quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Lou Reed´s Berlin

Transformer é o disco mais conhecido de Lou Reed. Mas eu, assim como muitos outros adoradores deste músico genial, considero o sucessor Berlin superior. A crítica especializada, porém, composta pelos “especialistas”, praticamente desprezou o disco à época do seu lançamento, que se tornou um fracasso comercial. Desde então Lou Reed nunca havia realizado uma apresentação da obra na íntegra, o que contribuiu ainda mais para o status de obra-prima esquecida e obscura deste grande homem – de fato, Lou Reed já declarou que Berlin foi a sintetização de uma fase horrível da sua vida.

Até que em 2006 uma tour do disco foi feita e o diretor Julian Schnabel (O escafandro e a borboleta), que Deus o abençoe, trouxe até nós um registro notável da obra conceitual que retrata a desintegração de um casal na Alemanha dividida pelo Muro de Berlim, ilustrado por imagens intimistas da atriz e esposa de Roman Polanski – eu precisava citar este fato - Emmanuelle Seigner, que representa a personagem-chave do disco a partir de um filme realizado pela filha do diretor, Lola Schnabel. A produção é impecável. A banda de apoio é ótima. E Lou Reed é brilhante. Enfim, Berlin foi devidamente agraciado.

E para a crítica especializada eu devo retomar um trecho do filme "Verdades e Mentiras", de Orson Welles: Os especialistas, os auto-intitulados "experts", são os novos oráculos. Embora pretensiosos - eles falam conosco com a absoluta autoridade de um computador - fingem saber profundamente algo que só entendem muito superficialmente. E nos curvamos diante deles. Eles são o presente de Deus para os falsários. Todo o mundo adora ver os especialistas e o sistema serem feitos de bobos.

Alexandre Rios.

Nenhum comentário: