quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Dear Wendy




Solitário e pacifista por definição, Dick (Jamie Bell, do aclamado Billy Elliot) vive numa pequena cidade do Texas. Ainda pequeno, vai a uma loja de brinquedos comprar um presente de aniversário para o neto da criada de sua casa, e se depara com uma pistola antiga, que desperta um estranho fascínio. A arma é comprada, mas acaba confinada na casa do protagonista. Uma arma de brinquedo, afinal, não era o presente ideal a ser dado por um pacifista. Os anos se passam e o pai de Dick se suicida, atirando-se da mina em que trabalhava, centro das atividades da cidade. Sua mãe havia morrido há tempos e a criada já iria se aposentar. A antiga pistola é reencontrada e levada pelo dono, que conhece um amante bélico, de sua idade, e descobre ser, na verdade, portador de um revólver de dupla ação, de 6,65 milímetros.

É assim que tudo começa em Querida Wendy, 2005, do dinamarquês Thomas Vinterberg, escrito por Lars Von Trier (Dogville). Um filme que preserva seu impacto sem muitos efeitos especiais e com um cenário reduzido a alguns quarteirões. Conduzido por uma carta de Dick para ela, para a sua pistola, para Wendy. Ao juntar-se com seu novo amigo, o protagonista decide recrutar jovens solitários e inseguros, como ele, e fundar um obscuro grupo de pacifistas armados, denominado Os Dandies. As regras eram simples. Todos teriam armas, e as carregariam consigo em qualquer circunstância. Desta forma, estariam protegidos e completos. Mas nunca poderiam sacá-las à luz do sol, capaz de despertá-las para seu instinto natural: matar, ou, no vocabulário deles, amar. Cada arma teria seu nome e manteria ligações íntimas com seu portador. Durante as reuniões do grupo, na mina, os dandies estudavam tudo que fosse relacionado à cultura bélica e, lá mesmo, com uma determinação quase doentia, treinavam suas miras.

Conflitos internos surgem com o tempo e Dick acaba se afastando de sua Wendy, trocando-a por outra pistola. O grupo, então, resolve sair da teoria e partir para uma missão fora da mina, numa mistura de heroísmo e auto-afirmação, pretendendo, ainda, não romper as regras estabelecidas inicialmente. À primeira vista,
Querida Wendy pode parecer um filme estranho. Mas é repleto de entrelinhas. Com boas atuações, uma narrativa envolvente, um figurino interessante e uma trilha sonora maravilhosa – composta, basicamente, pelo conjunto britânico de rock and roll, dos anos 60, The Zombies (que recomendo bastante a quem gosta do estilo, dando destaque para o álbum psicodélico Odessey and Oracle), é um dos pontos altos da carreira do diretor.

Thales Azevedo.

Um comentário:

Anônimo disse...

O filme parece interessante, ao menos exotico, e bem, cinema é para ser singular - na maioria das vezes. Verei.

parabens pelo blog, atualmente, mais autentico.