sábado, 23 de fevereiro de 2008

Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet

A vingança nunca foi tão retratada no cinema como nesta década. Filmes com essa temática tem tido produções diversas, como ‘Kill Bill’, do diretor americano e badalado Quentin Tarantino, até ‘Oldboy’, do diretor coreano Chan-wook Park. São filmes de culturas diferentes, que enriquecem a análise de atitudes humanas tão complexas como a vingança. Esses filmes, apesar de riquíssimos, têm entrado num processo de saturação devido à falta de novidades, da mesmice dos roteiros. Tim Burton, porém, deu um novo fôlego pra essa temática com seu lançamento ’Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet ‘. Ele constrói um filme do gênero repleto de aspectos sombrios e góticos, próprios do diretor americano, porém com um diferencial, algo realmente atraente. A presença de músicas, muitas músicas, faz desse filme uma bela obra, baseada na peça de Stephen Sondheim e Hugh Wheeler para um musical da Broadway.

A história é ambientada em uma Londres sombria, suja, habitadas por seres desprezíveis, o que inclui, naturalmente, os humanos. A grande massa miserável e oprimida pelos processos industriais, pelas autoridades e pela burocracia tenta sobreviver; os opressores, apesar de possuírem o capital, continuam imundos e cínicos. É pra este contexto social que retorna, depois de 15 anos, Benjamin Barker (o sempre competente e carismático Johnny Deep), um barbeiro que foi preso injustamente por um juiz aproveitador, interpretado por Alan Hickman que, interessado pela sua esposa Lucy (Laura Michelle Kelly), extradita Benjamin. Quando retorna para a sua cidade, ele descobre, por intermédio da sra. Lovett (Helena Boham Carter), que a sua mulher cometera suicídio e sua filha Johanna fora adotada pelo seu maior inimigo, o juiz Turpin.

Só uma coisa é objetivada por Benjamin Barker a partir de então: vingança. Um desejo insaciável toma conta do seu corpo aos poucos, deixando-o cada vez mais frio e infeliz. Ele cria, então, um plano, uma espécie de parceria macabra com a sra. Lovett: ela cede o andar de cima de sua loja de tortas para que ele exerça sua profissão de barbeiro,com o pseudônimo de Sweeney Todd, matando os clientes como se mata animais, para que eles sirvam como uma espécie de tempero para suas tortas, apelidadas carinhosamente como “ as piores tortas de Londres”.

Paralelamente a isso, uma história de romance é contada. Ela envolve dois jovens, o marinheiro Anthony Hope (Jamie Campbell Bower), que havia conhecido Benjamin na sua volta marítima e Johanna (Jayne Wisener), desejada pelo juiz Turpin, que deseja casar com a bela, utilizando dos meios mais violentos pra espantar o rapaz das redondezas.

’Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet ‘ conduz a história muito bem, apesar de se repetir em determinados momentos, com músicas parecidas, mas muito bem compostas. A fotografia é impecável, com tons fortes, que destacam o vermelho do sangue, que aparece muitas vezes à medida que o filme caminha pro seu clímax. Além disso, as atuações dos protagonistas e dos coadjuvantes se completam, criando personagens complexos e carismáticos ao mesmo tempo, como o também barbeiro Signor Pirelli, interpretado por Sacha Baron Cohen, mais conhecido por ter protagonizado o satírico ‘Borat’, que com um papel curto consegue instigar o público.

O final reserva algumas surpresas, além de uma cena final poética e violenta. Para que se chegue até ela, o espectador que não tem certa simpatia por musicais, provavelmente irá se sentir cansado devido ao grande número de músicas. Porém, o longa merece ser visto, principalmente pela bela direção do grande diretor Tim Burton, que transforma o feio no belo, o gótico no poético e consegue absorver o máximo dos atores, com uma concepção visual que é um verdadeiro deleite para os espectadores.

Alexandre Rios.

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