segunda-feira, 13 de julho de 2009

Vida longa ao rock and roll!


Hoje é o dia mundial do rock, um dos filhos do blues. Analisando sua história, podemos dizer que ele já possui quase 60 anos. É um senhor de respeito. Mas nem venha me dizer que o rock and roll é velho! Afinal, que outro gênero musical se reinventou tanto em sua existência, passou por tantas tendências e continua com aspecto tão moderno? Foram décadas com acontecimentos marcantes em todo o mundo que tiveram o rock como uma importante trilha sonora, principalmente nos momentos de questionamento e revolta. Como em uma cena do filme “Apocalypse Now”, em que jovens soldados escutam “Satisfaction” dos Rolling Stones em plena selva numa das guerras mais emblemáticas da história. Talvez estivessem eles esperançosos com o fim do conflito rumo à liberdade iniciada na época – no caso, a década de 60, uma das mais vanguardistas e mais importantes para o futuro da humanidade. Não por acaso, talvez a década mais importante para o rock and roll. Nesta linha de pensamento, podemos dizer que o momento atual é o mais morno, um marasmo com poucas coisas realmente boas. A década em que o rock menos avançou e ousou – reflexo da sociedade, materializada em comodismo e acomodada com o materialismo. Mas nunca duvidemos do poder que um dos gêneros musicais mais populares do mundo – talvez o principal – tem. Assim como nunca devemos duvidar do poder de mudança daqueles que não estão satisfeitos com o rumo das coisas no mundo contemporâneo, principalmente os jovens. Jovens de espírito, independentemente da idade cronológica. Como o próprio rock. E você, acredita nele?

Para homenageá-lo selecionaremos algumas músicas que representam bem este espírito, passando por todas as décadas do rock. Começamos hoje com cinco músicas da década de 50. Não são exatamente as cinco mais importantes e nem as cinco melhores, afinal não temos essa pretensão. São algumas que podem resumir esta década, um verdadeiro marco. Eis as selecionadas.

“Don´t Be Cruel” – Como não começar com uma música do Rei do Rock? E como é difícil escolher apenas uma entre várias músicas que Elvis Presley deixou como legado! Se eu escolhesse qualquer uma dentre elas seria justo e legítimo. Escolho “Don´t Be Cruel”, uma música que, apesar de simples – reparem que a batida de fundo praticamente não varia - contagia demais. A voz de Elvis em um dos seus maiores momentos de inspiração cantando os versos “… Please, let's forget the past/the future looks bright ahead/Don't be cruel to a heart that's true” fazem desta canção uma pérola que devemos ouvir sempre.

"Rock Around The Clock"- Lançada em abril de 1954, a gravação de Bill Haley and His Comets dessa canção é tida por muitos como o primeiro grande sucesso do rock and roll, ainda que provoque controvérsia (Bill Haley dois meses antes já teria alcançado o topo da Billboard com a menos lembrada "Shake, Rettle and Roll"). A canção, um grande hino dos primeiros rockers, convida-nos a dançar além das badaladas do relógio: nada mais atual em tempo de raves intermináveis. Um detalhe curioso é que a canção foi originalmente gravada pela banda ítalo-americana Sonny Dae and His Knights sem grande repercussão.

"Roll Over Beethoven"- "Se o rock tivesse outro nome, seria Chuck Berry"- essa frase proferida por ninguém mais, ninguém menos do que John Lennon reflete todo emblematismo e iconicidade de Mister Charles Edward Berry. O velho Chuck teria escrito essa canção para provocar sua irmã Lucy que insistia em tocar música clássica no piano de casa. A letra faz alusão a compositores eruditos e populares, de Tchaikovsky a Carl Perkins. Retrata bem a ousadia juvenil de entender uma ritmo dançante como algo que supere a música clássica- a rebeldia que vence a dita caretice. Regravada por vários artistas, de Raul Seixa ao Iron Maiden, é uma grande prova incontestável da imortalidade de Berry.

"Tutti Fruttï"- "Womp-bomp-a-loom-op-a-womp-bam-boom!"- sem dúvida, o grito onomatopéico mais conhecido da história do rock. Essa música é também uma campeã de regravações. A letra originalmente faz menção ao ato sexual. Para estourar nas rádios e se tornar o primeiro grande hit de Little Richard, esse músico inovador, além de pastor no mítico casamento de Demi Moore e Bruce Willis, a música passou por uns ajustes (ela foi até trilha sonora de um desenho do Pato Donald depois). Para a revista Mojo é a maior canção da história do rock and roll.

“Oh, Boy!” – Buddy Holly, assim como Elvis, foi um dos primeiros artistas brancos a fazer rock and roll com sucesso, já popularizado por negros como Chuck Berry. Um dos artistas mais visionários do seu tempo, que inspirou bandas como Beatles e Rolling Stones, infelizmente faleceu cedo, com apenas 22 anos. Uma das mortes mais sentidas desde que o rock surgiu, acontecimento que chegou a inspirar a música “American Pie” de Don McLean, com a famosa frase “o dia que a música morreu”. “Oh, boy!” é dançante, tendo como base uma guitarra rápida, com a voz de Buddy oscilando entre a esperança, carência e ódio, além dos clássicos vocais de apoio repetindo o nome da música. Todos esses elementos comprovam a falta que fez este importante artista da década de 50.

Próximo post, a década de 60.

Alexandre Rios
Lucas Caires
Otávio Bessa

3 comentários:

Lucas Caires disse...

Descordo que a década atual seja um marasmo. O rock evoluiu bastante e passamos um momento de estabilização. Nada revolucionário, mas as bandas continuam mostrando seu potencial em aproveitar da melhor forma possível os recursos tão bem trabalhados ao longo dessas 4 décadas.

Enfim, deixemos isso para o post da nossa década

Alexandre Rios disse...

As bandas... Quais bandas? Cite pelo menos 5 que surgiram nesta década e que são realmente de qualidade e, de certa forma, originais. Difícil, né?

Lucas Caires disse...

Difícil? White Stripes, Cold War Kids, Arctic Monkeys e The Raconteurs. Há mais, mas não conheço várias. Tudo bem que são bandas indies, mas possui músicas originais