terça-feira, 16 de junho de 2009

USP, números, "barbárie", "ditadura" e proselitismo

Acima, gráficos com registro do posicionamento da USP sobre a greve e do posicionamento da USP sobre a PM no campus, retirados do site http://greveuspresultado.dnsalias.com/, às 18h40, com 3030 votos válidos. Clique na imagem para ampliar.

Sobre regulamentação da pesquisa,

SENDO A FAVOR OU CONTRA A GREVE, DIVULGUE ESTA PESQUISA.
FORMA DE VALIDAÇÃO E AUTENTICAÇÃO DOS VOTOS:
1. Voto sem nome, número usp ou email será considerado inválido.
2. Se houver divergência entre os dados informados (nome, número usp e email) o voto será considerado inválido.
3. Se houver mais de um voto com o mesmo número usp/email, caso os votos sejam iguais, somente um será contabilizado. Se os votos divergirem, será confirmado o voto correto por email.
4. Os votos serão autenticados através do email USP (que é único para cada pessoa) a partir da próxima semana. Portanto fique atento ao seu email. Caso você não autentique seu voto, ele será desconsiderado

Informações retiradas daqui, seguidas de comentário do blogueiro com íntegra aqui:

De resto, observo: em greve, 0,7% da universidade. Trabalhando e estudando, 99,3%. Minoria tem todo o direito de existir como minoria. Mas não pode impor na marra a sua vontade à maioria.

Thales Azevedo.

10 comentários:

Alexandre Rios disse...

Esse pessoal já gosta de exclamações. É euforia demais. É caricatura demais.

Thales disse...

Aqueles que "vivenciam de perto" vão dando o seu recado.

Alexandre Rios disse...

Não, você entendeu errado. Eu apenas leio os comentários dos dois lados. Você tem preguiça de ler o que não lhe convém.

Thales disse...

A charge me deu preguiça.

Um site que organiza algo com o nome de "Marxismo e Século XXI" também me dá bastante preguiça.

Lucas Caires disse...

Voltando ao "vivenciar de perto".
A greve começou a mais de um mês. As manifestações dos estudantes e funcionários na UNICAMP já vem ocorrendo à muito tempo. Os protestos unificados (USP, UNICAMP, UNESP) começaram nessas últimas semanas pelo fato de o governo do Estado de São Paulo não discutir democraticamente as questões.

Ou seja, o governo teve tempo suficiente para debater as propostas dos grevistas. O ato unificado no campus da USP foi uma resposta à falta de discussão por parte das diretorias acadêmicas e, novamente, o governo estadual.

Sim, a maioria não aprova a greve. Contudo, cada instituto das universidades possui a liberdade de decidir participar ou não da greve. Por isso, 80% da UNICAMP está funcionando normalmente.

Assim, o posicionamento grevista de poucos não está atrapalhando o funcionamento das universidades.

Como sempre, são os detalhes que nos fazem observar a história de uma maneira diferente. Basta vivenciá-los de perto.

Thales disse...

Acontece que entre as delicadezas reivindicadas pelos democratas da USP, estas talvez você tenha esquecido de citar, estão a renúncia da reitora, legalmente instituída, e a saída da PM do campus, que tem ordem judicial, como já disse, para garantir a integridade da universidade e os direitos dos uspianos. Aliás, agora já se fala em "desestruturar" a universidade, o que passa por eleições diretas para reitor. Isso existe em alguma universidade do mundo?

Quando você fala em "resposta" a um "governo que teve tempo suficiente para debater as propostas", numa tentativa de justificar os métodos aplicados pelos grevistas da USP (agressão ao espaço físico, direitos atropelados...), ou de colocar o peso nas costas do governo - alguns parecem ter até intenções um pouco maiores visando futuro próximo, mas esta já é outra conversa, estabelece uma relação desonesta, chantagista e invasiva, sobretudo antidemocrática, beirando o terrorismo. E com as propostas citadas aí em cima, o governo não tem nada a fazer mesmo. Mas ou faz, ou ninguém mais estuda, não é (não sei como funciona na Unicamp, mas com a USP, basta ler os jornais)? Ou vamos partir para o confronto. Se alguém tenta interferir, são os grandes ditadores...

O grande detalhe disso tudo, sobre os seus últimos parágrafos (espero que você tenha mesmo consciência do alcance que quis dar a "o posicionamento grevista de poucos não está atrapalhando o funcionamento das universidades" - é exatamente esta a origem da ação policial na USP, o cerceamento da livre circulação, sem falar das represálias a quem optou por estudar e trabalhar), e sei disso sem vivenciar de perto, está na última frase deste post.

"Minoria tem todo o direito de existir como minoria. Mas não pode impor na marra a sua vontade à maioria."

Lucas Caires disse...

Sim, essa também é uma das várias pautas da greve. Se tornaria cansativo eu comentar sobre todas as propostas, e os leitores ficariam com "preguiça" de ler. Mas enfim, só não entendo como uma universidade possui seu representante eleito não pelos estudantes, mas sim por um governador. Será que o ambiente acadêmico não tem capacidade de escolher seu próprio reitor? Se não (como parece ser a visão da atual legislação), porque levar à sério os 80% dos estudantes que votaram contra a greve?

Sobre os detalhes do início da greve. No momento em que as entidades estudantis e alguns institutos decidiram entrar em greve(decisão tomada após 2 semanas de greve), houve uma congregação na USP. Contudo, o que os estudantes, funcionários e professores encontraram na USP foram policiais, impedindo-os de entrar na USP. Mesmo antes de se pensar em "depredar o patrimônio" (como você propõe), a policia simplesmente impediu uma ação pacífica e democrática dos estudantes.

Alguns dias depois, a mesma congregação foi feita na USP, em resposta à repressão policial. Resultado: confronto direto entre polícia e grevistas. Desta forma, eu me pergunto, em qual momento houve terrorismo?

Sobre a "impor na marra a vontade da minoria à maioria". Vou esclarecer novamente o que está acontecendo na UNICAMP, especificamente. Após a atitude brutal da polícia, a universidade aderiu oficialmente à greve. Contudo, CADA instituto decide aderir ou não à greve. Até agora, no ambiente UNICAMP, não houve imposição alguma.

Em relação ao ambiente USP, as reuniões e greves estão ocorrendo nos Institutos que a aprovaram. Muito provavelmente, na Escola Politécnica, que não aderiu à greve, está sendo capaz de se dar aulas.

Se houve uma invasão a institutos não aderentes à greve, sim, há uma atitude bizarra de imposição ideológica.

Thales disse...

Talvez estejamos discutindo realidades um tanto distintas - o que até me gerou certo cuidado no comentário anterior; como disse acima, não sei como as coisas se passaram na Unicamp. Meus comentários foram, e serão, dirigidos a USP. Mas adiante.

O nome do reitor não é escolhido arbitrariamente pelo governador. A decisão final é dele, mas ela provém de uma lista escolhida por membros de uma estrutura designada para tal, por um processo meritocrático. A organização de poder da universidade não pode estar disponível para ser instrumento dos "movimentos de massa". É assim que funciona no mundo inteiro, e desafio qualquer um a mostrar um caso que esteja de acordo com o que se propõe.

Já a greve é uma forma de reivindicar, de exposição da opinião dos alunos. Nada tem a ver com o controle direto da universidade. No caso em questão, o que se retira do gráfico é que a opinião da grande maioria é contrária, o que é suficiente para dizer que o que se chama de greve da USP não é uma greve da USP, mas uma pressão exercida por segmentos que se acharam no direito de tomar decisões por todos e de reprimir quem não queria ser um deles.

A polícia estava lá para garantir a ordem, sem interferir em nada. Foi ferozmente pressionada, o que se pode verificar em vídeos, no YouTube. Se impedisse manifestações pacíficas, se agredisse alunos que protestassem democraticamente, seria execrada. A polícia agiu porque, na USP, impediram que as pessoas simplesmente passassem. É daqui que surge o confronto. Se os protestos tivessem sido realmente democráticos, ninguém estaria falando disso. Os grevistas não aceitaram o direito de ir e vir como inegociável, não permitiram o acesso de quem não queria greve, lembrando sempre, a grande maioria. Não aceitaram este diálogo. Fazer o quê? Para situações como esta é que a polícia foi convocada.

Além da agressão ao espaço físico, que não é proposta minha, mas o que foi registrado pela imprensa, os grevistas queriam decidir sobre quem passava e quem não passava, bloqueando espaço público, hostilizando não grevistas. Houve invasão aos direitos dos indivíduos não aderentes. A polícia não bateu em ninguém porque queria exercitar.

Quando você tenta trazer ações de um grupo de pressão voltadas para o não cumprimento das leis do país, como o princípio de ir e vir, na base da violência, para o plano da legitimidade, como "resposta" ao governo, é chantagem, é terrorismo.

Isso é "impor na marra a vontade da minoria à maioria". A maioria quer estudar, quer trabalhar. Se não pode passar, se é agredida, porque a minoria não quer que ela passe, infelizmente, os cassetetes precisarão ser utilizados.

Parte do que disse aqui, imaginei que já estivesse clara, já foi colocada em comentários do post anterior, que contêm inclusive trecho de entrevista de um professor de direito. Espero mesmo que com a Unicamp tenha sido diferente.

diegodias disse...

Oi Thales, dá uma olhada no texto:

A Lenta Decadência da Universidade de São Paulo, de Staphen Kanitz. Acho que lhe interessará.

http://blog.kanitz.com.br/2009/06/a-lenta-decad%C3%AAncia-da-universidade-de-s%C3%A3o-paulo.html

t+

Thales disse...

Só para atualizar, e para que não restem dúvidas sobre o posicionamento de grevistas, a ação da PM e o funcionamento das universidades.

A reitoria da USP afirmou ontem que a Polícia Militar deixará, na segunda-feira, a Cidade Universitária (zona oeste de SP). A decisão foi tomada depois que funcionários, em greve desde 5 de maio, decidiram suspender os piquetes - que tinham como objetivo fechar as portas de oito prédios da USP, incluindo o da reitoria.

(FSP, 20/06/2009)