sábado, 7 de fevereiro de 2009

This Year´s Model - Elvis Costello


Elvis Costello é, hoje, meu artista preferido. Claro que há personalidades da música muito mais geniais que este cara com óculos de Woody Allen. Digo “mais geniais” porque o Elvis é, sim, um gênio. E ele é porque possui uma capacidade incrível de criar ritmos e composições como poucos na história, é gênio porque está sempre se reinventando, o que pode ser analisado na sua extensa discografia. Então, antes de tudo, assumo o compromisso de analisar aqui neste blog pelo menos dez de seus discos. Já escrevi sobre o “My Aim Is True”, de 1977. Agora, vamos ao seu segundo disco de estúdio, o “This Year´s Model”, de 1978.

This Year´s Model é o primeiro do Elvis Costello com sua banda de apoio principal, “The Attractions” formada por Steve Nieve (teclados), Bruce Thomas (baixo) e Pete Thomas (bateria). O disco é ágil e direto, sem muitas pretensões além de fazer um bom rock and roll, com elementos punk e new wave – sem dúvidas, o Costello é uma das grandes referências para os movimentos punk da década de 70, influenciando muita banda nas décadas seguintes. A primeira música, "No Action", inicia o disco de forma crua, o que já nos dá idéia do que vem a seguir. “This year´s girl” é uma das melhores do disco, ácida ao tratar ironicamente da “garota do ano”, com todas as superficialidades passageiras que as aparências podem proporcionar. “The Beat” tem uma batida forte, que mantém o disco lá em cima. E o que dizer de “Pump It Up”? Este clássico do Elvis Costello é a melhor faixa do disco e uma das suas músicas mais conhecidas de todos os tempos. É dançante e raivosa. E que se exploda tudo! Olhe o vídeo abaixo. Não dá vontade de sair por aí dançando com as perninhas como o Elvis faz, com o som no máximo?





"Little Triggers" é uma balada com personalidade e, provavelmente, uma daquelas músicas que podem agradar facilmente qualquer pessoa. "You Belong To Me" é mais pop – aqui os teclados de Steve Nieve se destacam, o que nos faz lembrar da sua importância neste disco. “Hand in Hand” está no top 5 do disco, sem dúvidas. Ela funciona perfeitamente. Bom, logo depois nos deparamos com “(I Don´t Want To Go To) Chelsea”, outro clássico do Elvis e a segunda melhor faixa, na minha opinião. Assim como Pump It Up, é uma música raivosa. Aqui, todos os elementos da banda assumem perfeitamente seus papeis, resultando numa música atemporal, meu caro!



”Lip Service” é uma música mais alegre, com a presença forte do violão do Elvis e do baixo de Bruce Thomas. “Living in Paradise” é uma música ciumenta e divertida, talvez um pouco neurótica. Logo depois, temos “Lipstick Vogue”, que é extremamente bem trabalhada, uma das mais rápidas do disco e que mostra a capacidade do baixo de Bruce Thomas. “Night Rally” é uma balada que extrai a bela voz do Elvis ao máximo. A última faixa do disco é outro clássico: "Radio, Radio", com uma crítica mordaz ao sistema excludente e manipulador das rádios, preocupadas apenas nos lucros. Aliás, essa música faz parte da história da televisão americana, quando Elvis, ao participar do programa Saturday Night Live, decidiu interromper “Less Than Zero” (a música ensaiada pela banda momentos antes) para tocá-la, o que deixou o produtor Lome Michaels puto da vida – já que havia sido combinado que Radio, Radio não deveria ser apresentada devido ao seu teor anticorporativista. Resultado: o programa foi tirado do ar e Elvis nunca mais foi chamado para se apresentar em programas americanos até 1989, quando voltou ao Saturday Night Live, ironicamente.

Pesquisando na internet, li uma resenha sobre o “This year´s model” escrita por Marcelo Costa para a sessão
Revolution do site da IG, de onde eu retirei a seguinte informação: “This Years Model” foi lançado em março de 1978 e desde então freqüenta listas de melhores de todos os tempos. Foi eleito o álbum do ano pelos críticos do Village Voice quando lançado. Em 2000, a Q magazine o colocou na posição número 82 entre os 100 maiores álbuns britânicos de todos os tempos. Em 1987 o álbum apareceu na 11ª posição de uma lista da Rolling Stone norte-americana que apontava os grandes discos entre 1967/1987. Em 2003 ele surgiu na posição 98 de uma lista dos 500 maiores discos de todos os tempos, novamente da Rolling Stone. Em 1995, Alan Cross, autor do “Almanaque da Música Alternativa”, cravou o disco na sétima posição entre os dez álbuns clássicos do cenário independente.

Ou seja, um clássico absoluto.


Alexandre Rios.

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