. Como bem lembra o analista estadunidense James Petras, um dos artigos da mudança constitucional acelerava ainda mais o processo de reforma agrária tornando mais ágil a expropriação das terras. Segundo Petras, Chávez já assentou mais de 150 mil trabalhadores sem-terra sobre 2 milhões de acres [809,4 mil hectares). E tudo isso num país que até pouco tempo importava tudo o que consumia. Além disso, uma outra emenda garantia a cobertura universal de segurança social a todos os trabalhadores do setor informal (vendedores de rua, trabalhadores domésticos, auto-empregados) que representa hoje 40% da força de trabalho na Venezuela.

Não bastasse isso, entre as mudanças havia a que garantia admissão aberta e universal à educação superior, abrindo as universidades para os mais pobres e outras que aumentavam o poder o orçamento dos conselhos de moradores para que pudessem atuar e investir diretamente nas suas comunidades. Tudo isso eram mudanças insuportáveis para a classe que sempre esteve no comando e que ainda detém o poder econômico na Venezuela. Não foi à toa que a luta se deu de forma renhida.

Grande parte dos analistas é unânime em dizer que o ponto que mais pesou para a abstenção foi o que garantia ao então presidente a possibilidade de se apresentar de forma ininterrupta para as eleições. Essa possibilidade de a Venezuela ter Chávez como presidente por anos a fio foi a gota de água que fez com que o capital usasse de todas as suas armas para derrotar o venezuelano. Modestamente colocada na minha condição de mera “olheira” dos fatos, me permito discordar. Esse foi talvez o ponto mais discutido, o que garantia aos poderosos do mundo disseminar o preconceito através da palavra “ditador”. Mas, uma olhada no conteúdo das mudanças, e a gente já pode ver que a questão foi bem outra. Caso passassem as reformas, a Venezuela daria um gigantesco passo na direção da Reforma Agrária, do direito dos informais, das melhorias para os trabalhadores empregados, de uma segurança previdenciária justa e muito mais. Esses artigos, independentemente de quem estivesse no governo, seriam por si só, insuportáveis para os donos do capital. Então, Chávez estar ou não na presidência não teria importância alguma. Os direitos estariam garantidos e seriam defendidos pelos conselhos populares, também fortalecidos pelas mudanças.

Assim, o que estava em jogo na Venezuela era sim o poder popular. A garantia dos direitos dos trabalhadores, dos empobrecidos, das gentes organizadas. É nesse sentido que o erro de Chávez assume uma dimensão desalentadora. Porque, ao tentar garantir uma possibilidade de reeleição, votando em bloco todas as mudanças, acabou perdida – nesse momento - a possibilidade de um avanço concreto nas conquistas do povo. Então, talvez seja hora de o governo venezuelano perceber que as elites não estão mortas, que o poder econômico é forte, que a classe média é assustadiça e escorregadia e que muita mais gente do que se pode imaginar tem medo de ver o povo no poder. Às vezes, gente do próprio povo que não consegue se libertar de sua condição de escravo. Os servos voluntários, sempre prontos a tremular a bandeira de seus opressores.
Mas, passado o momento de perplexidade das gentes em luta, sempre é tempo de retomar o caminho. As conquistas podem ser recuperadas pontualmente, uma a uma. Não é hora de esmorecer. Muito pelo contrário. O resultado das eleições só prova que a luta de classes segue acirrada e que ainda há muito por fazer. Não é fácil, nunca foi, lutar contra o império. A história mostra que, nestes embates, os mais fracos sempre acabam acossados, esmagados, dizimados. Na Venezuela, nos próximos meses, saberemos, enfim, quem são os fracos. Não deu agora. O tempo dará as respostas...

(Elaine Tavares)

Marcos Alves.

domingo, 2 de dezembro de 2007

É hoje

Chávez faz ameaças caso resultado de referendo não seja reconhecido

CARACAS - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse, nesta sexta-feira, que fechará emissoras de TV, expulsará jornalistas e suspenderá a exportação de petróleo aos Estados Unidos caso a vitória que prevê colher no referendo de domingo sobre a reforma constitucional não for reconhecida.

Ah, vai! Faz isso, vai! Tem doido que pede corda pra se enforcar. Que se enforque. Independente do resultado do tal referendo, uma coisa é certa: a Venezuela entrará em colapso. O resto fica por conta do Juremir.

Chávez, o democrata

Hugo Chávez é um democrata. Só não vê quem não quer. O resto é conversa fiada. Ou pura ideologia reacionária. É choro de perdedor e lengalenga de burguês. Todo dia ele dá novas provas do seu apreço pelos regimes abertos e por uma democracia de mídia. O presidente brasileiro tem razão: Chávez adora plebiscitos e realiza mais eleições do que qualquer outro estadista no mundo. Que pode fazer se os eleitores sempre o escolhem ou votam a favor dos seus projetos? Aqueles que o criticam o fazem por inveja ou por medo. Afinal, o homem está construindo uma nova fase do socialismo mundial, um socialismo moreno, mestiço, caliente e totalmente livre das amarras do passado. Afirmo isso com base em fatos. Vamos a eles. Sem delongas.

Na última sexta-feira, num programa de televisão, Chávez, num fantástico exercício de liberdade de palavra, ameaçou, sem papas na língua, mandar para a cadeia religiosos que estão cometendo um crime terrível, inafiançável e de lesa-majestade: criticar a sua reforma constitucional de opereta. Estas foram as palavras do todo-poderoso Hugo contra os novos pecadores: 'Reitor Ugalde, uma vez o perdoei, mas, se fizer outra vez, vai parar na prisão Yare com batina e tudo. E você também, cardeal'. O papa caribenho dirigia-se ao reitor da Universidade Católica, Andrés Bello, e ao cardeal Jorge Urosa Sabino. Sem dúvida, a linguagem de Chávez é muito apropriada para um chefe de Estado e revela um conteúdo democrático superior, depurado, cristalino e formalmente inatacável. Não?

Alguns presidentes sul-americanos devem morrer de inveja dessa liberdade de expressão de Hugo Chávez. Ele chamou os seus críticos de 'vagabundos', 'meliantes', 'aduladores', 'estúpidos' e 'retardados mentais'. Tudo isso porque os demônios citados lançaram um manifesto atacando a sua proposta de mudança da Constituição. Essa emenda será submetida a um referendo em 2 de dezembro. Com certeza, nada há de antidemocrático no linguajar do presidente Chávez. Trata-se apenas de uma maneira franca de falar e de um tom poético. Enfim, é um estilo. Mais um fragmento dessa prosa poética extraordinária e libertária: 'São o demônio, defensores dos mais podres interesses, são uns verdadeiros vagabundos, do cardeal para baixo. Que rezem cem pai-nossos e cem ave-marias de joelhos'. Só uma nação abençoada pelos deuses da democracia pode orgulhar-se de tamanha liberdade de expressão. Pena que só uma pessoa – por coincidência o dono do poder – possa usá-la. Ele o faz, como todos sabem, porém, em benefício de todos. Afinal, é o pai do povo.

O pecado mortal da igreja venezuelana é o de opor-se ao projeto de mudança da Constituição por achar que 'limita a liberdade, incrementa excessivamente o poder do Estado e elimina a descentralização'. As democráticas declarações de Hugo Chávez são o dobrar dos sinos para esses religiosos incapazes de interpretar corretamente as intenções em jogo. Como chamar de ditador um homem que ameaça jogar na prisão os seus críticos? Tradicionalmente, quem faz isso são os democratas. Não é mesmo? Os leninistas, os stalinistas, os maoístas, os fascistas e outros 'istas' de direita e esquerda. Todos, como a história prova, autênticos democratas populares. Chávez, de uma vez por todas, mostrou o seu lado. Quem quiser atacá-lo, terá de arranjar novos argumentos. A democracia é o seu fraco.

(Juremir Machado da Silva)



Crédito das montagens: Correio do Povo.

Ah, sobre o último post e o Fonte Nova: faltam menos de 30 dias para que Wagner complete um ano de gestão. Digamos que o governo anterior tenha entregado o estádio em condição de miséria. A obrigação do governador, então, era interditá-lo. Se não o fez, ou é porque achou que tudo estava bem ou porque simplesmente não resolveu se ocupar da questão.

Thales Azevedo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Ouça Jaques Wagner dizer que o Fonte Nova já estava reformado

"Você quer ouvir o governador da Bahia, Jaques Wagner, afirmando que o Fonte Nova já estava reformado, podendo ser ocupado em 100%, pronto para receber jogos da eliminatória da Copa do Mundo? Pois não, leitor amigo. Basta clicar aqui. Demora um pouco para carregar. Mas é histórico."

Esse eu peguei lá do Reinaldão.

Thales Azevedo.

Graphic Novel, Tirinhas e Toddy

“Watchmen leva ao extremo a narrativa por imagens, mostrando que a HQ talvez seja o melhor veículo para esse exercício, o que fala a favor da dimensão do romance gráfico. O cinema é rápido demais e a literatura, sem parecer pedante e hermética, não pode reproduzir o efeito na mesma intensidade.” (Roberto de Sousa)

Isso resume rapidamente o objetivo do meu post. A importância dos quadrinhos na cultura pop.

Watchmen foi escrito por Alan Moore (o mesmo que fez o genial “V de Vingança”) e Dave Gibbons. Trata-se de uma ficção científica vivida em 1985, em plena Guerra Fria, em que um herói é assassinado e chama a atenção da mídia e os antigos parceiros do Herói morto. No meio da investigação, o romance retrata a decadência dos heróis na sociedade. No início da década de 30 os quadrinhos estavam em alta e perpetuou uma onda de heróis para literalmente “salvar o mundo”. Entretanto com a "Lei Keene" (implantada em resposta à greve da polícia e a revolta da população contra os vigilantes que agiam acima da lei) os heróis ficaram decadentes e já não mais resolviam os problemas de segurança.

É interessante como o romance trabalha a questão psicológica e conflito dos heróis ditos perfeitos. Não há mais um relacionamento concreto entre os amigos e eles não conseguem restabelecer o companheirismo do passado. Isso traz uma instabilidade muito forte aos heróis aposentados, que não tem mais nenhuma função na sociedade.

Quem lê uma sinopse dessas sente-se coagido em pagar 40 reais num livro “cheios de figurinhas” (ainda mais pq watchmen são 3 capítulos). Não é bem assim. Ainda hoje os leitores de “quadrinhos” sofrem preconceitos. A forma como o ilustrador Dave Gibbons constrói as cenas é impressionante. Há todo um contexto para cada cena, tão bem trabalhado quanto num filme. Como Roberto de Sousa disse, os romances gráficos situam-se no equilíbrio entre os livros e os filmes. Ou seja, mescla conteúdo com diversão e impressionismo.

O romance gráfico, ou melhor graphic novel, é uma extensão dos quadrinhos avulsos. São romances feitos em quadrinhos. O que mais me impressiona nesse universo é a contextualidade das obras. O Watchmen e “V de Vingança” foram escritas em plena Guerra Fria e ambas retratam as idéias da maioria da sociedade. V de Vingança, por exemplo, se passa em um governo fascista na Inglaterra e mostra claramente a alienação e apatia da maioria da sociedade. Já em Watchmen, as opiniões da população são claramente manipuladas pelos jornais e revistas. Isso torna as obras perenes e concretiza o seu objetivo até hoje.

É impossível considerar os quadrinhos fora da literatura mundial. Eles não têm a mesma importância que grandes clássicos da literatura. Mas possui sua importância na cultura pop. O número de leitores de quadrinhos aumentaram, pois o graphic novel ganhou destaque, inclusive alguns deles foram para o cinema, como o “V de Vingança” e “300 de Esparta” ( o Watchmen tem possibilidades de ser lançado em 2009).


Além do mais, temos que reconhecer que as "tirinhas" também estão nesse fantástico universo. Com apenas 3 quadrinhos, Bill Watterson, escritor de Calvin & Hobbes (Calvin e Aroldo), consegue produzir frases fantásticas nas famosas viagens "psicológicas" de Calvin. Sem contar que são feitas com um alto tom humorístico. E nesse meio também temos garfield, que tira altas gargalhadas de fãs (como eu) mesmo em inglês =P.


Apesar de todo o comentário de Watchmen, eu só li o primeiro livro, que é genial. Espero ter convencido certas pessoas que pensam que graphic novel e tirinhas são para “crianças tomando Toddy no intervalo do colégio”.



Lucas Caires

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Calvin, estilo e irresponsabilidade governamental


Não que eu seja fã de quadrinhos, mas Calvin às vezes beira o genial. Postarei mais tirinhas em outras oportunidades. Quanto aos meus caros colegas de blog, por acaso vocês não teriam um assunto um pouco menos tedioso que futebol para debater? Hehe.

Em tempo: a declaração do governador Jaques Wagner no Jornal Nacional de que não sabia da condição miserável em que se encontrava o estádio da Fonte Nova, sendo que o Sindicato de Arquitetura e Engenharia havia divulgado no dia 1º de novembro que este era o pior dentre 29 avaliados e que as imagens do nível de degradação estrutural do mesmo foram ao ar há quase três semanas no Bahia Esporte foi de uma estupidez impagável. O estádio, que pertence ao governo do Estado, já deveria ter sido interditado há muito tempo, conforme o Ministério Público havia pedido, e não agora, tardiamente. É lamentável viver num país em que o desrespeito pela vida humana seja tamanho que se torne cada vez mais comum a necessidade de tragédias para que o governo pense em cumprir sua obrigação.

Thales Azevedo.

sábado, 24 de novembro de 2007

Tropicália


A década de 60 foi marcada por um processo de grande efervescência cultural no Brasil, como em tantos outros lugares. Da Jovem Guarda às canções de protesto, do Cinema Novo às artes plásticas. Em quase todas as áreas, a política se fazia presente. Posições nacionalistas ligadas à esquerda dominavam a produção artística. Contrariando este contexto, desponta o Tropicalismo, movimento encabeçado pelos baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil, seguidos por Gal Costa, Tom Zé, pelo grupo Os Mutantes e outros mais. Com influência dos Beatles, de Janis Joplin, Jimi Hendrix e em sintonia com Glauber Rocha, resolve-se romper bruscamente com o padrão populista da esquerda musical. Esta tinha Edu Lobo, Geraldo Vandré, Chico Buarque e Milton Nascimento como principais cânones e objetivava valorizar ao máximo a brasilidade nas formas de tocar e compor, gerando uma restrição expressiva não tolerada pela frente inovadora.

A idéia era universalizar a linguagem da MPB, incorporando elementos da cultura mundial como o rock, a psicodelia e a guitarra elétrica e formar, assim, a oposição à oposição. As composições visavam ligar um Brasil arcaico a um futurista. A estética seguia o ritmo da vanguarda: cabelos longos encaracolados e roupas escandalosamente coloridas caracterizavam os tropicalistas.

Em 1968, ano em que as tensões políticas no país atingem seu ápice, explode o disco Tropicália, de Caetano, onde se destacam Alegria, alegria, a embalada Superbacana e a faixa-título. Gil dispara com Domingo no parque, um dos maiores clássicos da música brasileira. Os Mutantes, com a psicodélica e sensacional Panis et circenses.

O confronto entre nacionalistas e tropicalistas se intensificava, em jornais e festivais de música. E então, vem à tona o fatídico III FIC, Festival Internacional da Canção, promovido pela Rede Globo. Com roupas futuristas de plástico, Caetano e Os Mutantes tomam o palco para apresentar É proibido proibir. A música foi recebida com uma vaia avassaladora. Tomates, ovos e pedaços de madeira voavam contra o palco. Caetano rebolava, em uma dança que simulava uma relação sexual. A platéia, escandalizada, deu as costas para o palco. Prontamente, os Mutantes reagiram. Sem parar de tocar, viraram as costas para o público. Dias depois, Gil apresenta Questão de ordem. Novas vaias, e a música termina desclassificada.

Na noite da eliminatória paulista, que levaria os ganhadores às finais no Maracanãzinho, o auditório estava lotado e as torcidas se provocavam. Geraldo Vandré apresenta Pra não dizer que falei das flores, apenas com um violão, e é aclamado pelo público. Os tropicalistas, minoritários, vaiavam. Chega a vez de Caetano e dos Mutantes, que na metade da música já não conseguiam cantar por conta das vaias. Caetano, furioso, interrompe a apresentação e faz um longo discurso alavancado pela frase: “Vocês não estão entendendo nada!”. Gil entra no palco, a vaia aumenta e a situação se torna insustentável. Caetano decide, então, retirar É proibido proibir da disputa e seguir outros rumos.

No fim do ano, ocorre o festival da Record, já não despertando tanta polêmica e tendo como maior impacto a canção Divino Maravilhoso, de Gil e Caetano, interpretada por Gal Costa, acompanhada de uma banda de rock, que se tornou título de um programa comandado por seus compositores na extinta TV Tupi. No programa, a provocação tropicalista foi ainda mais radicalizada, onde Caetano, enjaulado, arrebentava grades enquanto cantava Um leão está solto nas ruas, de Roberto Carlos ou Gil representava Jesus Cristo numa versão tropicalista da última ceia, com apóstolos cantando, comendo e jogando bananas e abacaxis para o público.

O AI-5, que estabelecia repressão pesada, foi decretado no início de dezembro. Caetano, no último Divino Maravilhoso, cantava Boas Festas, de Assis Valente, com um revólver apontado para a cabeça. Foi preso logo após o natal, juntamente com Gil. E o movimento acaba reprimido pelo governo militar, mas um forte legado permanece não só na música como em toda a cultura brasileira.


"Eu organizo o movimento, eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento no planalto central do país

Viva a bossa, viva a palhoça!"

(Caetano Veloso)

Thales Azevedo.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Os impérios estão com os dias contados?

A fome em Nova York
Matéria da BBC

Fome já atinge um em cada seis nova-iorquinos, diz ONG da BBC Brasil

Mais de 1,3 milhão de pessoas --um em cada seis nova-iorquinos-- não têm dinheiro para comprar comida suficiente e estão recorrendo às cozinhas públicas, segundo grupos americanos de luta contra a pobreza. A Coalizão da Cidade de Nova York Contra a Fome afirma que o número de pessoas nas filas em locais e abrigos que distribuem comida gratuita aumentou em 20% neste ano. Vários armazéns do chamado Food Bank, uma rede que distribui doações de alimentos em Nova York, também estão tendo dificuldade para suprir a demanda.
FONTE: http://www.luisnassif.com.br/

A herança de ACM
PF prende presidente do Tribunal de Contas da Bahia
da Folha Online

A Polícia Federal prendeu hoje o presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado) da Bahia, o conselheiro Antônio Honorato de Castro e o ex-presidente do E.C.Bahia, Marcelo Guimarães, durante a operação ‘Jaleco Branco’, que apura fraudes em licitações públicas. A assessoria dele ainda não se manifestou sobre a prisão. Ao todo, a PF tenta cumprir 20 mandados de prisão e 40 de busca e apreensão. O esquema, de acordo com a PF, seria comandado por empresários dos setores de prestação de serviços de limpeza e segurança. Esses empresários, com a ajuda de servidores públicos, fraudavam licitações do Estado da Bahia, do município de Salvador e da Universidade Federal da Bahia. As investigações da PF revelaram que os fraudadores agiam de várias maneiras: superfaturamento de preço, formação de cartel e utilização de empresa de fachada. O grupo também se beneficiava de contratos emergenciais que continham vícios. Em 10 anos, a quadrilha teria provocado um prejuízo de 625 milhões aos cofres públicos, segundo cálculos da polícia. Para cumprir os mandados foram mobilizados 200 policiais federais. A operação contou com o apoio do Ministério Público Federal, INSS e Receita Federal. Os mandados de prisão, busca e apreensão foram expedidos pela ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Eliana Calmon. O inquérito tramita no STJ porque o presidente do TCE Bahia é suspeito de participar do esquema.

Com baixa audiência, Ana Maria Braga faz dança sensual na Globo

da Folha Online

Ana Maria Braga levou ao "Mais Você" uma professora de pole dance, a mesma que Flávia Alessandra faz na boate de striptease da novela "Duas Caras". Depois de mostrar imagens da atriz na novela, Ana Maria Braga não se intimidou, pegou na barra e começou a dançar.Não houve aumento da audiência.A Globo teve cinco pontos contra oito do "Hoje em Dia", da Record, segundo a prévia do Ibope. A derrota para a Record é freqüente. Ela tem perdido também para o "Fala Brasil".





Pegou mal!!



Alexandre Rios.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Viva a ditadura!

Quero a volta da ditadura militar. Já! Pelo bem do Brasil. Ficamos mais burros com a democracia. Apresento os meus argumentos. Mino Carta, por exemplo, é um perfeito idiota ítalo-brasileiro que já foi considerado um gênio do jornalismo nos 'anos de chumbo'. Hoje, dirige uma revista cuja única qualidade é ser chapa-branca, o que permite aos petistas empedernidos considerá-la independente, isenta, objetiva e neutra. Carta Capital é a Veja da esquerda. Millôr Fernandes é um gênio que se tornou idiota. No tempo dos milicos, Millôr detonava, arrasava e cuspia uma frase inteligente atrás da outra. Na Veja atual, até a carta ao leitor consegue ser mais divertida que ele. O Brasil está cheio de gênios que viraram idiotas passada a ditadura. O caso mais notório é o do compositor Chico Buarque. O rapaz era uma máquina de produzir metáforas brilhantes que deixavam os generais em ponto de bala e as mulheres nuas. Parece que a mais devastadora era de uma genialidade singela incomparável: 'Você não gosta de mim, mas a sua filha gosta'. Terminada a ditadura, Chico Buarque só conseguiu fazer 'Estorvo', 'Benjamin' e 'Budapeste', uma rentável trilogia do vazio. Claro que com muito sucesso, num caso típico de transferência de capital (simbólico) de uma rubrica para outra. Mas tem pior. Na época em que o pau comia, houve uma turma que criou o Pasquim, um monumento à irreverência. Restabelecida a democracia, o melhor que o pessoal conseguiu foi elaborar uma revista chamada Bundas, cujo maior feito consistiu em ser uma Caras com um pouco menos de criatividade e um pouco mais de chatice. Não é pouco. O teatro brasileiro morreu depois da ditadura. O cinema virou televisão de péssima qualidade. Pensando bem, nisso avançamos bastante. A música virou funk e pagode. As nossas imagens estão cada vez melhores: 'Abre as pernas e senta no meio dela...'. O pós-ditadura enterrou o Brasil na 'midiocridade'. Fernando Gabeira chegou a profetizar o 'crepúsculo do macho'. Agora, comporta-se como um simples macho no crepúsculo. Até o atual presidente da República fazia e acontecia no apagar das poucas luzes ditatoriais. O povo não é bobo. O povo não se engana. Elegeu com fartura de votos o único agitador que continua muito criativo depois do regime militar: Clodovil. A ditadura é a única saída para os nossos artistas. Nela, o ministro Gilberto Gil era apenas um jovem cantor e compositor genial.

(Juremir Machado da Silva)

Thales Azevedo.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Novela e Integração


Eu não consigo entender o porquê de boa parte da intelectualidade brasileira ser tão contra às novelas das 8. É verdade que não chegam nem perto das grandes produções Hollywoodianas, mas você tem que convir comigo que elas têm um papel importantíssimo na formação e na compreensão da opinião pública, ou seja, é interessante, ao meu ver, acompanhá-la ( não precisa se diariamente, por favor) pelo menos 2 vezes na semana.Eu acho que a novela foi estigmatizada pela intelectualidade como algo fútil, feito para empregada e aposentado assistir. Não deixam de ter razão, as novelas realmente são feitas para empregadas e aposentados, mas não só para eles, e sim para todo um grupo social que tem como representantes indivíduos de todas as partes da pirâmide sócio-econômica brasileira (está aí a importância relacionada à opinião pública). Isso é formidável! O que uma madame assiste ,na sua TV de plasma 50 polegadas, deitada em sua cama box coberta por um cobertor de seda importada e com seu cachorrinho ,que tem até seguro de vida, é o mesmo que um cidadão de Xique Xique assiste em sua TV de 14 polegadas com Bom Bril na antena, sentado (quer dizer, apoiado) num sofá com um buraco “ortopédico” com um cachorro sarnento, do lado, pedindo comida. É isso mesmo, a novela das 8 é um fator de integração social!! Pois é, assistir novelas das 8 é quase um intercâmbio cultural feito pela televisão! Fazer um novela das 8 de sucesso é fazer algo que agrade gregos e troianos, porque num país como o nosso possuidor de tanto diversidade cultural e econômica não é nada fácil agradar a todos, não é mesmo?



Marcos Alves.

Ócio


Ócio, no dicionário, “descanso de trabalho, folga; lazer, vagar”. Ocioso, “que não trabalha, desocupado; em que há ócio, preguiçoso”. Vocês devem estar se perguntando, caros leitores, o porquê dessas denominações quase óbvias. Antes de tudo, não estamos os subestimando, afinal, vocês devem saber o que é “ócio”, o que já é um bom começo. Pois bem, por que focar essa palavra? Antes de tudo, gostaríamos de lembrar que estamos de férias(!) e que, neste momento, não temos muito o que fazer. Estamos há algumas horas em frente ao computador, fazendo o que todo ocioso faz. Já visitamos sites, já escutamos músicas, conversamos um pouco. Em uma dessas conversas foi decido que um grupo de amigos faria um blog. Este blog! Aqui iremos escrever para passar o tempo, aproveitar melhor o ócio. Ou seja, estamos no ócio, mas tentando fugir ao máximo do ócio criativo. Perceberam aonde queremos chegar? Vamos desfrutar o ócio, então!


Equipe Depois dos Cafés.